Um

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Meu problema começou há uma semana atrás.

Exatos sete dias.

Numa (maldita) noite em que o vi, pela primeira vez.

Era a quarta tentativa de Hope e Jess para convencer-me de ir até uma festa, elas estavam na sexta ligação. E eu finalmente atendi, impaciente. Não estava nos meus planos sair naquela sexta-feira. Principalmente porque, odeio lugares abarrotados de pessoas. Repeti 'não' inúmeras vezes. Tentei quaisquer desculpa para não acompanhá-las.

Por sinal, não funcionou.

Eu fui.

É, e acabei parando em um clube com fachada luz neon. Haviam muitos universitários divididos entre dois pisos, alguns simplesmente bebiam e outros, se acabavam por dançar. Prefiro acreditar que eu só estava lá por ter sido pressionada.

Depois de pegarmos umas bebidas, nos sentamos num estofado booth violeta gritante que ficava nos cantos.

— Não me deixem passar dessa vez, certo? — Russell levou seu copo a boca, virando todo o líquido.

Pensei que seria um barato vê-la sensualizando para os caras como da vez em quando extrapolou no álcool e no dia seguinte, nem se recordava do fato. Ainda quebrou uma jukebox, no mesmo dia.

— Você é uma adulta. Não precisa de alguém vigiando o quanto está bebendo — rebati.

— Diz isso porque você pode beber o quanto quiser, que continuará a mesma.

Talvez neste ponto, eu devesse concordar.

— ... Sem correr o risco de cantar igual maluca em cima da cadeira — Hope completou e Jess nos lançou um olhar furiosa.

— A minha voz estava fantástica, eu devia ter cobrado pelo show a parte.

— Não iriam lhe pagar nada, certeza — disse contendo a risada.

Me custava sair do meu apartamento, mas afinal, não estava sendo tão ruim. Estávamos nos divertindo como em todas as outras vezes.

Pelo menos, eu achava que sim.

Mas em um jogo, há sempre o ponto de partida.

Fui até o banheiro dos fundos. Eu voltei e, em menos de três minutos haviam dois caras sentados conosco. Na verdade com elas, que pareciam muito bem acompanhadas enquanto riam de algo. Então me aproximei, quando o fiz, senti aquela atenção voltada a mim. Griffin puxou meu braço esquerdo e fez-me sentar ao seu lado.

— Garotos, essa é a Emma — ela sorriu brilhantemente para os dois a frente como se anteriormente já tivesse dito meu nome.

Um deles, era Tyler Barners — que, educadamente cumprimentou-me. O outro, nem se deu ao luxo.

Foi aí que o notei.

Ele estava prestes a beber sua cerveja mas, nem sequer levou a garrafa aos lábios.

Fiquei estática. Aquele talvez, tenha sido um dos minutos mais assustadores da minha vida.

Maravilhosamente assustadores.

Me acomodei ao lado de Hope quando percebi que, estava feito idiota ali. Eu tentava excluir o fato de que havia mais gente a mesa, mas ela e Jessie não se importavam. Aliás, elas agiam com tamanha espontaneidade que, nem parecia que estavam conversando com Campbell e Barners.

Justamente.

Mas elas são garotas normais, e garotas normais flertam. E eu, era somente uma sombra. Um espírito de velho vagando em meio a jovens com os hormônios à flor da pele. Aquelas conversas pouco me interessavam. Vez ou outra eu concordava em algum aspecto e fingia que estava entendendo.

O que me incomodou duramente, foi ele.

A todo instante seus olhos fitavam-me de maneira intensa. Era como se minha privacidade estivesse sendo invadida apenas por tal contato.

Levantei-me com a desculpa de que iria pegar mais um drinque, e, fui até o balcão.

— "Vou pegar alguma outra coisa para beber" - Campbell apoiou os braços ao meu lado e riu baixo, mesmo sem ter me olhado diretamente. — Essa desculpa é patética.

Tentei ignorá-lo, mas, não o faço em tais circunstâncias.

Aliás, tentei ignorar a intensa lascívia que nublava meus neurônios com sua postura genial e viril, como a de uma celebridade ao vivo que estava se pondo ao meu lado.

— Por que isso seria uma desculpa? — repliquei tentando não sustentar seu olhar direto.

— Não sei, me responda você.

Dei de ombros.

— E você, por que está aqui e não lá?

— Não estou tão interessado nas suas amigas quanto o Tyler.

— Quando cheguei não parecia isso - admito ter ficado surpresa porque afinal, ele não perderia tempo apenas pelo amigo dele.

— Porque quando você chegou meu interesse mudou drasticamente.

Passei uns segundos sem entendê-lo.

Essa foi sua primeira tentativa de fazer-me cair na sua lábia, dentre tantas outras que não tiveram efeito algum. E, quando captei, não dei ouvidos.

Nem Barners ou ele, continuaram junto a nós. Griffin ficou desapontada, principalmente quando disse que estava cansada daquele lugar. Eu realmente queria ir embora.

Se eu não tivesse passado pela entrada.

Ou, se tivesse o evitado.

Não posso mudar a cronologia das coisas, mesmo que o 'se' tenha sido meu inimigo desde aquela noite.

Contra as leis do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora