Disparei na direção do quarto, entrando com o coração batendo forte contra as costelas. Fechei a porta e me apoiei contra ela, em uma vã tentativa de fazer peso contra qualquer um que tentasse entrar.
O desespero se abateu sobre mim, passei a ofegar, recebendo apenas um ar pesado.
O que vou fazer?! O que vou fazer?! Irão me matar! É isso, vou morrer!
Olhei em volta, procurando outra rota de fuga, mas com a mente perturbada, nenhuma mostrou-se viável.
Rosalho, acalme-se, garota! Calma... De nada adianta se eu perder a cabeça.
Vozes abafadas chegaram até mim, uma delas de Rafi e outra, irreconhecível.
— Essa não! Preciso ajudar Rafi...
Corri novamente os olhos pelo quarto, e encontrei o guarda-roupas de sua filha. Corri até ele, receosa por tirar o peso de meu corpo da porta.
Enquanto andava até ele, tratei de tirar minhas roupas.
Abri as portas com afobação, peguei a primeira peça de roupas que surgiu em meu campo de visão e a vesti: um vestido vermelho, com o tecido fino e solto.
Vou morrer de frio com isso...
Me troquei em uma velocidade assustadora e voltei para a sala.
Meu coração ainda batia fortemente contra as costelas, como duas grandes caixas de som no volume máximo. Levei uma mão ao peito e inspirei profundamente, à procura de calma.
Abri a porta e saí.
Para minha surpresa, Rafi e um homem branco conversavam de forma amistosa, até mesmo se via alguns sorrisos entre as palavras.
Logo a minha presença foi percebida pelo homem. Ele me examinou de cima a baixo, e tratando-se de uma desconhecido, falou:
— Quem é esta?
Rafi olhou para trás, na minha direção. Ao me ver em roupas comuns daqui, sorriu aliviada.
Talvez eu não esteja tão... diferente das pessoas locais.
— Esta é minha filha, Rosalho. – disse – Ela está morando em outro vilarejo, pouco conhecido. Veio me visitar.
— Por que não me disse que teve outra filha? – perguntou, com o olhar afiado em minha direção.
Rafi assumiu uma postura altiva, cruzou os braços e o encarou de forma igualitária.
— Não sabia que lhe devia satisfações da minha vida. – sua sobrancelha arqueou-se.
De afiado, seu olhar foi para amistoso e então galanteador. O desconhecido sorriu e veio na minha direção.
— É com imenso prazer que lhe conheço, Rosalho. – disse, sua voz em tom baixo – Me chamo Kaito, faço parte da alcatéia do Norte.
Tive que me controlar para não expressar tamanha dúvida.
Alcatéia? O que isso quer dizer? Talvez seja por isso que Rafi se referiu às pessoas como animais... Talvez sejam um.
— O prazer é meu. – cumprimentei, com um sorriso sem graça na face.
Rafi pigarreou, atraindo novamente a atenção para si. Sua postura continuava a mesma, quando tornou a falar:
— Pode voltar para o bando, Kaito, não há nada aqui para você.
— Sempre tão gentil... – ironizou. Ele tornou a olhar para mim e sorriu – Entretanto tenho informações para lhe dar.
— Diga de uma vez!
— As alcatéias do Norte e Sul formaram uma aliança. Temos até a próxima Lua Cheia para fazer a identificação das raças, e contar ambos os lobos como uma nova alcatéia.
Outra vez tive que me privar da dúvida.
Afinal, o que é tudo isso sobre o que falam? Isso me cheira à possível confusão.
Kaito tomou minha mão entre as suas, levou-a até os lábios e depositou um beijo quente e rápido nela. Um gesto um tanto quanto antiquado.
— Espero vê-la novamente, Rosalho. – disse, com um sorriso radiante e talvez verdadeiro – Será novamente, um prazer.
Ele se foi, finalmente me permitindo verbalizar as dúvidas.
— O que acabou de acontecer?
Ela revirou os olhos.
— Ele adora fazer estes tipos de graças, são machos como ele, que lhe mandei ficar longe. – disse, um tanto quanto sem humor – Fora que não sei o quão confiável ele é.
— Tudo bem, mas... O que exatamente ele acabou de dizer? Sinto que isso não será bom...
— Quando as alcatéias se juntarem, e for feita a identificação... você será descoberta, já que não é daqui e portanto, não possui raça.
Um calafrio percorreu meu corpo, ao mesmo tempo em que o pavor surgia. Se fosse descoberta aqui, com certeza não poderei voltar ao meu mundo e minha irmã ficará só... E se for descoberta, com certeza morrerei.
Talvez Rafi tenha percebido minha reação – tanto interna quanto externa – e logo, tratou de segurar minhas mãos e tentar me acalmar.
— Por favor, fique calma... – pediu – Nós iremos pensar em algo, não deixarei que seja descoberta e nem que algo ruim lhe aconteça.
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📖 Recomendação para revisão: 📖
Beta/Revisor: BeatrixHeloise
DarTaLivros ,com os agradecimentos.
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Coração de Gelo - Meu Destino
FantasyCapa feita por: @strong_winds ❄️O QUE VOCÊ FARIA SE FOSSE PARA OUTRO MUNDO? ❄️ "A vida é cheia de artimanhas em que aqueles que são bons sofrem pelas escolhas dos maus", esse era o pensamento de Rosalho até certa noite, quando, distraída, viu um ca...