Os dias passam
e cada vez
dói menos
não digo que gosto
mas estou aprendendo a lidar
com o teu
silêncio
sorrio vez ou outra
abraço pessoas
faço planos
ignoro o vazio
que grita no peito
me visto inteira
de vermelho
me reconstruo
me torno alegre
me faço
e me desfaço
sou garoa fina
de verão
sou tempestade
furacão
luz
ou escuridão
sou a própria
escola de samba
sou agito
e ondas do mar
visto a pele
que eu quiser
enquanto o sol
me bate no rosto
eu me reformo
a meu gosto
mas quando chega a noite
e só quando chega a noite
é que eu me dispo
me vejo nua
e contemplo
a bagunça
em que
me tornei
de madrugada
tudo é mais claro
e não posso conter
o sangue que escorre
o peito que grita
tua falta
me sufoca
e agora?
Agora
que não tenho
pra onde fugir
ou um papel
por aderir
não existe ninguém
pra acreditar
na minha falha
atuação
não existe barulho
que me distraia
da ausência
do teu riso
sinto meus pedaços
descolando um a um
e toda a ardência
que evitei
o dia inteiro
dilacera
me faço então
triste chuva
que cai silenciosa
em qualquer dia
ou estação
meu céu chora
o molhado
dos teus beijos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De Todos Os Textos Que Não Fui Capaz De Te Enviar
PoetryRabiscos de um amor mal vivido que eu não sabia mais onde colocar. Não sei se é prosa, poesia, crônica. Misturo tudo e coloco na mesma caixinha poís não sei desabar de uma maneira que faça sentido, muito menos me expressar de uma forma lógica.