Servos de Deus

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  Laura respirou fundo antes de abrir os olhos aquela manhã. Sem que percebesse havia soltado um sorriso de felicidade, havia tido a melhor das noites e estava tão encantada que jurava que tudo não passava de um sonho. Se bem que naquela hora, madame Perrigton já deveria estar chegando ao quarto da milady para lhe acordar com o abrir das cortinas.

  Céus! Era mesmo! Laura havia dormido fora de seu quarto! E pior com Carmilla! 

  Em um pulo com o susto, Laura arregalou os olhos encarando o ambiente onde se encontrava.

— Ei, está tudo bem? — Perguntou uma jovem acariciando um enorme gato preto enquanto lia um livro na poltrona. Era Carmilla.

  Laura ao respirar com mais calma, notou que estava em seu quarto, e que usava sua camisola habitual. Ufa, estava vestida e em seu quarto.

— Ora.... Mas... 

  Seria tudo um grande equívoco causado por um sonho?

— Não se preocupe, você já estava no seu quarto quando Madame Perrington veio. Disse a ela para não acordá-la já que hoje seu noivo chega.

— O que está fazendo no meu quarto?

— Lendo. E esperando você acordar. — Respondeu sorrindo.

  Porém Laura estava muito assustada para entender o que estava de fato acontecendo.

— Ai meu santo Cristo... — Disse ela se encolhendo na cama ao lembrar da noite longa que as duas tiveram. Carmilla sorriu maliciosamente para ela. — Isso não tem graça! Céus! Que pecado! — Disse ela abafando a voz ao afogar sua cara no travesseiro sem conseguir encarar a condessa.

— Não vejo problema algum no que fizemos. — Disse ela e Laura tirou o travesseiro para encará-la em estado de espanto.

— Ainda tive a esperança de que tudo não passasse de um sonho! Oh céus...

— Desculpe, mas os céus não irão te responder Laura. Você é metade demônio. Sabe disso não sabe?

— Todos somos filhos do criador ok? E não tenho culpa da minha mãe ter sido... Ah esquece! Céus! Céus, eu fiz mesmo aquilo? Com você!!

— Laura querida, não há a necessidade de ficar tão desesperada. — Respondeu a condessa colocando seu gato no chão e se aproximando cada vez mais da cama de Laura.

— Não se aproxime! Se alguém vier até aqui e-eu.

— Ninguém vai vir. — Respondeu lhe entregando um selinho de bom dia. — Bom, enquanto pensa no que aconteceu, sugiro se arrumar, pois seu "noivo" está pra chegar a qualquer momento, milady. — Respondeu lhe entregando uma piscadela e saindo lentamente com o gato a sua companhia naquele elegante e belíssimo vestido preto.

  O dia mal havia começado e Laura já estava completamente sem ar e estressada. "Ela tinha de ser tão sedutora assim?" pensou Laura afogando sua cara no travesseiro mais uma vez se deitando na cama. Aquele momento ela só queria poder gritar até tirar toda aquela tensão.

***

  Rachel observava Van Alucard devorar os pratos naquela tarde. Não havia muitos mantimentos no castelo, já que a condessa não saiu para fazer compras desde a morte de seus pais. Ela passou o tempo inteiro tentando explicar o máximo do que conhecia para seu tio.

  Do momento em que ficou doente até o momento em que se esbarraram.

  Ela contou do nome que seu pai havia lhe dado antes de morrer. E também contou que desconfia de que a bruxa usa do nome dos Karnstein, para se passar por condessa.

— Vlad sempre foi bastante impulsivo quando o assunto era a filha dele. Você. Só não imaginei que algum dia ele seria louco e desesperado ao ponto de recorrer até uma bruxa negra. Um demônio. E pior, ser tolo o suficiente para confiar nela! — Respondeu e Rachel abaixou a cabeça. 

— Acha que consegue me curar?

— Curar? Acha que está doente, Rachel? Olhe o que me contou. Olhe as habilidades que possui! Rachel você está morta! Tentar lhe "curar" seria o mesmo que tentar lhe "ressuscitar"! E até onde eu saiba o único que conseguiu fazer isso é o filho de Deus. E isso você com certeza não é.

— Então eu não posso voltar ao normal? M-Mas... E como vou recuperar a minha vida? Como irei me casar e ter filhos, se só consigo pensar em me esbanjar em sangue?!

— Não pode. Não vai poder se casar ou ter filhos. 

— Que? Irei passar o resto da minha vida sozinha? Sem família nem nada para preencher do vazio que meu pai me deixou? 

— Rachel Você está MORTA! Como terá filhos se seus órgão não funcionam?! Hãm? Não pode ter filhos! Assim como nenhum homem casaria-se com um demônio!

— Para de me tratar assim! Não tenho culpa do que aconteceu comigo! — Gritou deixando seus olhos completamente vermelhos. — Não me jogue fardos. Estou a te implorar por ajuda, não para que me destrate como se eu fosse um pedaço de lixo! — Respondeu mais calma e Van largou o pedaço de carne no prato para se levantar e ir até sua sobrinha fazendo aquela cara sombria novamente. 

— Olhe pra isso. — Ele apontou a cruz de prata em seu pescoço como se fosse um colar. — Está vendo isso? Fiz isso a mão, e pedi a benção de um padre. Toda vez que encontro um demônio e consigo mata-lo eu pego isso e começo a orar. Mas eu sei que eles não estão mortos. Sei que irão voltar. Demônios são seres imortais. Não podem morrer. Tudo o que fazem é destruir vidas. Assim como você destruiu. Quantas pessoas já matou? Quantas pessoas você já comeu?

— Isso é alguma brincadeira? — Perguntou franzindo o cenho. — E você? Hã, servo de Cristo. Quantos homens já matou? — Seus olhos se tornavam cada vez mais vermelhos. — É ótimo ver como o ser humano é desprezível. Falam de mim e da minha família como se eu servisse o diabo. Mas quantos homens essas pessoas matam por dia? Hã? Em briga de bares ou em guerras? Oh! Não se esqueça do meu velho pai. Ele gostava de matar os inimigos de surpresa. Então meu caro tio. Não me venha com essa de que eu sou uma serva do diabo. Por que se eu sou, tu não és diferente de mim. Pelo contrário. Tu és tão servo quanto a mim. E esse colar não vai te proteger. — Respondeu o empurrando com o ombro ao dar-lhe as costas para subir ao seu quarto.

  A garota já havia entendido o recado. Não haveria a ajuda de seu tio, era cada um por si. Se ele queria provoca-la ou matar ela, bom... O que Rachel teria a perder?

— Espera! — Gritou ele fazendo com que a menina parece no meio do caminho.

— O que? Se for me dar outro sermão eu... — Antes mesmo que ela pudesse concluir sua fala a ponta brilhante e afiada da espada de seu tio pousou a menos de um centímetro de seu olho. Van a empunhava com experiência e calma, mas o olhar... Aquele olhar de repúdio...

— Se quer que eu te ajude, então terá de ser do meu jeito Rachel. 

— C-Como assim? O que vai fazer?

— O que todo servo de Deus faz com demônios. Ou possessões. — Ele sorriu ao abaixar a espada lentamente ainda encarando Rachel. — Irei exorcizar você. 

Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora