Capítulo 4

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Tarde da noite, deitado entre os lençóis da cama mais luxuosa que já vira em sua vida Louis revia os acontecimentos detalhadamente. Fora um dia estranho, mas ele não se sentia completamente infeliz. Estava excitado e não conseguia dormir. Na verdade, não estava habituado àquele tipo de vida. Lembrou-se dos garotos do colégio. Será que estariam pensando nele? Mark estaria, pois era seu melhor amigo. Ao pensar em Harry Styles, virou-se de bruços. Ele não conhecera muitos homens como ele  até então e certamente nenhum tão atrativo. Era ríspido e Louis suspeitava que ele podia ser cruel quando quisesse conseguir alguma coisa. Mas não podia negar que havia uma certa gentileza em seu modo de tratá-lo. Durante o jantar ele perguntou tudo sobre sua vida, inclusive detalhes de sua estada no colégio e suas férias frequentes com Henry Farriday. Louis sorriu ao concluir que, apesar de suas negativas constantes, Harry era muito parecido com seu pai. Tio Henry fazia também muitas perguntas. Estava sempre atento aos interesses dele e, graças a seu estímulo, Louis se saíra tão bem na escola. 

Acabado o jantar, Harry desculpou-se e deixou-o sob os cuidados de Graham. Tinha um encontro para tratar de negócios ou algo parecido. Louis sentiu-se desapontado por não vê-lo de volta às dez horas e Graham sugeriu que ele fosse deitar-se. Como não conhecesse o apartamento, o criado prontificou-se a mostrá-lo. Era muito grande: quatro dormitórios, cada um com seu banheiro privativo, a sala de estar, a de jantar, a cozinha e um pequeno escritório onde Styles costumava trabalhar em suas peças. Graham ocupava um pequeno quarto ao lado da cozinha, com entrada independente.O quarto destinado a Louis era decorado em tons de azul e verde pastel, com cortinas e colcha bege. A banheira era grande e com torneiras douradas. Havia também uma ducha. Para Louis era uma novidade, por isso resolveu tomar uma antes de se deitar. Seu pijama de algodão parecia grosseiro demais comparado aos lençóis de seda creme que guarneciam sua cama. Mas não se preocupou com isso. Desligou a luz com indiferença, feliz por ficar sozinho no escuro. Lá de cima não se ouvia nenhum ruído de tráfego. O silêncio era absoluto. De repente acordou num sobressalto. Devo estar bem atrasado, pensou, quando ouviu um barulho em sua porta e percebeu que alguém entrara no apartamento. Acendeu a luz e olhou para o relógio. Apagou-a de novo ao constatar, irritado, que eram apenas duas horas da manha. Deitou-se e ficou olhando para o teto no escuro. Era muito tarde para  Harry ter tido um encontro de negócios, pensou. Não passava de uma desculpa para se ver livre dele por alguns momentos. Talvez tivesse uma namorada com quem pretendesse casar. . . De certa forma, desde que ele o tirou do colégio, começou a vê-lo como via seu tio Henry. ou seja, que eram importantes um para o outro. Tolice sua! Imagine se um homem como  Harry Styles, rico, famoso e atraente, poderia considerá-lo algo mais que um estorvo pelo qual era temporariamente responsável? Ele mesmo não dissera isso ontem à tarde? Louis virou o travesseiro e ajeitou-se melhor. Não sabia porém explicar para onde fora a excitação que sentira antes. Acordou com uma leve claridade, vinda da veneziana, mas pela pouca luz que entrava e pelo barulhinho contínuo na vidraça percebeu que o tempo não melhorara. Continuava chovendo. Levantou-se e, abrindo a veneziana, espiou lá fora. A manhã estava cinzenta, o céu escuro. E era apenas fim de outubro! Seria um longo inverno, pensou. De repente tremeu, mas não de frio. Eram seus nervos novamente. Queria saber, ansioso, se sua opinião sobre Harry Styles mudaria hoje.

Olhou para o relógio e assustou-se. Já passava das onze! Meu Deus! O que Harry pensaria dele, dormindo até aquela hora? No colégio costumava estar de pé às sete da manhã. Entrou no banheiro, apressado, lavou o rosto, as mãos, escovou os dentes e penteou o cabelo. Vestiu então o mesmo uniforme que usara no dia anterior. Quando saiu de seu quarto viu que a sala de estar estava vazia: olhou à volta procurando alguém. Nisso apareceu Graham. Carregava um aspirador de pó e ficou embaraçado ao ver Louis.

Tempestade (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora