Capítulo 9

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Anne, que já se refizera, tentou explicar-se:

—Você deve desculpar Taylor, meu bem. Ela fica muito nervosa sempre que me refiro a sua aparência.

—É mesmo? -perguntou Louis.  —Referir-se a sua aparência, eu entendo. . .

—O que você quer dizer com isso?

—Bem, não acho que Taylor vá compreender isso, antes de compreender a si mesma.

—É isso, acho que você está certo -disse a sra. Styles, hesitante. —Mas Taylor sabe que não gosto do modo como ela se veste. E qualquer sugestão minha quanto aos cavalos vira um verdadeiro drama.

—Ela... ela ajuda nos trabalhos da fazenda?

—Sim. A propriedade é grande, e embora haja um capataz, que você vai conhecer a qualquer momento, ele não dá conta de tudo. São muitos alqueires e a maioria deles é arrendada. Harry não explicou isso a você?

—Ele disse que seu. . . seu pai era proprietário da maior parte das casas da cidade -gaguejou Louis. 

A sra. Styles sorriu, irônica.

—Parece que você tem dificuldade em aceitar Harry como filho de seu tio-avô.

—Por quê? Não, isto é, eu... eu... -Fugiram-lhe as palavras. —A senhora não quer continuar a falar da fazenda? -sugeriu. —Estou  realmente interessado.

A sra. Styles olhou-o como se ainda tivesse alguma coisa a dizer, porém aceitou a sugestão de Louis e continuou:

—Bem, é verdade que Henry era o maior proprietário de terras da região. Mas agora estamos falando das terras ao redor da casa, não é? Quando Henry era vivo, os empregados cuidavam bem das terras e da casa, mas, depois de sua morte, infelizmente alguns não me aceitaram como patroa e foram despedidos.

—Despedidos -repetiu Louis imperceptivelmente.

—Lily era diferente; estava aqui há dois meses, e não tinha muita ligação com Henry. A cozinheira é nova, É uma mulher muito eficiente. Nós ocupamos apenas uma parte da casa, a que você conhece. Naturalmente você ainda não a percorreu inteira. É grande demais, mas gosto dela.

—E Taylor? -aventurou-se Louis a perguntar.

—Taylor? Bem, Taylor é a filha de minha falecida irmã. Quando ela morreu, há dois anos, e Taylor ficou só no mundo, sugeri a Henry que ela viesse morar comigo. Ele concordou. No começo ela tentou arrumar um emprego em Helmsley ou em Whitby. Daqui há condução para esses lugares, você sabe -disse a sra. Styles, fugindo um pouco do assunto. 

Louis concordou e ela prosseguiu: 

—Mas quando notamos que Taylor gostava de animais, Henry sugeriu que ela se encarregasse de cuidar dos cavalos. Naturalmente uma coisa leva a outra. Quando alguns empregados foram embora, após a morte de Henry, Taylor teve que se ocupar de outras coisas.

—Como os porcos? -perguntou Louis, com certa frieza. 

 A sra. Styles respondeu indiferentemente:

—Alguém tinha que fazê-lo. Hoje em dia é difícil arrumar empregados, pois a maioria dos jovens vai para as cidades grandes. Os empregados de Henry eram todos de meia-idade, e até mesmo mais velhos. Não conheciam outro tipo de vida.

Louis começava a entender e sentiu um pouco de pena de Taylor. Que motivo a prenderia naquela casa, sendo tratada daquela forma pela tia? Percebeu então que a única razão de Taylor aceitar essa vida era Harry. Louis já havia pensado nisso uma vez, mas ficou em dúvida se Anne a considerava a esposa ideal para seu filho. Louis concluiu que ela sonhava mais alto, pensando no filho. Era uma mulher ambiciosa, quanto a isso não havia dúvida. 

Tempestade (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora