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Toda manhã
ao abrir os olhos
travo uma luta intensa
sobre te levar comigo
ou te deixar no caminho,
nas mãos do destino,
aos cuidados da sorte.
Sempre perco
ou ganho,
já não sei a diferença.
Decido por te deixar,
enterrar teus detalhes,
seguir meu caminho
como quem nunca encarou
teus olhos negros,
Eu. Preciso. Ir.
Digo para mim mesma
várias e várias vezes,
assim como repetir palavras no espelho,
cada vez faz menos sentido.
Então rio
da piada sem graça
a qual me propus,
e o riso se mistura às lágrimas,
depois ao alívio,
e às ridículas esperanças
de me encontrar contigo.
Desisto
da ideia absurda
que é tentar esvaziar
um terreno ocupado,
de tirar das minhas paredes brancas,
os teus retratos,
vou te deixando ficar,
te guardando com cuidado
entre as coisas mais lindas
que já toquei.

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