Adoidada

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Talvez eu seja
A louca
Adoidada
Que ainda não tirou
A poeira da casa
Que relê insanamente
Os mesmos versos
Na esperança sempre
De encontrar algo novo
Talvez eu não tenha
Jogado fora as tralhas
As roupas antigas
Rasgadas e surradas
E insista em vestir
O mesmo suéter vermelho
Que já não sei
Se ainda me serve
Se ainda se ajusta
Perfeitamente ao corpo
Talvez eu seja
Amor
A retardada
Que insiste em revirar
As mesmas lembranças
Os mesmos amores
As mesmas dores
Enquanto você se embriaga
Em novas histórias
Em novos poemas
Mas sinceramente
Pouco me importa
Se sou a pirada
Transtornada
Que revive os dias
Como delírio
Todos os dias
A sensação
Dos teus olhos nos meus
Poís se te ter na lembrança
É te manter vivo comigo
Mesmo que do pior jeito possível
Eu aceito a dor
De lidar com a saudade
De lidar com a ausência.


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