Capítulo 10

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Na manhã seguinte, toda a determinação que pareceu evaporar no dia anterior, retornou.

Decidida, não abaixaria a cabeça, não choraria. Eu seria forte, corajosa e acima de tudo, daria um jeito de sair daqui.

Levantei disposta à guerra, se isso significasse sair daqui e poder voltar ao meu mundo.

Segui em direção ao banheiro, lavei o rosto para despertar, escovei os dentes – tudo ali naquele banheiro parecia novo, como se estivesse me esperando, e talvez fosse mesmo para mim – e finalmente tomei um banho.

Pouco depois sai de volta ao quarto, segui em direção ao closet e peguei um vestido qualquer.

Por que há tantos vestidos aqui? Esse mundo nunca ouviu falar que mulheres usam calças?

Calcei um par de sapatilhas cinzas e quando voltei ao quarto, há mesma mulher de ontem estava entrando.

A mulher se encontrava concentrada em arrumar uma pequena mesa com o café da manhã para mim, o que me deu um bom momento para analisá-la da cabeça aos pés: ela possuía altura acima da média – em comparação a estatura feminina do meu mundo –, um metro e setenta e cinco; pele bronzeada; cabelos lisos, castanho-claros e na altura dos ombros; magra e curvilínea; com lindos olhos verde-claros. Em resumo, era bem atraente.

A mulher percebeu estar sendo observada, pois pouco depois ela se virou na minha direção. Uniu as mãos frente ao corpo, o curvou levemente para frente e então disse:

— Bom dia, senhora. Dormiu bem?

Sem respondê-la, caminhei até a moça, formulando algo em minha mente.

Se não posso sair daqui à força, terei de sair pelas beiradas...

Sorri para ela; com um gesto de mão, pedi que ajeitasse a postura.

— Não precisa me tratar com tanta formalidade. – sorri novamente – Me diga, qual o seu nome?

— Me chamo Flora, senhora. – respondeu, olhando para o chão.

— Flora, já disse que não precisa me tratar desta forma. Pode me chamar de Rosalho, Rosa ou Rô... Se pensar em algo melhor...

Ela negou com a cabeça, um gesto rápido, antes de responder:

— Não posso, senhora. O senhor não gosta.

Aproximei-me mais um pouco de Flora, toquei seu ombro levemente, um gesto amigável; ela estremeceu perante o toque.

— Façamos da seguinte forma: quando estivermos apenas as duas, nos trataremos de forma normal... Sem "senhoras" e tudo mais. – Entoei calmamente.

— Eu não...

— Flora, por favor. – pedi – Eu preciso de ao menos uma amiga aqui, e mesmo que não queira ser minha amiga... Ao menos me trate como uma pessoa normal, não superior a você.

Ela se deu por vencida – ou talvez tenha sentido pena de mim –, antes de acenar afirmativamente com a cabeça.

Em parte, isso tinha a ver com meu plano de ir embora, mas por outro lado, seria realmente muito bom se tivesse ao menos uma amiga dentro deste lugar.

— Isso é ótimo! – Me empolguei.

A mesa já estava servida, e com um pouco de fome, me sentei em uma das cadeiras. A chamei para me acompanhar; ela negou com a cabeça, com as mãos novamente juntas frente ao corpo.

— Venha, eu prefiro que coma comigo. – pedi – Seria estranho e desconfortável se eu comesse e você ficasse para aí, olhando.

— Não posso senh... – ela se interrompeu e logo corrigiu sua fala – Não posso, Rosa.

Coração de Gelo - Meu DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora