Chegamos na rua da casa da minha mãe e eu sorria ao olhar, todo mundo na rua, as vizinhas fofocando, as crianças brincando, os mavambo de rodinha pelos cantos, aqui o povo tinha muito menos e era muito mais feliz.
Desci do carro já vendo o povo ficar tudo olhando, as véia uma cutucando a outra, eu só ri e balancei a cabeça acenando. Os mavambo ficaram de boca aberta quando viram a Mari, porque aqui é assim, os macho não pode ver uma loira natural que já acha que é de outro mundo.
Matheus: Naluuuuu
Reconheci a voz do meu priminho gritando. Desci do carro e ele veio me abraçar.
Nalu: Ai que saudade que eu tava de você peste!
Matheus: A vó tá fazendo bolo pra você – agarrado no meu pescoço.
Nalu: Eita garoto, se tu não me solta eu não consigo ir lá né – ri – nem respirar – falei com um pouco de dificuldade
Ele riu, saiu correndo e foi pegar a lata de linha de pipa que tinha jogado no chão e correu pra rua quando ouviu um dos amiguinhos gritando.
Entrei e dei um abraço bem apertado e um beijo na minha avó, dona Ana, que tava na cozinha fazendo o bolo. Ela era um doce de pessoa, sempre que eu venho pra cá ela me recebe com bolo que sabe que eu amooo!
Minha vó também é uma das mulheres mais fortes que conheci. Vou explicar um pouco pra vocês como é que são as coisas aqui. Ela teve seis filhos, dois homens e quatro mulheres. Três das minhas tias se casaram e recentemente saíram de casa, mas continuam deixando as crianças lá pra ela cuidar e dar de comer. Um dos meus tios tinha problemas com droga, hoje em dia arrumou uma namorada legal e não tá se envolvendo com essas parada, porém continua sendo vagabundo e acomodado. Meu outro tio trabalha pouco, quase não põe nada dentro de casa, bebe muito e sempre faz escândalo, arruma briga, tenta bater na gente dentro de casa. Meu primo mais velho, Diego, volta e meia aparece lá pra encher o saco, e já roubou dinheiro, perfume, roupas minhas e da minha mãe, mas sempre faz a Katia desentendida e todo mundo finge que não vê. É foda.
Enfim, não tava nem querendo pensar nisso agora, só tava minha avó, minha mãe e as crianças em casa e tava tudo tranquilinho. Descarregamos as coisas do carro e levamos lá pro fundo, no puxadinho da minha mãe.
Tomei um banho e coloquei o mesmo vestido de antes, tava com preguiça só de pensar em abrir aquelas malas jogadas no canto do quarto.
A Mari foi pro banho, então eu fui lá pra frente na casa da minha vó, peguei um pedaço de bolo, um copo de café e fiquei sentada lá na rua com ela e minha mãe enquanto contava os babado que tinha rolado lá no meu pai.
[...]
Adriana: Eu não vou falar é nada, não dou razão nem pra você e nem pra Beatriz, conheço muito bem as duas.
Nalu: E tem mais uma coisa mã, não vou ficar aqui na vó... – falei mudando de assunto.
Dona Ana: Como assim? Vai pra onde menina? – disse indignada.
Adriana: Tu tá grávida né Analua?! – perguntou de novo me dando um tapão no ombro.
Nalu: Não mãe, para de falar isso, credo! É que você sabe como é aqui né, e eu não me sinto bem... Tô querendo um pouco de paz na minha cabeça.
Adriana: Filha, eu não vou sair daqui pra pagar aluguel, nem quero deixar sua vó aqui sozinha, você sabe como é né...
Nalu: Eu me viro mãe, acabei de pegar minha rescisão e logo vou arrumar outro emprego.
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De Quebrada [EM ANDAMENTO]
RandomInício 11/06/2018 ? Não indicada para menores de 18 anos ? ▪️Contém cenas de sexo, drogas, palavrões etc ▪️Não to incentivando ninguém a fazer NADA do que eu conto na história, só to narrando a realidade ▪️É minha primeira história e não sabia por o...