Capítulo 15

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Assim que acabou de falar Louis se arrependeu. Tinha ido longe demais. Até Taylor estava pouco à vontade. Harry estava decididamente furioso.

—Agora espere um minuto! Não tenho que ficar aqui ouvindo seus desaforos. É óbvio que aconteceram coisas durante minha ausência, e provavelmente desagradáveis. -Olhou então para Taylor e perguntou: -O que foi que você andou lhe contando?

—Absolutamente nada -protestou Taylor. —Se você quer saber, Louis está aprendendo a conhecer o mundo em geral e a você em particular.

—O que quer dizer com isso?

—Oh, nada... -gaguejou Taylor, corando. —Olhe, me dêem licença, por favor, tenho muito o que fazer. -Virou-se e entrou no celeiro.

Depois dela ter ido embora, Louis fez menção de pegar os baldes outra vez, mas Harry o impediu.

—Ainda não -disse, zangado. —Quero falar com você.

—Não pode esperar?

—Não! Não posso! Pegue seu cavalo, vamos dar uma volta.

Louis quis recusar, mas não se atreveu. Havia algo em sua expressão que não admitia ser contrariado. Selou a égua e ambos saíram a passeio. Uma vez nos campos, um pouco de sua apreensão se dissipou pelo simples fato de se sentir livre, mesmo que fosse temporariamente. A manhã não prometia ser bela. À frente deles, nuvens escuras prenunciavam uma tempestade. A atmosfera estava pesada, e o ar, tão frio que fez Louis tremer. Ele estava usando apenas um suéter sobre uma camisa velha de Taylor. Já não se viam a casa nem o celeiro, o estábulo e as outras construções da redondezas. Além do mais, o fato de estar a sós com um homem por quem revelara tão pouco respeito deixou-o um pouco nervoso Finalmente, quando Louis já se impacientava com o silêncio de Harry, ele disse:

—Vamos parar. Aqui há um abrigo que conheço desde garoto. Podemos conversar tranquilamente. Bem, pelo menos não nos molharemos.

Louis hesitou, mas quando Harry apeou ele fez o mesmo. Estavam parados  à beira de uma descida íngreme. Pegando as rédeas de seu cavalo, Harry desceu com ele o declive até uma saliência de pedra. Louis seguiu-o e ficou surpreso ao ver que, embaixo da pedra, havia uma pequena caverna de pedra escondida pelo mato. Harry já havia amarrado seu cavalo num dos arbustos que havia por ali e Louis fez o mesmo com Rosie. Só depois é que deu uma olhada à sua volta e lembrou da cabana. Harry estava de pé, perto da entrada da caverna. Tirou um maço de cigarros do bolso, acendeu um e ficou olhando atentamente para Louis, que não escondia seu nervosismo. No rosto de Harry estava estampada a mesma condenação que ele vira algumas vezes no do diretor de seu colégio quando fazia algo errado e era levado a sua presença. Ele fumava impassível, não parecendo disposto a começar a conversa.

—Não podemos começar logo com esse papo? Quero dizer. .. aqui não é muito agradável. Mas se o senhor vai me humilhar, por que não começa de uma vez?

—Pare de falar comigo como se eu fosse um inimigo! -exclamou.—Não sei o que aconteceu com você. Quando trouxe você para cá, podíamos pelo menos conversar.

—Podíamos? -Louis chutou uma pedra, impaciente. —O senhor nunca me ouve, e sempre quer ter razão.

—Não é assim, Louis!

—Oh, não! Está certo! Por um momento eu esqueci com quem estava falando. É que eu guardei meus brinquedos durante sua ausência e agora preciso pegá-los de novo. -Sentiu-se infeliz. —Oh, por que o senhor me faz dizer essas coisas? Eu não sou um carrasco. Não sou mesmo! Por que não me trata de igual para igual?

Tempestade (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora