Friends? Friends.

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Christian.

Uma batida hesitante na porta é a responsável pela minha volta a realidade. Eu não sai do meu quarto desde que falei com Anastasia e uma rápida olhada no relógio me revela que isso já faz quase três horas.

Eu tenho sorte de que os meus irmãos não estão em casa, caso contrário eu teria que explicar o por quê da minha explosão.

O barulho da maldita coisa soa novamente, me tendo de pé e caminhando até ela em segundos. Tomando uma respiração longa, eu destranco e olho para o única pessoa que poderia estar sendo uma dor na minha bunda.

Os olhos de Anastasia brilham em lágrimas assim que escancaro a porta e eles imediatamente fazem contato com a bagunça de merda que está o meu quarto. Além da guitarra e do cinzeiro, eu também descontei a minha raiva na garrafa de whisky e no copo, fazendo um mar de cacos de vidro pelo carpete.

A verdadeira caminhada para a morte.

Ela analisa tudo com olhos arregalados e engole antes de olhar para mim com expectativa. Ela parece nervosa, ou arrependida. Está vacilante em seus pés e pela primeira vez eu vejo que talvez, e somente talvez, ela possa ser uma coisinha humilde.

— O que você quer, Anastasia? - ela ligeiramente salta e olha para mim.

Seus olhos me fitam um pouco assustados e arregalam ainda mais quando percebem a toalha enrolada na minha mão direita.

— O que houve? - sua voz não passa de um sussurro e porra, me deixa duro na hora.

O quê há com a maldita mulher?

— Nada. O que você quer aqui? Já não bastou o que me disse mais cedo. Eu falei sério, Anastasia. Eu já entendi o seu ponto e não preciso dessa merda.

Ela parece resignada quando deixa sua cabeça cair e torce os dedos.

— Eu queria me desculpar com você e...

— Você já fez isso. O que mais quer aqui?

— Eu vim porque... bom... você não me respondeu e eu ouvi uns... hum... barulhos e fiquei preocupada e...

— Me poupe dessa merda, Anastasia. Eu já percebi que você não é assim. A humildade não combina com você nenhum pouco.

Ela morde o lábio inferior e dá um passo na minha frente, para cima de mim. Recuo dois, dando a pobre porta um aperto de morte.

Ela pode ser um pé no saco a maior parte do tempo, mas porra, a mulher mexe comigo e eu admiro que daria qualquer coisa para provar dos seus lábios novamente. 

— Me deixe pelo menos olhar isso. - estendendo a mão, ela espera que eu ceda e lhe mostre o meu corte, mas eu não o faço.

Querida, eu não sou seu cachorrinho.

Eu não dou a porra da pata quando você manda.

— Por favor. - uma lágrima rola dos seus olhos e eu por instinto a seco.

Puro instinto? De que demônios veio isso?

Ela aproveita a deixa e agarra o meu pulso com a mão direita e usa a esquerda para empurrar o meu peito para dentro do quarto. Batendo a porta com o pé, ela pelo menos não deixa que eu corte também os meus pés com os vidros espalhados pelo chão.

Caio sentado na cama com Anastasia de joelhos à minha frente.

Puta. Que. Pariu.

Por que diabos a minha vida é tão difícil?

Give to meOnde histórias criam vida. Descubra agora