O fim de semana passou tão rápido.
Terminei de ler mais um livro de Anne Rice. Telefonei para minha mãe – aliás, fiquei muito feliz por saber que ela está saindo com um cara da Finlândia, na qual não lembro o nome. E, maratonei algumas metragens policiais.
Coisas que uma jovem universitária de quase dezenove anos não faria.
Marcho até a porta do laboratório exageradamente grande carregando minhas coisas, mas assim que dou um passo para fora, sou barrada – uma surpresa nada agradável. E tampouco atípico. Fico irritada por vê-lo. Mas todo meu corpo se contrai, num sinal de você-é-impotente-demais-para-discutir (com ele, e agora).
É algum tipo de perseguição? De novo?
É tão difícil encontrar uma resposta.
— Você me olhando assim parece até que a qualquer momento irá me devorar — ele enfia as mãos no bolso da calça jeans escura.
Estou muito calada. Analisando cada minucioso traço que o pertence. Estes, que foram meticulosamente desenhados e provavelmente retirados das revistas de modelagem.
Brandon é canalha demais para ser drasticamente bonito.
Por que?
— Se bem que eu não acharia ruim — ele praticamente respondeu a própria frase.
— Se poupe, Campbell — reviro os olhos. — As chances de alguma coisa acontecer entre nós é quase nula.
— Quase, princesa — um sorriso se rasga em seus lábios. — Você ainda estará aos meus pés.
— Que besteira.
— Sou irresistível. Não negue.
Ele consegue me deixar um pouco constrangida, mas mantenho minha postura impassível.
— Tem coisa melhor que você — retruco e ele faz uma careta de indignação.
— Tipo, Barry Parker? — Brandon não se incomoda, na verdade, ele diz em deboche.
Me inclino para trás com as sobrancelhas erguidas. Parker é minha dupla em ciências. Ele usa o óculos até a ponta do nariz, o que diz ser mania. Seu gosto para roupas é refinado. Vez ou outra ele me conta umas histórias divertidas. Mas, não! Nada a ver.
O encaro com um belo ponto de interrogação na cabeça.
— De onde o conhece?
— Vocês estavam rindo juntos há três minutos atrás.
— Então você estava me observando?
— Claro que não — ele solta uma risada nasal.
Talvez seja impressão. Mas, qual a finalidade disso? Hum.
— De qualquer forma, eu e Barry não temos nada. Não fazemos o tipo um do outro.
— Ah, e por que não?
Fito seu rosto como se fosse óbvio, mas ele não parece estar a par das informações.
— Ele joga para o outro lado.
Campbell estende a expressão de felicidade, talvez, até aliviado.
Mas não estou mentindo.
— Achei que teria concorrência.
— Concorrência?
— É, por você.
Engulo em seco.
Não consigo dar à ele uma resposta dura, porque as palavras evaporam.
— Mas, você por si só já dificulta tudo — ele recua, pigarreando.
Fecho os olhos com força, e aí respiro fundo.
— É simples. Desista.
Tento parecer firme. Tento parecer eu. Mas quando digo isso, não penso duas vezes antes de sair andando. E fugir da cena não é bem o meu forte.
O que me leva a agir assim é fácil de entender.
Seu histórico nada incrível.
Campbell é a estrela de Prince Hills. Ele comanda o time de futebol. O resto é previsível. Tendo isso como sua maior característica, é claro que as garotas caem em cima para ganharem notoriedade. Afinal, todo bom filme clichê, ou todo drama colegial, tendem a ter um astro.
Ele é um.
Para ser honesta, em alguns poucos meses estudando aqui só o vi jogar umas duas vezes que, nem ao menos me recordo nitidamente de seus bons dribles. Todos sabem da péssima reputação que lhe é atribuído. São comentários nas quais estou farta de saber.
Não sou do tipo ‘se faça de difícil’.
Mas não quero ser mais um nome em sua lista.
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Contra as leis do amor
Romance"Sim, por você, eu vou tentar e recolher esses cacos até eu sangrar se isso fizer você ser minha." ➳ Plágio é crime.