Forço meus olhos a se abrirem contra a luz que se penetra em cada canto de um quarto monótono.
Elegante, porém, monótono.
O cheiro de algo insuportavelmente bom acaba sendo razão do meu despertar – não do meu levantar. Rapidamente reviro os lençóis brancos sobre mim, assegurando de que estava com as mesmas roupas de ontem a noite.
Tola!
Como pude ser tão imbecil a ponto de beber daquele jeito?
Não, depois eu me preocupo com isso.
Preciso retornar a minha casa.
- Bom dia, princesa.
Meu coração salta a ponto de quase cair no chão da qual coloco os pés, gelados que só. Minha alma vai até os céus e volta, logo, irá até o inferno. O retraimento mistura-se com o dissabor que percorre quilômetros dentre minhas correntes sanguíneas, devo estar com o rosto corado e perto de revirar os olhos.
Filho de uma puta.
- Me leve para casa. - levanto rapidamente tentando prender os fios do meu cabelo em um coque brusco.
- Mocinha - ele para no batente da porta, interrompendo minha passagem.
- Já estou constrangida o suficiente, não acha? - isso é uma súplica, para que ele me deixe ir. Eu não quero continuar implorando para que ele conceda minha ida, nem quero me sujeitar a ter de encará-lo depois da noite passada.
- Relaxa, Phillips - Brandon começa a discursar, tentando me tranquilizar de alguma forma, mesmo sendo inútil quando tudo que vejo é sua boca movendo-se sem som.
Minhas pálpebras pesam; meu corpo inteiro pesa mais que o habitual.
- Emma - ele estala os dedos para me tirar do estado hipnótico. - Venha.
O sigo até a cozinha, onde me sento diante a ilha de mármore denim, analisando novamente cada detalhe de cada canto. É anômalo pensar que dormi aqui, e não me orgulho disso.
- Red bottle?
- Sua cafeteria predileta, estou enganado?
Não, você não está.
Brandon comprou dois cafés do lugar que mais aprecio nessa cidade, isso é ótimo.
- Café é igual em todo lugar - dou de ombros.
- Como você é sarcástica, querida.
Trocamos careta enquanto ele coloca panquecas no meu prato.
- Uau. Você passou de péssimo, para ruim.
- De você, eu já esperava elogios camuflados assim.
- Não foi um elogio, Campbell.
- Você precisa comer agora, depois conversamos.
Quando eu terminar de apreciar seus dotes culinários, o que será de nossa conversa?
Ao olhar para Brandon, penso o quão oscilante pode ser seu humor. E o quão ruim isso pode ser, a ponto de nos afetar. A forma em como ele age é covardia, é covardia me deixar imaginar coisas entre nós das quais ele não está disposto a passar.
Das quais eu não estou.
Se ele quer me afundar, saiba ele que afundará comigo.
Ouço um barulho de notificação vindo do meu celular, logo que o apanho vejo duas ligações perdidas de Hope e mais outras mensagens da mesma.
Respondo-a de imediato deixando ela a par de como me encontro.
- Não vai comer mais nada? - Brandon olha para as garfadas mínimas que dei nas panquecas.
- Não estou com fome.
- Tudo bem, princesa.
- Não tenho o que fazer aqui. Vou só pegar meus calçados e ir embora.
Ele não diz nada, apenas observa meus movimentos como quem estivesse trazendo negatividade àquela manhã que ele gostaria de proporcionar sem farpas nem nada.
- Ah, obrigada.
É singular, mas é de verdade.
Com os saltos nas mãos, – até porque não irei andar com eles a essa hora –, vou até a porta de entrada. Eu sinto como Brandon está. Sinto essa culpa que não está apenas dentro dele, mas dentro de mim.
Sabe como é isso?
Tentar desgostar daquilo que você parece não imaginar ficar sem?
É doloroso.
- Emma.
Escuto ele chamar meu nome, sem encarar seu rosto, ainda assim paro.
- Você sabe que não precisa ir.
- Preciso, Campbell.
- Não me chama assim, porra.
Quando ele não quer me olhar nos olhos, quando Brandon passa as mãos pelo cabelo, é o ápice de sua irritação. Eu despertei sua raiva e sou capaz de perceber isso.
- Você sabe e você faz o contrário. É pra me provocar? - ele questiona com acidez.
- Não preciso te provocar. Você mesmo se sente ofendido com tudo que faço, Brandon.
- Por que não facilita as coisas?
- Por que você é assim?
Por que sinto meu coração acelerar e o suor passear gelidamente pela pele?
- Me desculpa.
Ele se joga no sofá. Tira um cigarro da mesa e o leva até os lábios. Eu odeio vê-lo assim; há dois segundos ele tentava apaziguar a situação e agora está completamente revoltado.
- Eu não sou o que você gostaria que eu fosse, não sou nem mesmo o que eu gostaria de ser, Emma. Eu sou péssimo nisso. E eu odeio te fazer ficar assim.
Minha garganta se fecha por milésimos de segundos.
Me jogo ao seu lado no sofá e nós dois passamos a contemplar a parede em branco juntos, em silêncio. E o silêncio é gritante, neste momento ele corta cada tecido de meu corpo sem piedade tirando cada gotícula de sangue com regalo.
Nunca gostei de vê-lo quieto.
- Eu te odeio com todas as minhas forças.
Nossa respiração pesada está em sincronia. Posso sentir nossas vontades de desabar ali mesmo, embora segurássemos firme.
- Mas eu odeio mais ainda ficar longe de você.
Nossos olhos então se fixam como se a guerra ali travasse, e tudo então era nós novamente.
- Somos jovens, Brandon. Não merecemos sofrer, merecemos aprender a amar.
Ele traga por uma última vez o cigarro antes de tirá-lo da boca, assim feito, me abraça como se naquele aperto houvesse a cura para a auto sabotagem.
- Eu não posso te perder, princesa. Não posso.
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Contra as leis do amor
Romance"Sim, por você, eu vou tentar e recolher esses cacos até eu sangrar se isso fizer você ser minha." ➳ Plágio é crime.