Desejada

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  Laura pulou de sua cama respirando ofegantemente. Havia tido aquele sonho de novo... Era como se seus sonhos com Carmilla fossem um alerta, um aviso.. Talvez vindo de Deus? Sim ela sabia que ser a filha de um demônio não reforçava muito em ser religiosa, mas Laura gostava de tentar falar com o criador.

  "Você é minha, você deve ser minha... eu e você nos tornaremos um só, para sempre..." Quem era aquela mulher?

 Naquele momento ela estava confusa e paranoica. Como a condessa saberia sobre ela? Era um livro em branco... Ninguém deveria entender que aquilo era um grimório escondido. Um livro de feitiços que foi dado a ela pela sua mãe ao nascer.

  Foi então que ela usou... Usou um dos seus feitiços para saber quem era Carmilla Karnstein. Recitou a magia branca com cautela usando um fio de cabelo dela e acabou descobrindo que Carmilla não estava viva...

  A magia consistia em descobrir se a pessoa é ou não humana, só bastava um fio de cabelo, e ela conseguiu durante aquela conversa.

Ainda segurando o fio negro dos cabelos sedosos e cheirosos da condessa, Laura estava pasma e sem compreender a situação. Carmilla estava morta. Como?

Ah... Mas ela iria descobrir e seria imediatamente.

Se levantou no meio da noite e foi sorrateiramente, porém apressadamente em direção ao quarto onde a condessa estava hospedada.

Deu três toques e não demorou muito para que ela abrisse a porta e entrasse feito um furacão fazendo Carmilla se espantar.

— O que é você? — perguntou sem ter medo algum, apenas... Receio.

— Do que está falando?

— É uma pessoa noturna, só anda pela manhã utilizando guarda-sol e óculos pretos. Tem o hábito de esconder sua história, e ficou bastante incomodada quando o filho do açougueiro veio a falecer.

— Laura, está ficando paranoica, sugiro que fale mais baixo.

— Está morta Carmilla! Eu sei! Seu corpo reage, mas seu coração não pulsa em seu peito! Teu sangue não coagula de forma correta e eu não sei por que, mas você não respira! Está morta! Mas viva de alguma forma que não sei explicar!

— Lau...

— Você descobriu sobre mim certo? Sabe que sou filha de uma renegada do inferno! — Ela cruzou os braços. — Sua vez condessa Karnstein. Ou me conta o que é de verdade ou eu grito por essa casa abaixo quem foi a assassina do pobre rapaz.

— Não matei aquele menino! — Respondeu rasgando-lhe a garganta com os sussurros e se preparando para lhe detalhar sua história.

  Era justo. Laura precisava saber mais sobre Carmilla se quisesse confiar nela. Foi então que ela se sentou na cama e começou a contar a verdade em si.

— Meu nome verdadeiro não é Carmilla... — Começou despertando cada vez mais a atenção de Laura. — Nasci como Mircalla Karnstein. Vim de uma família comum no norte da Estíria... Tinha meus 18 anos quando fui assassinada em meu próprio baile de aniversário... — Respondeu sem olhar para Laura que escutava atentamente suas palavras. — Era pra ser assim, mas... Mas quando estava morrendo lembro de uma mulher ter acariciado meus cabelos e dito "Acalme-se criança... De mim você renascerá, tão poderosa quanto a faca que lhe tirou a vida". Esta era Elizabeth Bathory Karnstein. Minha madrasta. Ela me levou para longe da Estíria há 20 anos atrás. Todos acharam que a família Karnstein havia sido destruída, afinal não se ouvia falar de mais ninguém... Quando acordei não conseguia mais respirar. Faltava-me ar nos pulmões, e minha temperatura havia esfriado tanto que quem tocasse imaginaria que estava morta. Fiquei pálida. Perdi minha cor, e meu corpo não correspondia como antes. Havia voltado a vida.

— Sua madrasta fez isso?

— É. Mas depois que revivi, Elizabeth me adotou, não só a mim mas minha irmã Matska e meu irmão Will. Fomos criados como seres imortais, mas não se engane, ela não fez isso por amor. Fez isso para que fôssemos o fantoche dela. Elizabeth possui uma estranha obsessão pela beleza eterna, sempre sacrificando seres humanos para que permanecesse bela... Desta vez não foi diferente, ela viajou para algum lugar do mundo para fazer o mesmo como sempre, só que o estranho é que ela não levou a gente para fazer o que ela mais adora. Desta vez ela foi sozinha, e isso me preocupa pois não retornou até agora... Will foi o primeiro a cair. Ele a desafiou diversas vezes e ela o deserdou trancando-o dentro de um caixão submerso em sangue... Matska e eu juramos uma a outra que se fôssemos mesmo confrontar nossa mãe que iriamos fazer com bastante cautela.

— Sua mãe também é uma bruxa?

— Bruxa negra. E eu sou o que os humanos chamam de... Morto-viva... Demônio... Vampiro...

— Não pra mim. — Laura franziu a testa. — A condessa é diferente... Mas não é um demônio...

— Laura... Eu bebo sangue humano para sobreviver... E aparentemente minha irmã está tentando chamar minha atenção, pois desconfio que quem fez aquilo com o filho do açougueiro foi ela!

— Ela mataria um homem apenas para ter de chamar sua atenção?

— Matska não me quer perto de ti, ela acredita que és um mal amim... E que estou muito apegada.

— Como assim?

— Oh Laura. Sério mesmo? Até quando vai se enganar desta forma e fingir que não entende do que falo? — Laura começou a ficar sem ar e Carmilla se aproximou dela. — Eu sei o que você sente quando fala comigo. Sei que sussurra meu nome enquanto dorme. — A cada passo que ela dava mais perto de Laura era um passo atrás que a lady Hollis proporcionava devido ao nervosismo.

— Não sei do que está falando...

— Seu sangue esquenta Laura... Seu corpo responde...

— Você está errada...

— É? Então por que as batidas do seu coração estão tão aceleradas? — Perguntou Carmilla sorrindo vitoriosa.

— E-Eu... — Não havia por onde se esconder agora... Não quando Carmilla pressionou Laura contra a parede interrompendo suas palavras nervosas com um selvagem beijo quente. Um beijo longo e demorado, mas guiado por Carmilla que levou Laura até a sua cama ainda mergulhada em seus beijos.

  Ela se deitou e Carmilla começou a subir na cama escalando o corpo de Laura com um sorriso malicioso.

— Carm eu...

— Shhhh... — interrompia ainda se aproximando vagamente. — Você é minha, você deve ser minha... eu e você nos tornaremos um só, para todo o sempre...

  Sussurrou ao finalmente se aproximar o suficiente de Laura para sentir sua respiração transbordar em seu rosto e Carmilla encarou o rosto da lady Holllis a espera de uma resposta convicta.

— Então seduza-me, beije-me, e me faça ser sua. — sussurrou Laura entregando-se completamente a sensualidade e Carmilla que levou seu rosto em direção ao pescoço de Laura. Mas desta vez ela não a mordeu e sim lhe deu um gracioso beijo tentador por todo o seu corpo.


Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora