A noite parecia se tornar cada vez mais interminável.
Rachel Alucard pressionava as suas mãos em cima da mesa da biblioteca enquanto esbanjava lágrimas em cima dela.
Suas mãos cobertas de sangue, e seus lábios...
Céus...
Rachel estava manchada com o sangue de um homem que estava jogado no chão da biblioteca do castelo. Era óbvio. Ela havia matado de novo... aquilo era impossível se controlar.
Pegou seu diário de couro para anotar o novo descobrimento sobre suas habilidades que era impossível se controlar... Rachel não conseguia parar de beber sangue humano.
Ela parou de escrever e encarou a estante de livro, deparou-se com um que chamava sua atenção desde o primeiro momento em que começou a ler os livros da biblioteca. Um livro sobre a árvore genealógica real. Da corte Romena.
A condessa fechou seu diário para pegar o livro antigo e empoeirado na estante.
Limpou suas mãos e lábios ensanguentados antes de abri-lo e começou a ler.
Era realmente um livro que retratava a família real até a atualidade. Mas ao contrário do que ela pensava, não era apenas a corte romena que estava ali. Eram diversas famílias e clãs reais de outros reinos. Rachel passou o dedo pelas páginas vendo cada nome, de cada família real. Ela viu o sobrenome Lazar e se lembrou do que Johanne certa vez lhe contou. Ela havia trabalhado para a família deste homem certa vez que aparentemente faliu, mas que teve 6 filhos, e um deles era Anelise Lazar, esposa do filho de Roger Karnstein.
— Karnstein... — Rachel viu a árvore genealógica dos Karnstein.
Lembrou-se de que certa vez sua mãe, Lilian havia alertado quando Rachel ainda era uma menina, que os Karnstein haviam sido completamente extintos. Uma tragédia matou toda a família Karnstein e levando com eles todos os herdeiros.
— Mircalla Karnstein. — Leu em voz alta o nome da filha mais nova e que seria a atual condessa de sua terra se não tivesse morrido na tragédia.
Ao observar com mais detalhe a árvore genealógica percebeu um outro nome que lhe chamou a atenção. Um irmão distante De Vlad Alucard. Seu nome era Van Alucard, e ele costumava visitar direto o castelo antes da tragédia que aconteceu com toda sua família.
De acordo com suas histórias, que a mãe de Rachel achava ser delirantes, Van teve sua esposa e filhos assassinados por demônios. Na época Rachel era muito nova, mas agora... Agora ele poderia ser sua única chance de obter ajuda. Já que Rachel havia se tornado um monstro. Ela se lembrou mais uma vez de Johanne, ela havia comentado dos rumores de que "os demônios haviam chegado na Romênia" ou algo assim, e realmente, esses rumores não estão por aí de agora, já vinha sendo espalhados pelo reino a anos e anos... Talvez seu tio pudesse ajuda-la. Já que soube através de seu pai que Van agora não era mais um simples Conde. Era também um caçador que vive atualmente no norte da Romênia. Porém, Van Alucard não era lá o nome da qual ele estava sendo conhecido agora...
Agora ele era conhecido como...
— Van Helsing.
***
Depois de retornar ao castelo Laura havia decidido ficar e passar um tempo a mais com seu pai. Aparentemente e claramente estava evitando Carmilla. Não lhe dirigia mais a palavra e sempre que a condessa chamava a moça para dar uma volta pelos jardins Laura inventava desculpas de como precisava ajudar seu pai ou então as governantas do castelo.
"Carm". Lembrou a condessa antes de dar um longo sorriso desengonçado. Era claro que a vampira de Karnstein estava cada vez mais envolvida quando o assunto era a desajeitada Lady Laura Hollis, mas ela havia se lembrado também do que sua irmã Matska havia lhe alertado. A carta.
Foi então que Carmilla aproveitou o momento em que Laura estava lhe evitando para entrar o quarto da moça e procurar por pistas.
Os livros. Laura amava seus livros, tanto que havia uma prateleira deles. Eram diversos e nenhum deles eram os típicos romances, geralmente eram livros filosóficos sobre escritores renomados.
— Incrível... — Carmilla já havia reparado naquela estante antes, seu pai deveria ter investido horrores para conseguir comprar aqueles livros já que educação no século XV era coisa de nobres. E por mais que Laura vivesse em um pequeno castelo, ela não era nobre. Apenas filha do Lorde Hollis, um dos lordes mais plebes da região.
Seu castelo era simples e possuía pouquíssimos empregados e duas governantas que criaram Laura na ausência de sua mãe.
Carmilla deslizou os dedos sob os livros até reparar que um deles não era comum... era negro e coberto de ornamentos de metais modelados. Ela o retirou da estante e o abriu. Não havia nada escrito...
Carmilla sorriu.
— Magia branca. — Respondeu reconhecendo o relevo da letras quando passava-se o dedo sob as páginas.
— O que faz aqui? — Perguntou aquela dócil e adorável voz de Laura, porém agora um pouco assustada e irritada.
— Perdão se invadi seu espaço. — Respondeu guardando o livro no mesmo local. — Estava um tanto entediada e decidi ler um livro. Lembrei de que havia uma estante em seu quarto, e achei que não haveria problema ler algum de seus livros emprestado já que anda me evitando. — Embora Laura tivesse ficado completamente branca ao ver a condessa mexendo naquele livro, notou no disfarce perfeito de sua amiga e na mesma hora corou.
— Não estou te evitando. Jamais, é só que...
— Estava ocupada. É eu sei. — Respondeu sorrindo.
— Meu noivo chega amanhã para o jantar... estava apenas discutindo sobre o assunto com meu pai. A carta dizia que eles estavam por perto.
— Compreendo. Seu noivo. — O olhar de Carmilla era de total desgosto. — Acho uma tolice casar sem amar verdadeiramente o homem da qual irá se deitar. — Ela se se sentou na cama de Laura e a mesma foi na direção da condessa se sentando ao seu lado. — Diga-me Laura. Você quer que eu vá embora? — Perguntou e Laura suou frio.
Ela queria e não queria ao mesmo tempo. Gostava da companhia de Carmilla achava ela um mistério e gostava de tentar desvendá-la, mas sua presença só deixava a moça cada vez mais confusa e perturbada.
— Não. — Disse a ela.
— Então o que está acontecendo? Está agido de forma inesperada sempre que estamos juntas. Por acaso estou lhe deixando constrangida de certa forma? Fiz algo para desmerecê-la? — Carmilla segurou suas mãos e Laura acabou corando de vergonha.
— N-Não... É só que... E-Eu não sei se você está confortável longe de sua mansão, e... Meu noivo chega amanhã, não há nada que eu possa fazer para mudar meu destino, e de certa forma meu pai tem lá suas razões... Já possuo 18 anos Carmilla. Se eu não me casar agora, quando irei me casar? E sem contar que ele é um príncipe. Qual dama não adoraria se casar com um príncipe?
— Você. — Ela foi direta e ergueu o queixou de Laura para que pudesse olhar em seus olhos. — Posso ver em seus olhos que não é o tipo de dama que se casaria por interesse financeiro. Não a quero como um fantoche real, Laura. Quero a milady por perto, sendo quem realmente é. Casar com este homem, é o mesmo de prender-se ao resto de sua vida em uma cama com um homem que não amas.
— Talvez o amor não realmente exista Carm... Talvez este seja meu destino. — Respondeu com lágrimas nos olhos.
— Não acredito nisso. Penso de forma diferente. — Ela deslizou os dedos pelo canto de seus olhos e se aproximou de Laura sussurrando em seus ouvidos. — Se pedir, irei com toda certeza impedir este noivado de prosseguir. Basta uma palavra sua, e irei desmanchar este casamento. — Ela se afastou se levantando e quando chegou na porta do quarto de Laura que ainda estava chocada e arrepiada, Carmilla falou baixinho. — Se eu fosse você, esconderia melhor este livro. É perigoso deixá-lo a mostra. — Agora sim a lady Hollis estava completamente espantada. Carmilla realmente sabia sobre os renegados do inferno?
Não só sabia como também havia conseguido chegar perto o suficiente para sentir o cheiro de seu sangue. Agora Carmilla tinha total certeza.
Laura Hollis era uma Bruxa iluminada.
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Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1
VampireRachel Alucard, é a filha do conde Vlad Alucard, dono de um império, mas que está vivendo um conflito de guerras no ano de 1462. Com o decorrer do tempo, Rachel acaba se contagiando com a terrível Peste cinzenta (tuberculose) obrigando o conde a rec...