Capítulo 19

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   Dois dias depois Louis já estava de pé outra vez, mas Taylor não permitiu que ele fizesse qualquer trabalho pesado,a sra. Styles, indiferente quanto à franqueza dele, continuava lhe dando todas as pequenas incumbências de antes. A Louis foi dada a tarefa de levar o café para Camille. Contudo, após a primeira vez, Camille se recusou que Louis o fizesse, e passou a descer para tomar o café na sala, aliviando-o assim dessa tarefa. Louis passava a maior parte do tempo fora de casa, mas Taylor estava sempre por perto, não o deixando fazer nada que fosse cansativo. Cabia-lhe apenas exercitar e treinar os cavalos. Todos pareciam satisfeitos em vê-lo novamente com saúde, inclusive os empregados da fazenda. Camille passava a maior parte do tempo em seu quarto. Só saía para as refeições ou então para conhecer alguma cidadezinha vizinha. Ela havia alugado um carro de uma firma em Malton, e uma ou duas vezes pediu a Louis que a acompanhasse, mas ele, embora agradecesse amavelmente, sempre se recusou a ir. Não podia suportar a companhia da mulher que um dia se casaria com Harry. Embora tivesse dito que Camille não significava nada para ele, seu comportamento para com ela desmentia essa afirmação. E Louis não tinha certeza das intenções de Harry para com ele. Harry era muito imprevisível.

 Os dias passavam devagar. Louis não queria pensar no que aconteceria quando Harry voltasse para o Natal, e certamente ele voltaria. Pensou em fugir, mas não tinha dinheiro, somente umas poucas economias da mesada que seu tio-avô Henry lhe dera em vida. Harry nunca falara com ele a respeito de mesadas, e Louis não tinha coragem de sugerir tal coisa, considerando a precariedade de sua situação naquela casa. E sem dinheiro ele não podia fazer muita coisa. A situação não tinha mesmo solução. Durante a primeira semana, após a partida de  Harry, surgiu uma saída. Vincent o havia levado ao cinema uma noite e no caminho de volta para casa pediu-o para ir morar com ele. A princípio Louis não o levou a sério, mas, quando viu sua expressão magoada, percebeu que ele não estava brincando.

—Mas, Vincent, nós só nos conhecemos há pouco tempo! -exclamou. —Como você pode ter certeza de uma coisa tão séria assim?

Vincent parou o carro, apagou os faróis e acendeu a luz de dentro.

—Eu sei disso desde o primeiro momento em que o vi. Você é muito diferente dos outros garotos, e eu quero ter alguém ao meu lado.

—Mas eu não amo você, Vincent -disse amavelmente.

—O amor virá com o tempo. Afinal, ele nasce com a convivência. Duvido que muitos casais realmente se amem antes de dividirem o mesmo teto. Eles pensam que sim, mas não é amor verdadeiro. Amar é estar com alguém, dividir a vida com alguém. Dividir problemas e alegrias.

Louis sorriu. Então era essa a definição de amor de Vincent: completamente diferente da sua.

—Acho que você está falando de duas pessoas gostarem uma da outra. Amor é muito diferente. Amar é querer alguém com desespero, é não poder imaginar-a vida sem essa pessoa. Amar é como ter fogo nas veias!

—Isso é estar enfeitiçado.E como é que você sabe? -perguntou Vincent. —Você está apaixonado por outra pessoa? E é por isso que você sabe tanto sobre o amor?

—Talvez -admitiu Louis. —De qualquer modo, eu sei que não amo você, e não é comigo que você deve se casar. Talvez você precise de alguém diferente.

—Oh, Louis, diga que sim, por favor!

—Desculpe, Vincent, mas não posso.

—Então existe mais alguém?

—Pode-se dizer que sim.

—Quem é? -Vincent encarou-o e, adivinhando quem era o outro, disse: —Não, não é possível que esteja apaixonado por Harry Styles!

—Por que você acha que é ele?

—Porque, além de mim, ele é o único homem disponível por aqui.

—Poderia ser alguém que conheci no colégio.

—Não acredito. Isso é ridículo! Harry tem trinta e sete anos; é dez anos mais velho do que eu!

—A idade não tem nada a ver com isso! -protestou Louis, achando absurda a comparação.

—Você sabe que está perdendo tempo, não sabe? Os objetivos da sra. Styles são outros. Você ainda não se encontrou com a srta. Kendall?

—Harry não vai se casar com ela.

—Por que tem tanta certeza?

—Você poria uma mulher em sua casa se tencionasse casar-se com outra?

—Ah, entendo, você se refere à sra. Rowe-Bel.

—Exatamente.

—Deve ser ótimo ser rico e influente -disse Vincent. —Ser perseguido pelas mulheres e os homens mais lindas do mundo! E você, o que é que vai fazer?

—Quando eu atingir a maioridade, o sr. Styles vai me arrumar um emprego -disse calmamente.   —Não aqui. Prefiro viver no sul. Bem longe de Grey Witches. -Sua voz era quase inaudível.

—Muito bem, se você está convencido, não há nada mais para ser dito. Mas prometa que vai pensar sobre o assunto.

Louis concordou, mas seu pensamento estava muito longe dali. Como é que dois homens poderiam ser tão diferentes! Vincent nunca o havia sequer beijado e estava lhe propondo casamento, enquanto Harry, a quem se entregara mais de um vez, não queria nada com ele. Na manhã seguinte, Louis encontrou o carteiro quando se dirigia ao estábulo para tratar dos cavalos. Sorrindo, ele perguntou:

—Quer que leve essas cartas para o senhor, sr. Meridew?

—Claro que sim! -disse o carteiro. Olhou para a correspondência que tinha nas mãos, e tirando alguns envelopes deu-os para Louis.

—Linda manhã, não? Logo será Natal. Será que teremos neve?

—Espero que sim -disse Louis, entusiasmado.

—Bem, eu espero que não -retrucou ele, com um sorriso largo.—Meu trabalho fica muito mais pesado quando há neve no caminho. 

Louis sorriu e, desejando-lhe um bom-dia, o carteiro seguiu adiante. Depois de acabar seu trabalho, deu uma olhada nas cartas. De vezem quando, Mark escrevia para ele, mas desta vez não havia nenhuma carta do amigo. Havia porém, no meio da correspondência, uma carta endereçada a ele. Tinha um aspecto meio oficial, com o nome de uma firma de procuradores impresso do lado esquerdo. Louis olhou para a carta, surpreso. Jamais havia recebido uma carta de tal firma. Certamente não eram os mesmos que trataram do testamento de seu tio-avô, pois essa firma era de Bognor. Seu coração bateu mais forte ante a expectativa do conteúdo da carta.Quis manter segredo, por isso enfiou-a no bolso da calça e, depois de colocar as outras sobre uma mesa no vestíbulo, subiu correndo para seu quarto. Fechou a porta e só então abriu o envelope.

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Tempestade (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora