Vinte e oito

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“Nós aceitamos o amor que acreditamos merecer”.

O que quis dizer com isso, S. Chbosky?

Eu aceito aquilo que creio merecer? Quem dirá a quantidade exata ou, se estou indo pelo caminho certo?; pegará pelos meus braços e me fará enxergar o feito.

Impactante a verdade.

Me hidrato nesse sol que mais do que aquecer, queima minha pele.

Fecho o livro em minhas mãos, e bufando miro em direção ao campo.

- Ei - o escuto gritar de longe. - Me dê mais cinco minutos.

Sorrio em sinal de concordância.

É empolgante acompanhar Brandon em um treino, pela primeira vez de fato. Ao mesmo tempo sei que é fortuito estarmos juntos depois de uma série de acontecimentos estranhos. Mas está tudo bem. Somos dois estranhos num mundo de anormalidades mesmo.

E irei me acostumar, (se é que já não estou).

É impossível impedir de sentir essa droga.

- Obrigada por ter vindo. - Campbell diz com os olhos fixos em mim enquanto desço a arquibancada.

- Lembre-se de que não vim a toa.

Esqueço que tenho dignidade quando Brandon tira o uniforme de jogo.

Queria poder dizer o quanto Brandon é fantástico, literalmente. Esse menino não cansa de protagonizar meu romance imaginário, não cansa de me fazer passar por uma montanha russa de emoções para no final, me ter aqui estagnada admirando uma obra da qual se pudesse, colocaria a mostra da sociedade e entitularia como ‘o cara que odeio, no entanto, não toque nele’.

- Está pronta para se divertir no melhor parque dessa cidade?

- Prontíssima para ir no barco viking.

Brandon se aproxima da grade, sorrindo de canto a canto.

- A propósito, preciso falar sobre algo com você.

- Tudo bem - reajo como quem dá espaço para que ele diga, mas não é o que ele faz.

- Não, não agora - seus olhos pairam sobre o horizonte alaranjado. - Mas não se preocupe, princesa.

- Sendo assim... Não enrole muito. Te encontro no estacionamento.

Ele pisca em sinal de positivo.

Vou andando até o tal lugar que disse que estaria, refletindo um pouco sobre “o algo que ele quer falar”.

Tomara que não seja um baque, uma explosão nova que acabe com nossa vaidade em relação a tudo isso. 

Então o vejo vindo depois de no máximo, seis minutos.

- Não! - ele força uma careta de quem esqueceu algo.

- O que houve? - me desencosto do carro com uma expressão de espanto.

- Preciso voltar e buscar as palavras que você me fez perder com toda essa beleza. Puta merda, Emma.

Puta que pariu, Brandon.

Devo estar corando feito nunca.

Perco até mesmo a melhor forma de reagir ao seu comentário, então, com as mãos frias e suando, estampo um sorriso inibido para ele.

Um short jeans com um uma simples blusa de bazar, é (ou não) arrasador.

E ele me avaliando da cabeça aos pés, me faz crer que nada neste mundo me deixa mais desvairada que sua pessoa.

Contra as leis do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora