Capítulo 18

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Acordei em um susto.

O mesmo sonho da noite anterior. O que isso significava?

Eu preciso dar o fora daqui.

Quase que no mesmo instante me lembrei de Flora, e que se fosse embora, ela sofreria graves consequências por minha culpa.

O feitiço de Nora está quase pronto, como ela me disse. Se eu usá-lo e depois for embora, posso apenas esquecer de tudo isso e fingir que essas pessoas...

— Nem se eu tivesse o coração frio de Bromo faria algo assim... – sussurrei, completando os pensamentos.

Precisava esfriar a cabeça. Sonhos, Nora, Flora, minha irmã... Tudo isso era demais para mim.

Tentei me mover, e para a minha surpresa, estava presa. O braço de Bromo ainda estava na mesma posição, mas, agora, sua perna também prendia uma das minhas.

O empurrei de leve, mas ele parecia duas vezes mais pesado.

— Shhh... Pare de falar e vamos dormir...

Mas eu não estou... Ele me ouviu!

— Me deixa sair! Estou sem sono.

— Hum... – disse. Ele se moveu, e um peso sobre meu corpo foi adicionado. Bromo estava em cima de mim – Posso pensar em algo que lhe canse.

Ele acariciou meu rosto, e no mesmo momento senti a ânsia que crescer em mim. Sua fala me dava nojo, seu toque me dava enjôo...

— Esquece, estou com sono.

Ele desceu.

— Então, durma! – Sorriu satisfeito.

Me virei na direção da janela e tentei dormir, mas não consegui.

§

O Sol já nascia lá fora e sequer consegui pregar os olhos. Em algum momento Bromo levantou e checou se eu dormia, então, fingi. Afinal de contas, sei ser uma boa atriz.

A culpa pelo acontecido com Flora me corroía por dentro de tal forma, que se me jogasse ácido sulfúrico eu não estaria tão destruída.

Rosalho, Rosalho, é hora de pensar com a mente e a frieza de Bromo... Mesmo que eu não goste disso...

Engoli em seco.

Decidida, me pus de pé e rapidamente me arrumei.

§

Devido às circunstâncias que cheguei ao quarto, não faço ideia de como fui capaz de encontrar a enfermaria.

Bati suavemente duas vezes contra a porta, ouvindo um "Entre!" meio abafado do outro lado.

— Bom dia. – cumprimentei a mesma mulher de ontem – Como ela está? Posso vê-la?

— Ela encontra-se bem, Luna. Sim, a senhora pode vê-la. – ela juntou a prancheta ao peito, concordou com a cabeça e saiu com a mesma abaixada – Com a sua licença...

Caminhei na direção do leito de Flora, a vendo acordada e olhando pela janela.

— Flora! – a chamei, eufórica.

No mesmo instante a culpa voltou.

Ela está aqui e assim, por minha causa.

Sacudi a cabeça de um lado ao outro.

— Rosa! – ela me chamou – O que faz aqui? Não pensei que fosse vir tão cedo.

Me aproximei da cama e sentei na cadeira do dia anterior.

Coração de Gelo - Meu DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora