Depois do que aconteceu, perdi completamente o ânimo para ficar no jardim e acabei por regressar para o quarto com inúmeras dúvidas por serem esclarecidas. Me deitei na cama e comecei a refletir sobre os vários acontecimentos que me trouxeram até aqui. Originalmente, nasci neste mundo, todavia sou órfã nos dois mundos, pois nem a minha mãe verdadeira me quis. Ela encarregou-se de achar logo uma maneira de me mandar embora.
No entanto, em meio a tudo isso, o que mais me machuca, é saber que tudo poderia ter sido diferente se meu pai estivesse vivo. Ele certamente descobriria que sua amada era verdadeiramente era e nos tiraria desse mundo cheio de gente sadomasoquista. Sem que me apercebesse lágrimas correm pelo meu rosto, por feridas causadas pela minha família que eu mesma tentava negar, mas que agora é impossível deixar de lado. Fui criada por dona Sônia, ela me acolheu e nunca escondeu de mim que era adotada, contudo, mesmo assim ela me tratava com tanto com carinho como se fosse sua própria filha, nascida de si, apesar de já ter quatro filhos, três rapazes, Pedro, Thiago e Enrico e apenas uma menina, a caçulinha Laila. A mesma filha que ela tivera em sua velhice com um cafajeste que a largou assim que ela engravidou.
Na época em que Laila nasceu, eu tinha 11 anos, e enquanto minha mãe pegava mais e mais plantões dado que naquela altura ela era técnica de enfermagem, cabia a mim a responsabilidade de ficar em casa cuidando da minha irmã, diferente dos meus irmãos mais velhos que só pensavam em farras e mulheres.
Sônia morreu de câncer no estômago, e foi triste e doloroso ver a mulher que me criou definhar em uma cama de hospital, sem que eu pudesse fazer nada para ajudá-la ou amenizar sua dor. Até hoje, ainda me lembro das suas últimas palavras.
— Filha, promete que vai cuidar da sua irmã por mim? – Pediu em um fio de voz.
— Prometo. – Prometi com os olhos cheios de lágrimas.
Logo após isso ela faleceu.
Em razão disso, tive de largar a faculdade e com apenas 18 anos comecei a cuidar da minha irmã que na altura, tinha apenas 6 anos de idade. Deixei de viver para mim e passei a viver para pagar as dívidas do hospital e da hipoteca da casa, como também para cuidar da minha querida irmã.
Um suspiro deixou os meus lábios. De nada adiantava ficar a me lamentar sobre o passado, e então me lembrei das palavras de Clara.
Sinto muito, mas minha irmã ainda é muito importante para mim.
Se a conseguisse trazer para esse mundo, talvez consiga viver aqui, mas sem ela... Sem ela aqui isso é impossível.
Parei de lamentar sobre a minha vida quando ouvi a porta sendo aberta, enxuguei as lágrimas rapidamente e olhei para a porta que foi aberta por Bromo, que vinha em minha direção.
— Amanhã vamos acordar bem cedo para a reunião. – Informou e olhou para o meu rosto me analisando. – Por que está chorando? – Perguntou me observando.
— Não é nada, só foi um cisco que caiu no meu olho. – Dei a desculpa mais esfarrapada do mundo.
— Tenho certeza que você consegui mentir melhor que isso. – Apontou revirando os olhos.
— Só estava lembrando algo que Clara me contou. – Confessei passando a mão no cabelo.
— Ela já te contou?
Suspirou.
— Sim. – Concordei. – Pelo menos agora sei que tenho uma tia. – Acrescentei notando algo positivo em toda essa história.
— Sinto muito por tudo o que aconteceu. – Disse Bromo passando a mão na minha cabeça.
— Você sabe algo a mais sobre isso? – Me endireitei na cama.
— Não tenho muitas informações sobre isso, na época tinha apenas dez anos, e ainda estava a ser treinado para assumir o reino. – respondeu não dando muitos detalhes.
— E quem estava responsável pelo reino na época? – Questionei deitando a cabeça em seu colo.
— Quando o meu pai morreu, a minha mãe colocou um dos meus tios a governar o reino enquanto eu não tivesse idade suficiente para tal. Só aos meus quinze anos é que fui capaz de assumir o reino e nunca mais vi esse homem, mas se quiser posso mandar procurá-lo para que esclareça as suas dúvidas. – Explicou me fazendo cafuné.
— Sério, agradeceria muito se você fizesse isso por mim. – Afirmei fechando os olhos em razão do carinho que ele fazia em minha cabeça. – E como você sabe tanto sobre mim? – Questionei abrindo os olhos e encarando-o a fim de ver a sua reação.
— Isso é um segredo. – Declarou me dando um selinho.
— Saia daqui! Você está muito romântico esses dias. – Apontei empurrando-o e saindo do seu colo.
Ele revirou os olhos e começou a rir.
Passamos a noite conversando trivialidades e fomos dormir cedo, pois amanhã será um longo dia.
Até o próximo capítulo, espero que gostem. 👍
Tchau, beijos. 👍👍👌👌👋👋👋😘😘
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Coração de Gelo - Meu Destino
FantasyCapa feita por: @strong_winds ❄️O QUE VOCÊ FARIA SE FOSSE PARA OUTRO MUNDO? ❄️ "A vida é cheia de artimanhas em que aqueles que são bons sofrem pelas escolhas dos maus", esse era o pensamento de Rosalho até certa noite, quando, distraída, viu um ca...