De Volta Em Casa

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- Y-yuuri... - Falo entre lágrimas e soluços. Otabek coloca sua mão sobre meus ombros e me abaixo. - O-o que eu faço? E-eu não queria que isso acontecesse!

- Yuri, ficar assim não lhe ajudará em nada. - O asiático pega minhas mãos e me levanta do assento, abraçando-me em seguida. - Eu sinto muito por isso ter acontecido a você. Mas vai ficar tudo bem. Eu estarei aqui com você para tudo que virá a seguir.

- M-mas e s-se eu não quiser nada disso? Yuuri eu não pedi pra ser ômega! Eu só queria ser normal!

- Mas você é Yuri, eu vejo que você tem dois olhos, uma boca, um nariz, duas orelhas, braços... assim como qualquer outro. Só porque tem uma diferença entre eles e você, não quer dizer que vá nascer um chifre em você, sei lá! - Yuuri se solta do abraço apertado e acolhedor. - Nós vamos passar por isso. Eu estarei ao seu lado.

- Yuuri, eu tô com medo. - Digo entre soluços, me encolhendo, colocando minhas mãos sobre meu rosto.

- Eu sei que está, eu também estou por você e mais ainda Otabek, que sente tudo o que está passando por você. Não esqueça que ele faz parte de tudo, afinal. Bom, eu não o conheço direito, Otabek, mas eu espero que apoie Yuri, serão momentos difíceis daqui para frente. É um campo inteiramente novo para mim, Yuri, para todos nesse século.

- Eu quero ajudar como puder. - Otabek responde, levantando-se.

- Já é um bom começo. Bom, eu acho que o certo agora é todos descansarem. Teremos que fazer muitos exames daqui pra frente, Yuri.

- Só de pensar que teremos que voltar pra cidade universitária de moto neste frio... - Otabek fala, suspirando alto, abaixando a cabeça.

- E quem disse que vamos voltar? É sábado, ainda temos mais um dia pra retornar. - Respondo ainda encostado no peito de Yuuri.

- Mas e onde iremos dormir? - Desencosto do asiático e aperto minhas têmporas com a ponta do polegar e indicador, negando com a cabeça.

- Eu morava aqui, Beka. Vamos pra minha casa.

- Vai fazer uma surpresa a ele? - Yuuri pergunta, voltando a sua mesa, começando a anotar alguma coisa em seu computador.

- Ah, eu nem avisei que estava vindo para cá. Ele vai gostar, tenho certeza. - Passo a mão sobre minhas bochechas molhadas com as lágrimas e sorrio.

- Ele quem? - Otabek pergunta e eu apenas continuo a sorrir ao encarar seus olhos quase negros.

- Vai descobrir quando chegarmos lá.

-~-

-... E então, finalmente, após esse poste de iluminação, chegamos. - Digo as instruções ao moreno, guiando-o até minha antiga casa, onde consigo imaginar meu avô preparando sua sopa, ouvindo o noticiário da televisão da sala, enquanto Potya se espreguiçava sobre minha poltrona, nova cama dela.

- Onde deixo a moto? - Otabek diz, enquanto tira a chave do contato e eu saio de cima da moto, tirando o capacete, arrumando meus cabelos no lugar.

- Pode deixar aqui por enquanto, a rua é bem tranquila, depois colocamos na garagem, vamos entrar... - Ouço o grito de meu avô me chamando vindo depois do som da porta de entrada sendo aberta.

- Yuratchka! - Meu avô coloca seus braços sobre mim, me abraçando e retribuo, apertando-o. Por que não me avisou que estava vindo? Eu teria feito pirozhki. - Sorrio enquanto eu mantinha minha cabeça sobre seu ombro e então me afasto.

- Não se preocupe com isso, vovô. Como é que descobriu que eu tava vindo para cá? Foi só eu sair da moto que o senhor aparece.

- Você sabe como tudo aqui é bem silencioso, eu ouvi a moto passando pela rua, fui olhar pela janela e olha a surpresa, você aqui! Falando em moto, quem é você, Yuratchka, conhece ele de onde? - Meu avô se aproxima de Otabek.

Breaking The RoutineOnde histórias criam vida. Descubra agora