Querida Maraisa

Buraco Negro

- Não sei se seria uma boa ideia. - Sarah diz desanimada.

- O que não é uma boa ideia? - Verônica pergunta entrando.

- O Edward sugeriu que eu fosse para os Estados Unidos por um tempo. - Sarah conta se voltando para a mãe, que se sentava à mesa.

- Eu acho uma ótima ideia! - a mãe se empolga - Acho bom você ficar longe dessa agitação por algum tempo.

- E meu tratamento? - Sarah começa a encontrar empecilhos.

- Tenho profissionais ótimos na minha clínica. - Edward intervém - Vou continuar cuidando do seu tratamento.

- Posso pensar? - Sarah pergunta.

- Claro, meu amor! - a mãe exclama e segura a mão da filha - A decisão é sua.

- Estamos aqui para te apoiar, mas só você pode decidir o que quer fazer da sua vida.

Sarah sorri. A família termina o café conversando sobre outras coisas.

***

Nas primeiras horas do dia, a família Henrique Pereira recebe a notícia que Almira pode retornar para casa, desde que permaneça de repouso, evite exposição à estresse, se alimentasse bem e uma lista de cuidados.

Perto do meio dia, Almira estava chegando à casa das filhas, onde permaneceria por uma semana para se recuperar.

Maraisa estava quieta. A saudade da namorada estava apertando, mas ela não queria que as pessoas percebessem.

Ao chegarem em casa, a família vai direto para a mesa almoçar. Assim que se sentam, são servidos pela Joana, mulher que trabalhava na casa das gêmeas.

- Espaguete! - Maiara diz animada se servindo.

Ao perceber que o almoço era o prato da tristeza de sua amada, Maraisa sente seu coração apertadinho e a saudade escorre pelos olhos.

- Com licença. - ela diz levantando depressa e sai da mesa.

A cantora corre para o seu quarto, tranca a porta, se joga na cama e chora... A dor era tão intensa. Tudo que ela queria era os braços de sua amada envolta de seu corpo, seu carinho e sua voz sussurrando que tudo ficaria bem. Mas não ficaria tudo bem, Sarah não a perdoaria. Ela havia perdido a única pessoa que amou de verdade.

Batidas na porta se repetem de forma insistente, mas ela não abre, nem responde.

- Filha. - Marco César chama - Abre a porta, por favor. Eu trouxe comida pra você.

- Eu não quero comer! Eu só quero ficar sozinha! - Maraisa exclama entre um soluço e outro.

O homem acaba desistindo de bater e volta pra mesa.

Maraisa passa horas chorando sozinha.

Mais uma vez as batidas na porta.

- Maraisa? - Maiara chama ainda batendo. - Abre a porta. Achei o casaco da Sarah na cozinha.

Maraisa levanta da cama e abre a porta. Toma o casaco da mão da irmã e o cheira. Ainda tinha o cheirinho da sua amada.