Special Day

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  Rachel respirou fundo o ar daquela manhã antes de abrir a porta de seu quarto. Desceu as escadas as pressas com um enorme sorriso esgueirando pelo seu rosto.

  Viu seus pais sentados na mesa de jantar e Rachel lançou a Vlad outro sorriso.

— Olha só! Que aniversariante sorridente! — Disse o conde Alucard se levantando e limpando os lábios barbudos com um papel toalha pronto para ir até sua filha lhe entregar um enorme abraço.

— Você está aqui! Lembrou do meu aniversário! — Disse Rachel correndo para abraçá-lo.

— É claro que lembrei. Vamos, peça o seu presente! Um vestido, jóias, o que quer desta vez? — Perguntou entusiasmado e sua mãe sorriu limpando a boca para juntar-se ao abraço familiar.

— Quero que me leve para conhecer o reino. — Pediu Rachel crente que pelo menos uma vez, ele iria ceder aos seus desejos, porém a feição de Vlad mudou completamente, tanto que Lilian, sua mãe também parecia meio relutante.

— De novo isso Rachel... — Disse o conde.

— Rachel, minha filha... — Iniciou Lilian. — Você sabe, que eu e o seu pai não gostamos de você lá fora.

— É só por um dia... É o meu aniversário! Quero conhecer o mundo lá fora! Até quando vocês pretendem me prender aqui dentro? Eu já tenho 17 anos!

— Entendemos sua preocupação e curiosidade, mas não há nada lá fora de bom, minha filha. Só doenças e um cheiro horrível pelas calçadas! — Disse Lilian acariciando os cabelos de sua filha que se afastou deles um tanto espantada.

— Como posso ser feliz se tudo o que faço da minha vida é comer e dormir? Isso é obsessão! É a porcaria do meu aniversário! — gritou espantada e voltando para correr de volta ao seus aposentos.

— Rachel! — Chamou seu pai, mas em vão. Vlad até pensou em ir atrás da filha, mas foi barrada por Lilian.

— Falar com ela agora, não adiantará. Ela está chateada.

— Acha que fomos duros com ela? Acha que deveríamos levá-la à algum lugar? — Perguntou Vlad abraçando a esposa.

— Não sei meu amor, eu não sei.

***

  Três toques foram ouvidos da porta de Rachel, mas ela estava tão cansada de tudo aquilo que não respondeu.

— Senhorita? — Disse a voz da Johanne abafada atrás da porta. — Estou entrando... — Ela abriu a porta com uma bandeja na mão. Na bandeja, havia uma taça com água, e algumas frutas. — Acredito que a senhorita deva estar querendo algo para comer, trouxe algumas bananas...

— Obrigada Johanne, não quero nada. — Respondeu Rachel respirando fundo.

— A senhorita está bem?

— Você realmente não se acostuma em me chamar de Rachel não é mesmo? — Perguntou a condessa se sentando na cama e sorrindo. — Pode me contar o que está acontecendo lá fora hoje? — Pediu indo em direção a uma das bananas.

— Como assim?

— Lá fora, tem algo de interessante para me dizer? — Perguntou e Johanne parecia um pouco hesitante.

— Estão surtindo rumores por aí. — Aquilo pareceu causar em Rachel uma certa curiosidade.

— Que rumores?

— Ah... Não sei se deveria dizer algo tão impróprio milady... — Respondeu e Rachel lhe lançou um olhar fixo de repreensão fazendo com que Johanne respirasse fundo e contasse o que havia visto. — Ah rumores de que demônios estão se espalhando pelas terras romenas...

  Rachel franziu o cenho da testa voltando para se sentar na beirada da cama.

— Mamãe já me contou histórias sobre demônios antes, eles vivem no inferno Johanne, não existem nada disso aqui. — Ela mordeu uma banana.

— Dizem que um deles, está causando essa guerra entre os homens. Não sei, há boatos de que foram avistados um homem de asas gigantes matando um desses demônios. Como se fosse um anjo.

— Piadas para crianças deixar de serem malinas. — Sorriu Rachel e Johanne acabou sorrindo também ao abaixar a cabeça.

— Haverá uma festa nas ruas hoje a noite. — Prosseguiu mudando de assunto.

— Uma festa?

— Sim, os camponeses irão se reunir em comemoração, haverá fogueiras, danças e bebidas. Prometo que se eu conseguir sair mais cedo do castelo irei lhe contar todos os detalhes pela manhã, senhorita. — Disse Johanne entusiasmada despertando em Rachel o maior dos desejos de conhecer tal festa.

  Johanne não entendia como alguém tão nobre quanto Rachel iria querer fazer em um lugar repleto de plebeus, mas admirava aquele brilho no olhar que a condessa soltava toda vez que sua humilde serva lhe contava todos os detalhes das festas plebeias.

  Agora, o que estava assustando Johanne não era o fato da condessa ter interesse nas festas dos trabalhadores, e sim, a expressão de que iria aprontar que ela estava fazendo naquele exato momento.

— Por que me contar se eu posso ver? — Rachel sorriu e Johanne arregalou os olhos.

— Não está pensando em fugir, não é Milady? — Perguntou Johanne e Rachel abriu um enorme sorriso.

— Ninguém precisa saber. E você conhece o reino, sabe como é a Valáquia, me leve na festa, irei disfarçada, com outras roupas, ninguém notará, até por que ninguém vê a minha cara mesmo!

— Senhorita, seu pai me mataria se soubesse.

— Eu arco com a responsabilidade, não se preocupe eu juro à ti que ele não irá fazer-te nada! — Ela estava quase implorando para Johanne que não sabia como exatamente deveria reagir. — Hoje a noite. — Sorriu ao pedir.




Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora