Capítulo 17

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Senti a sua presença penetra o profundo da minha alma, transpassando qual quer resquício de raciocínio que me restava. Mesmo assim, me mantive forte, blindada a qual quer armadilha que o destino traçasse.

Ainda encarando os seus belos olhos, mantive uma postura imponente. Para dissipar qual quer reflexo, chamei pelo seu nome, mesmo ele parecendo estar em um delírio permanente, ainda encarando os meus olhos.

— Bromo. Brom...

— O quê? – Perguntou me encarando com seus olhos completamente vermelho, me trazendo um lampejo de terror.

Por algum motivo, o brilho vermelho nos olhos de Bromo me prendia no presente. Queria voar para longe, ficar inconsciente ou até morrer, mas seus malditos olhos não deixavam.

— Saia!!! Não sei o que sou capaz de fazer, se olhar mais uma vez para sua cara cínica.

Fiquei em silêncio. Nenhum ruído ousou transpassar a minha boca. Conquanto, ainda puder ver ele se controlando para não cometer nenhuma loucura.

— Pensando bem, vamos. – Me ofereceu sua mão, a qual olhei sem ter a intenção de pegar. – Pegue-a. – Ordenou.

Ainda com os olhos baixo, coloquei minha mão sobre a sua. Ele a fechou e entrelaçou nossos dedos com força.

Seguimos para fora da sala do trono e em momento algum ousei erguer os olhos. Não queria encarar as outras pessoas, era humilhação demais estar nesse estado com ele, depois de tudo que aconteceu.

Minha garganta se fechou.

Preciso escapar... Preciso escapar!

Bromo me guiou por alguns corredores que não fiz questão de gravar e subitamente paramos.

— Sua amiga está na enfermaria. – avisou.

Me atrevi a olhá-lo nos olhos.

— Por favor, me deixe vê-la! – pedi, apertando sua mão contra a minha.

Pelo menos, essa era a forma mais fácil de consegui ver Flora, me rebaixando.

Ele sorriu.

— Fique o tempo que quiser, desde que esteja presente para o jantar.

Ele apontou à porta e me soltou. Corri na direção de onde Flora estava.

Sua risada foi a última coisa que escutei antes de entrar, e isso me apavorou.

A sala era clara e chegava até mesmo lembrar enfermarias escolares do meu mundo.

Havia uma mulher bem-vestida, com uma prancheta nas mãos e concentrada lendo seu conteúdo.

Me aproximei lentamente, esperando que notasse minha presença, e funcionou. Quando estava há sete passos dela, a mulher me notou.

— Posso ajudá-la, Luna? – sua voz era melódica e baixa.

Me aproximei mais um pouco, abraçando a frente do meu corpo.

— Como... Como ela está?

— Quebrou o braço esquerdo, fora isso, apenas machucados superficiais.

— Posso ficar com ela?

Ela acenou e se dirigiu à porta.

— Vai me deixar sozinha? E se Flora sentir dor ou precisar de algo?

— Fique calma. Ela está sedada e estável, e creio que quer privacidade.

Com isso, a enfermeira se foi.

Coração de Gelo - Meu DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora