Capítulo 7

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Continuei encarando-a, à espera de uma resposta.

— Rafi?

— Não. – Respondeu por mim.

Dei de ombros, pouco ligando para sua resposta. O que poderia haver naquela estória?

Rafi... O que esconde?

§

Finalmente!

Me espreguicei.

Ficar alguns dias presa dentro de casa pode ser terrivelmente tedioso. E hoje, finalmente era o dia da Lua, onde o cadastro teria seu fim e minha prisão domiciliar também.

Conforme os dias corriam, comecei a me questionar sobre como poderia ser este mundo, em sua totalidade.

Este tempo também me fez outro questionamento: por que eu seguia e acreditava em tudo o que Rafi me dizia?

Certamente, porque durante toda a minha vida, fui obrigada a obedecer pessoas sem questioná-las... Mas isso não faz de Rafi alguém confiável. Mas até agora, ela se mostrou verdadeiramente preocupada com minha segurança.

Balancei a cabeça, afastando tais pensamentos.

— Vou dar uma saída e confirmar se realmente acabou. Fique aqui até que volte. Okay? – Rafi esbanjou seriedade em suas palavras.

Concordei silenciosamente.

Voltei a deitar no sofá, com o diário aberto sobre a barriga.

Basicamente, a pessoa que o escreveu se chamava Helena, e o tal diário, mais aparenta ser uma espécie de "guia" para sair deste mundo. Helena relatava em suas páginas, instruções necessárias para ir embora, porém, em contrapartida, Selena relata os malefícios e as magias que este mundo pode vir a possuir.

Uma das instruções dizia que a pessoa deveria estar no Lago Leifin e sob a luz da Lua, no centro, submergir e então ela voltaria ao mundo próprio.

Depois de algumas perguntas à Rafi, descobri que aquele, é o único lago no mundo – neste – que era capaz de refletir a luz da Lua.

Quando li sobre isso, desconfiei no mesmo instante. Já que isso aqui é uma floresta e com certeza haveria outros lagos e até mesmo rios correndo por aqui. A maneira mais fácil de encontrar o tal lago, certamente seria procurar durante à noite.

Eu precisava procurar pelo lago, durante à noite. Era noite e eu precisava sair. Mesmo indo contra as palavras de Rafi, o fiz. Segui pela floresta noturna, sob os vários olhos dos animais.

Ao sair, notei que a neve começava a derreter, e de alguma forma, deixava uma fina e quase imperceptível película envolta das flores e árvores. A beleza era de outro mundo, nem mesmo o meu mundo, no local menos tocado pelos humanos, possuía tamanha beleza.

Cada passo que dava em direção oposta à casa, sentia algo penetrando meu corpo, indo diretamente ao interior, até o mais profundo de minha alma. Sensações chegavam, misturando-se e criando algo novo. Paz, liberdade, felicidade e tranquilidade, há quanto tempo não sentia estas coisas?

§

Estou andando há horas, e cheguei à uma única, porém certa conclusão:

— Estou completamente perdida! – bati o pé contra a terra.

Olhei para todos os lados, e decidi seguir pelo caminho de onde vim.

Mais algum tempo se passou, até que um som não tão sutil chamou minha atenção, parecia água corrente.

Andei em sua direção, um pouco apressada demais.

Ao chegar, me deparei com um riacho de águas completamente límpidas, podia ver os peixes nadando ao fundo! A Luz iluminava em seu entorno, deixando o cenário ainda mais belo.

Sentei-me às margens e até me atrevi a colocar os pés dentro d'água.

Suspirei pela sensação da água em baixa temperatura.

"Perdida na beleza do local, Rosalho não notou estar sendo observada.

A noite continuava seguindo, e dando-se conta que deveria estar tarde e que ainda estava perdida, Rosalho recolhe os pés e olha em volta, procurando por algum local para dormir com o mínimo de segurança.

Ela notou árvores com raízes grandes o suficiente para se enfiar e ter uma noite de sono. Elas erguiam-se do solo e algumas se cruzavam pouco acima, servindo de abrigo perfeito e sendo capaz de impedir que animais a atacassem.

Rosalho andou tranquilamente até as árvores, esgueirou-se entre as raízes e logo estava acomodada.

Não muito depois, caiu em um profundo sono.

Percebendo que a mulher havia caído em sono, permitiu-se aproximar. Com poucos passos já estava à sua frente.

Quem imaginaria que sua companheira era uma pessoa de outro mundo? Isso explica o fato de ter passado todo esse tempo à sua espera.

Inspirou profundamente seu aroma, confirmando o óbvio.

Ele se abaixou, e levemente tocou em seus cabelos negros e cacheados, com uma textura – para ele – incomparável.

Fixou seus olhos nela, analisando sua beleza: era diferente das mulheres de seu povo; a pele morena, com traços delicados e belo ossos; nariz fino e pequeno; olhos redondos, de cor de amêndoas; lábios carnudos e belas maçãs.

Externamente ele se perguntava por que tinha sido amaldiçoado com uma companheira de outro mundo, desejava que ela fosse do seu. Mas em seu íntimo, agradecia por ser diferente, ficava encantado com sua beleza exótica.

Mas nada disso importava agora, pois ela estava ali, e ele a tinha encontrado. Ela seria dominada, feita por ele, sua submissa, como seu instinto primitivo ordenava aos gritos.

Enquanto era avaliada pelo homem, Rosalho sonhava com os belos e perigosos olhos azuis; e isso a perturbava cada vez mais.

O homem aproximou a boca de sua orelha e sussurrou:

— Durma, meu bem. – sua voz era aveludada – Eu estarei lhe protegendo.

Ele a ergueu delicadamente em seus braços; como esperado, ela não acordou. Pulou algumas raízes altas com leveza, e tomou rumo na direção de sua cidade.

PESSOAL ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DESSE CAPÍTULO, NÃO ESQUEÇAM DE COMENTAR E VOTAR, QUERO SABER VOSSA OPINIÃO, TCHAU, ATÉ APROXIMA.

Coração de Gelo - Meu DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora