Capítulo 6

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Apesar do tempo horroroso, passava um pouco das seis e meia quando deixaram a estrada para Borough bridge e seguiram para Malton. A rodovia para o norte de Yorkshire, além de tortuosa, estava mal iluminada. Era preciso dirigir com cuidado. Passaram por várias cidadezinhas antes de pegarem uma subida estreita cheia de curvas fechadas. Era um pouco assustador andar por ali guiados apenas pelas luzes do carro. A estrada estava escorregadia e, se não acreditasse na habilidade de Harry como motorista, estaria apavorado. Finalmente pareceram alcançar o topo da montanha e, mesmo apesar da pouca luz, Louis percebeu que na frente deles havia um trecho árido, uma espécie de campo aberto sem o menor sinal de vida. Calculou que estavam na charneca e lamentou que não fosse dia para que pudesse ver melhor a paisagem. Ouvira dizer que a charneca, essa espécie de campo árido, era linda, mas agora, com a escuridão e a chuva, tudo parecia negro e desolador. Se Harry percebeu sua apreensão, nada disse para tranquilizá-lo. E foi apenas quando chegaram a um vale, e avistaram as luzes das casas, que ele falou:

—Lá na frente está Hollingford. A casa fica a mais ou menos um quilômetro e meio da cidade. É uma propriedade grande. Meu pai possuía também a maioria das casas da cidade.

Louis buscava desesperadamente algo para dizer. A maior parte da viagem transcorreu em silêncio. Não se chateou com isso, pois estava ocupado com seus pensamentos após a surpreendente revelação que Harry lhe fizera. Não tinha ideia sobre o que ele estava pensando, mas sendo escritor deveria dar asas a sua imaginação.

—Está com fome? -perguntou, olhando para o rosto pálido dele. —Minha mãe deverá estar com o jantar pronto quando chegarmos.

—Não muita. O senhor deve imaginar como estou nervoso.

—Não precisa ficar nervoso, ninguém vai comer você -retrucou, sorrindo. —Afinal vou estar por perto.

Entraram na cidadezinha. Só havia uma rua com algumas lojas e casas, uma igreja e uma escola. Deixando-a para trás, entraram num caminho ladeado por árvores. Finalmente chegaram até dois grandes portões, com uma guarita de porteiro ao lado; mas não havia ninguém lá. Louis supôs que não estivesse mais sendo usada, pois os portões estavam abertos. Continuaram então em direção à casa e assim que a avistou, iluminada pelos faróis do carro, Louis sentiu-se nervoso novamente. Grey Witches não era bonita. Sua fachada de pedra estava coberta por trepadeiras. Suas janelas eram quadradas e sóbrias. Tinha três andares e não era parecida com a casa de campo que havia imaginado. Harry estacionou o carro na entrada, em frente a um lance de escadas, e acendeu a luz de dentro do carro para ver a reação de Louis. Achou-o desapontado e perguntou:

—O que você esperava? Um palácio?

—Claro que não. sr. Styles. É. . .é apenas diferente do que imaginei, só isso.

Sem responder, ele apagou a luz e saiu do carro. Louis seguiu-o, colocando o capuz da capa para proteger-se da chuva, agora mais fraca. A casa tinha um aspecto sombrio e desconfortável. Louis estranhou quando as luzes de fora se acenderam e ninguém veio recebê-los. Harry, porém, estava imperturbável. Pegou as malas e levou-as até a porta. Tirou a chave do bolso e abriu-a, deixando Louis entrar na frente. Acendeu então as luzes e ele notou antes de tudo a cor vermelha do carpete. Havia muitos quadros nas paredes e tudo estava impecavelmente limpo: A escadaria em curva levava ao andar superior e foi de lá que veio o primeiro sinal de vida. Uma moça de belos cabelos loiros  veio ao encontro deles. Era bonita e com aparência saudável. Embora já fosse noite, ainda usava calças de montaria e  Louis reparou que lhe caíam muito bem.

Tempestade (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora