Vinte e quatro

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| Brandon, point of view |


- Senti sua falta, Brandon.

Me encontro túrbido. 

Olho baralhado para o prato e talheres estendidos sobre a mesa com tecido fino, e ouço os passos de salto da garçonete vindo ate nós. Cabelos escuros e presos num coque justo e perfeito, de bailarina. Esta, deve estar a frente dos 31 anos - é tão aviltante a forma em como ela trata o homem a minha frente como se ele fosse uma celebridade de sua época, ou simplesmente um cara bonito visitando esse restaurante patético no centro da cidade de Charlotte. 

Mas Ethan Campbell não a olha com a mesma singularidade, ou seja, ele não dá a mínima - um fato tanto quanto extravagante já que somos... parecidos, nesse sentido. 

- Ela tentou flertar. 

- Eu sei. - Ele sorri sem graça, com algumas poucas rugas a mostra. 

Alguns traços em seu rosto mudaram, talvez uns fios brancos estejam aparecendo dentro os fios pretos tingidos mas meu pai continua com o mesmo perfil. Um porte musculoso de trinta e seis anos, no máximo. Deduzo que ele nunca tenha deixado de se cuidar. 

- E então? - arqueio uma das sobrancelhas, curioso.

Hesitante, ele me mostra uma foto em seu celular - um par de alianças. 

Rapidamente tomo meu espumante, o que é uma verdadeira merda porque nem mesmo causa efeito em meu corpo. Penso que preciso de algo forte, ou talvez um cigarro, mas não é nada disso. Preciso ouvir do meu próprio pai o que ele tem a dizer sobre isso. 

Sobre a porra de dois anéis de brilhantes. 

- Brandon... sei que não esperava por isso. Sei que nos distanciamos feito crianças que nunca souberam lidar com seus problemas, mas, jamais será tarde. Vim a Cannyville não apenas para lhe contar sobre meu noivado, mas também para nos reaproximarmos. 

- NOIVADO? 

Tento processar suas palavras mas meu semblante nada entusiasmado não vai de acordo com isso. É inevitável meu deboche em relação a isso. Me encosto na cadeira crente que poderei tirar essa tensão que agora está elevado. 

- É, eu sei. Você deve estar se achando um idiota por dar ouvidos a esse cara aqui, mas escute. Torrez me convenceu a vir falar com você. Na verdade, esperei o momento exato para isso. Por favor, me dê uma chance para dar continuidade a isso. 

- Torrez? Lucille Torrez? 

- Sim - ele esboça um sorriso sem mostrar os dentes. - Ela ainda trabalha conosco. 

Lucy - como eu adoravelmente a chamava, era a governanta da casa. Não era uma funcionária qualquer, estava sempre presente em tudo da família, havíamos a acolhido fielmente principalmente depois da mesma ter perdido seu filho por uma doença.

Sou imensamente grato por meu pai tê-la deixado por lá. Ainda lembro quando ela pegava no meu pé por qualquer besteira que eu fazia. 

- Poxa... - gesticulo com as mãos, sem jeito. - Sinto falta dela. 

- E ela, a sua. Por que não volta comigo à Europa? O casório será lá. 

Contra as leis do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora