Give to me

Yes, i do

Anastasia.

Sinto meu corpo estranho, meio pesado.

Tento me mexer mas uma ferruada no meu braço me faz gemer. Respiro fundo e forço meus olhos a se abrirem.

No início é tudo embaçado e estranho, mas a medida que as coisas vão se tornando mais claras tomo consciência do teto branco e do cheio de álcool no ambiente.

Me mexo um pouco mais, tentando achar uma posição que não machuque tanto as minhas costas. Meus músculos são como pedras, como se eu não os movimentasse a meses.

Com esforço consigo me colocar numa posição levemente inclinada é assim tenho uma visão melhor do quarto.

É tudo branco e inexpressivo. A única coisa que oferece alguma cor é a janela panorâmica logo à frente da minha cama.

Olho através do vidro, em direção a cidade e sou presenteada com o amanhecer.

O sol nasce aos poucos, o céu calmamente clareando. Um show de laranja, amarelo e rosa me dá a sensação de que hoje será um dia feliz.

Não precisa ser nenhum gênio para perceber que estou num hospital, só não consigo me lembrar com clareza o por que vim parar aqui.

Encosto a cabeça no travesseiro e fecho meus olhos novamente, massageando com cuidado minhas têmporas.

Vamos lá, cérebro.

Eu sou Anastasia Steele, youtuber e empresária. Tenho 18 anos. Meus pais se chamam Carla e Raymond. Minha melhor amiga se chama Kate e o meu namorado se chama Christian. Christian Grey.

Como se ele fosse possível ser esquecido.

Me lembro que tenho dois cunhados que sempre me trataram como uma irmã mais nova.

Passo minhas mãos suadas pelo lençol e toco a minha barriga plana.

E eu também me lembro do bebê. Eu estava grávida.

E também me lembro do Ricky. E me lembro do tiro. E me lembro de sentir muita dor e muito medo.

Sinto meu coração acelerar no peito e a máquina ao lado da minha cama começa a fazer um barulho chato. A porta se abre e um Christian com os cabelos bagunçados e barba por fazer passa por ela.

Ele levanta a cabeça e seus olhos se arregalam. O copo que ele segura vai para o chão e em dois passos ele está em cima de mim sorrindo e chorando, tudo ao mesmo tempo.

— Ana, baby. Por favor, diga que isso é real. — ele segura meu rosto e me fita com cautela.

— Eu estou aqui, Christian. — ele soluça e ri, segurando minha cabeça com força enquanto me dá um beijo de tirar o fôlego.

— Eu senti tanto a sua falta, amor. — limpo algumas lágrimas dos seus olhos e beijo sua palma. — Feliz aniversário, baby.

Meu sorriso se desfaz na hora.

Como assim feliz aniversário?

— Como assim, Christian? Não é meu aniversário hoje.

Ele suspira e me dá um olhar carinhoso.

— Ana, você estava em coma já faziam seis semanas.

Eu olho para ele incrédula e gargalho, esperando que ele faça o mesmo e diga que isso não passou de uma pegadinha.

Mas ele não faz.

Christian segura a minha mão e me olha sério, uma mistura de medo e alívio brilhando nos seus olhos.