Contra as leis do amor

Trinta e dois

Sarah está deslumbrante.

Seu vestido de noiva é simples, mas contorna perfeitamente suas curvas. Faltam elogios aos convidados, com tamanho cuidado que tiverem ao arranjar esse casamento na praia.

Há helicônias por toda parte que vislumbram adequadamente com o ambiente.

Ambos os noivos encontram-se no arco rústico decorado com flores, provavelmente com o coração a mil e um.

Meus olhos se enchem de ternura.

- Não é um sonho? - ouço Brandon sussurrar em meu ouvido enquanto passa o braço ao redor da minha cintura.

- Embora seja lindo... Não.

Ele se espanta.

- Quer dizer então que recusaria uma proposta de casamento?

Assinto com a cabeça.

- Não era pra eu estar surpreso - ele dá de ombros e voltamos a assistir a cerimônia.

É exatamente aquilo que já presenciamos (ou não).

Ouve-se palavras de outro mundo a ponto de arrancar lágrimas de senhoras já casadas vestidas com cetim; os pais agoniados com as crianças que não param quietos na cadeira querendo que aquilo acabe; pessoas que se questionam até quando aquilo vai.

É meio estrambótico saber que nossa mente faz esse tipo de pergunta.

Quando tudo acaba, seguimos para a melhor parte: festa.

Além do discurso dos convidados, dos parabéns, e tuuuudo mais.

Ethan e Brandon conversam mais afastados, enquanto pego um champanhe e me dirijo a mesa de buffet.

É aliviante ver tudo daqui de cima. É um imenso privilégio para mim estar aqui.

- Emma.

Reviro os olhos abruptamente.

Renouard para a alguns centímetros de mim, apoiando a mão na cadeira.

- Brandon me contou o que houve ontem. Olha, não foi minha pretensão fazer com que as coisas soassem estranho.

A voz de Penélope me irrita absurdamente.

Espero que ela esteja rezando para que não aconteça nada com ela.

E por que aquele maldito ainda abriu a boca para dizer o que aconteceu?

- Escuta, - sorrio de um jeito cínico - te conheci há dois dias. Você é tão indiferente para mim quanto é para Brandon.

Ela move os lábios lentamente, mas eu a corto:

- Não quero que se ofenda, - encarno o próprio deboche no segundo que levo a mão no peito, insinuando cuidado - apenas quero que seja tão feliz quanto sou com ele, um dia talvez.

Seus olhos mel me fitam por uma eternidade.

Penso que ela irá revidar de alguma forma, ou arranjar algo para dizer que tudo não passou de um mal entendido, mas ela apenas dá meia volta e caminha para outro canto.

Me sento novamente, bufando.

- Espetacular - escuto aplausos baixos vindos de Brandon, que sorri com sarcasmo.

Acabo por não dizer nada.

- Incrível como consegue manter a postura mesmo com tanta raiva.

- Faço isso por você, para que eu não passe vergonha.