A Vampira Karnstein

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 Havia se passado 20 anos após a invasão dos demônios pela terra.

  Os boatos começaram a surgir, depois de que alguém espalhou o rumor de ter encontrado um ser deformado e completamente asqueroso devorando um corpo humano no meio da estrada e afirmado por completo de que aquela coisa não era um ser vindo da terra. Era um ser vindo do inferno.

  Logo depois os boatos foram se intensificando, como por exemplo homens com asas brigando entre si no bosque, ou então dos sanguessugas que aproveitavam do sangue de diversas meretrizes enquanto as seduziam e as manipulavam-nas.

  Boatos mais fortes eram aqueles que diziam que o pecado se intensificou cada vez mais com a chegada deles na terra. Era como se a desgraça houvesse recaído sobre os reinos. Guerras surgiram por todos os lados, as igrejas ficaram lotadas, e as guilhotinas estava cada vez mais encharcadas de sangue.

  Alguns boatos diziam haver cultos satânicos invocado por mulheres, outros diziam que os anjos estavam tomando conta disso... Alguns insistiam ser apenas falatório, e que não havia nenhum indício de que isso fosse de fato realidade.

  Nem todos acreditavam na vinda dos demônios à terra, e isso fortaleceu ainda mais para que eles se enturmassem com o seres humanos em um piscar de olhos.

***

  Laura possuía cabelos dourados e lisos, seus olhos eram cor castanhos-mel, tão claros e doces que qualquer um se adentraria à eles com facilidade. Seu jeito era gentil e bobo, totalmente o inverso da moça que chegou a taverna logo após ela, vestindo longos trajes arroxeados com uma das sobrancelhas erguidas, destacando aquele olhar negro e encantador, a moça possuía cabelos negros e sua pele era tão pálida que Laura jurou que ela poderia facilmente se passar por morta.

— Dia difícil? — Ela perguntou e a sua voz lembrava um fundo de uma cantora com um tom grave e sexy ao se sentar ao lado de Laura que comia vagamente um petisco.

— Nem me diga. — Ela sorriu.

— As vezes passamos por problemas, é normal. Somos mulheres afinal de contas. — Disse ela chamando o garçom e pedindo uma taça de vinho.

 Ela era elegante, formosa, e seu sotaque lembrava alguém vindo de longe.

— É... Meu pai é o meu vilão dessa vez. — Disse Laura não conseguido guardar o segredo para si e a moça de cabelos negros sorriu sofisticadamente deixando-a encantada cada vez mais por sua elegância. Seria ela alguém importante? Não, não podia ser, ela só devia ser bem educada, pois nem mesmo uma lady como Laura deveria frequentar tal lugar, repleto de homens bêbados.

— Compreendo perfeitamente, minha querida. Minha mãe também é um tanto... Rígida. — Respondeu deixando Laura cada vez mais deslumbrada por seu sotaque.

— Você não é daqui, é? — Perguntou a jovem de cabelos dourados.

— Não. Estou de passagem, minha mãe precisou responder à assuntos pendentes num local um tanto longe daqui e me deixou sob os cuidados de minha irmã mais velha. — Respondeu deslizando o dedo indicador sob a borda da taça dourada de vinho tinto antes de levá-la a boca.

— Bem-vinda. — Disse a jovem observando cada movimento que a moça elegante fazia — Meu nome é Laura Hollis. — Ela ergueu a mão para cumprimentá-la, mas esqueceu que a moça de cabelos negros não era um cavalheiro, e sim uma dama e que portanto não poderia beijar sua mão em cumprimento, foi então que envergonhada ela sorriu e abaixou a mão e a moça riu daquele gesto.

— Carmilla. Meu nome é Carmilla Karnstein. — Seu nome surgiu como rosas espinhosas de sua boca, era tão suave e sensual que Laura se perguntou se ela fazia isso de propósito.

— Karnstein? — Perguntou franzindo o cenho ao mordiscar seu petisco. — Jurava que a família Karnstein havia sido... Bom você sabe... Achei que ela não existia mais...

— Ah, sou um pouco distante de minha família, porém não está errada. A última herdeira de meu nome fora Mircalla Karnstein, uma parente minha distante. Porém com sua morte e com a morte de toda sua família, eu e a minha família herdamos o legado Karnstein e por fim, me tornei a mais nova condessa, aparentemente. — Ela sorriu levemente erguendo novamente uma de suas sobrancelhas.

— É um nome bonito. — Laura sorriu e Carmilla também.

— Gentileza a sua Lady Hollis. — Respondeu concluindo metade de sua taça ao levantar do banco. — Mas infelizmente devo me retirar por agora. Espero que atenciosamente resolva o conflito com seu pai. Afinal, é sua família correto? — Perguntou sorrindo ao segurar a mão de Laura. — Foi um prazer milady. — respondeu beijando o peito de sua mão enquanto encarava Laura embaraçada com sua atitude.

  Carmilla não havia se importado com os olhares de todos à ela enquanto saía após ter agido como um cavalheiro gentil deixando Laura avermelhada.

  Ela sabia que a moça não havia feito por mal, e sim como resposta a sua falha tentativa de cumprimentar uma dama, e no caso uma condessa, porém ainda sim, era estranho.

***

  A carruagem negra de Carmilla havia parado de andar a espera de mais uma pessoa.

  Ao olhar pela janela, via-se uma pequena multidão reunida ao redor de uma berlinda, que era um objeto que travava os punhos e cabeça do indivíduo para que não se movesse durante a tortura em frente ao público.

  Havia um homem na berlinda, e ele chorava horrores, estava complemente nu e teve de se expor daquela forma, não levou muito tempo para que o decepassem o membro peniano, deixando-o completamente castrado.

  A multidão vibrava em emoção, mas após o ato torturante decidiram todos ir embora abandonando o rapaz aos berros, como se tivessem feito algo completamente normal do cotidiano.

— Isso é tão repugnante. — Disse Carmilla de dentro da carruagem irritada e inconformada. — Deveríamos ter o direito de amar quem ansiamos sem a necessidade árdua de corrermos o risco de...

— Ele teve sorte de não ter sido sacrificado. — Respondeu uma voz entrando dentro da carruagem. Outra voz sensual, deveria realmente ser um dom dos vampiros serem tão sedutores. — Ele é filho de um lorde daqui, foi salvo por isso, mas vai carregar a vergonha de ter fornicado com outro homem, sem poder reproduzir com alguma mulher, nunca mais. — Prosseguiu a mulher revelando o rosto afrodescendente, e estonteante. Seus olhos eram negros, mas aquela mulher era tentadoramente bonita e perigosa.

— Chama isso de sorte? Eu iria preferir a morte. A Estíria possui uma forma estranha de resolver as coisas...

— Oh Carmilla, minha querida. Quem tem uma maneira estranha de resolver as coisas é a nossa mãe. — Sorriu a mulher dando sinal para que o cocheiro prosseguisse com a viagem.

— Sabe para onde ela foi?

— Tenho minhas desconfianças de que ela está na Romênia.

— O que ela está planejando, Matska?

— Vinda de Elizabeth Bathory Karnstein? Algo muito, muito ruim, minha irmã.

 Carmilla sentiu toda sua coluna arrepiar-se completamente. 

 Algo não estava certo...

Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora