Papel branco

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E então
Foram dias e dias sem escrever nada
Encarando papel em branco
Como se fosse tirar de mim à força
Todo o sentimento entalado
Petrificado
E não me veio vontade
De gravar uma única palavra
Minha maldição são as paredes vazias
E estou cheia delas
Mas por acaso
Sempre me volta a saudade
Quem sabe nunca vá embora
Talvez ela simplesmente fique aqui
Me abrace de vez em quando
Me lembre das nossas prosas batidas
Dos nossos toques trocados
Eu sempre cedo
Porque de algum jeito
Não me acostumei com a tua ausência
Dói menos
Mas ainda está aqui
A pontada no peito
O molhado no travesseiro
Agora choro baixinho
Já que não me vale mais de nada
Acordar a cidade
Deixo meu descontrole pro papel
E volto pros velhos remédios, os velhos hábitos
Por aí a gente se encontra
E eu sempre lhe tenho na ponta da caneta.

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