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"He said: One day you'll leave this world
behind
So live a life you will remember
My father told me when I was just a child
These are the nights that never die
My father told me"

6 anos atrás

'Mamã, vamos já, tenho sono'

'Tá bem, já vamos, deixa só terminar de falar com a tua tia e já vamos'

Eu já estava cansada, queria ir embora, não gosto muito de festas (mesmo sendo criança). Apenas queria chegar em casa, tirar os sapatos, escovar os dentinhos, dar um beijinho no papá e me enroscar com os meus ursinhos na minha cama quentinha.

Mas ao invés disso estou aqui em casa da minha avó, a celebrar o aniversário da minha prima com toda a família.
Quando chegamos em casa, já era muito tarde. Meu pai já estava dormindo. Ficamos um bom tempo lá fora esperando o meu pai vir abrir a porta porque a minha mãe esqueceu as chaves em casa da minha avó, estava frio lá fora, eu, os meus irmãos e as minhas tias já estávamos muito cansados, eu estava a sentir muito frio e comecei a chorar porque o meu pai não dava sinal algum, estavamos na rua, eu estava cansada e porque já havia dito na mamã para irmos embora a muito tempo. Quando entramos, eu ainda estava a chorar, eu olhei para o meu pai, e correu me um frio pela minha espinha, eu tinha medo, não sei do quê.

'Estás a chorar porquê?'. Meu pai parecia muito mau, eu tinha de responder, apenas abanei a cabeça.

'Nada'

'E estás a chorar porquê?'. Eu tinha tanto medo, eu sentia a ameaça nas palavras do meu pai, abanei a cabeça mais uma vez e eu, os meus irmãos e minhas tias corremos para os nossos quartos, estávamos todos mortos de cansaço.

Foi aí que começou, apenas ouviamos gritos, uma conversa bruta que nem sequer me quero lembrar das palavras proferidas. Eu apenas chorava, de dor e agonia, me perguntando porque gritam um com o outro, outra vez e outra vez? Quando é que isso vai parar, pois eu já não aguento mais, está a ser cada vez mais difícil entender isso.

Depois de algum tempo fomos até a casa de minha avó, estava divertido,  eu, a minha irmã e o meu irmão estávamos a brincar com as minhas primas, até que chegou a hora em que o meu corpo ficou trêmulo e eu só quis chorar ainda mais.

A minha mãe chamou a mim, ao meu irmão e a minha irmã, não chamou a minha irmã mais velha porque ela já estava a par do assunto e a minha mãe só tinha necessidade de falar connosco que eramos os mais pequenos.

'É assim meus filhinhos' A minha mãe estava com um ar tão triste.

'A mamã vai ficar aqui na casa da avó por algum tempo, e queria saber se querem ficar comigo?'

A minha irmã mais pequena (que puxei), sorriu e disse que queria ficar com a mamã, o meu irmão mais velho também disse que queria ficar com a mamã. Eu olhei para eles dois e depois para a minha mãe e me perguntei, por que temos que fazer esta escolha, onde está o papá, o que está a acontecer, porque a mamã nos faz essa pergunta? Estava tão confusa, então apenas abanei a cabeça em concordância.

'Sim, com a mamã'

***

Não sabia eu que estávamos a nos mudar, eu não entendia nada, estava confusa.
Depois de alguns meses é que nos explicaram que os meus pais se divorciaram, eu me perguntava o que foi, o que aconteceu, porquê, temos culpa? E não obtive respostas, era apenas uma criança, então eu chorava e chorava muito. É sei, mimosa, a partir daí tudo me fazia chorar, até quando me ralhavam eu chorava, acho que eu devia ser declarada rainha da água, pois eu só chorava, por mais pequena que essa coisa seja.

Mudei tanto de casa, e a maioria das vezes por motivos absurdos, mas enfim, era só me aguentar. Sentia tanto a falta da minha casa.
Eu me sentia mal, muito mal mesmo, a medida que ia crescendo, me sentia mais magoada. Sentia que ninguém me ligava nenhuma, um estorvo, um grau de pó que escondiam e guardavam em baixo do tapete, ninguém se importava. Comia pouco e mesmo assim.

Minhas tias que viviam com a minha avó, quando nós fossemos pra lá, me sentia tão mal, as minhas tias só implicavam comigo, apenas as que viviam comigo me entendiam.
Foram me causando feridas ao longo destes anos todos, começando pelo divórcio dos meus pais, o maltrato e ignorância dos meus familiares e muito mais a frente.

Perante tudo isso eu tentava sempre o meu melhor, sempre tentei, mas pelos vistos nos olhos de outros eu apenas fazia errado, parece que estou mesmo só neste mundo.

Que tal se eu me matar, alguém vai sentir a minha falta? Estes eram os tipos de questão que eu colocava a mim mesma, eu sentia que não era precisa neste mundo, me sentia só, era difícil eu entender essa questão.

Certo dia eu estava a escrever no meu diário, preferia não falar com ninguém, sentia que não iriam me perceber, até que uma das minhas tias que vivia connosco me encontrou (eu amo muito a minha tia, é como se fosse minha mãe).

'Lu, o que é isso?' Diz se referindo ao diário, tirando o da minha mão, e lendo.

'Lu, o que se passa, porque escreves isso?' Eu não conseguia responder apenas a olhava.

'Sabes que mogoa não é?' Apenas abanei a cabeça em concordância. Ela me abraçou.

'Não te preocupes, vai tudo passar tá meu amor' Ela depositou um beijo em minha testa e se foi.

Vêm porque a amo, ela é um anjosinho. Ela tentava sempre me perceber, fazia sempre o melhor para que eu e os meus irmãos nos sentissemos bem, nos mimava, nos fazia rir, ela é a melhor.

Amigos, não são pra mim. Mas tenho um sim, Deus.
Ele é minha salvação, de todas as vezes que eu já quis acabar com a minha vida Ele estava lá para me dizer como amigo Se eu fizer qualquer coisa eu terei problemas com Ele, mas na maioria das vezes é porque tinha muito medo do inferno, mas devia apenas ter medo e respeito por Deus. Então para me salvar me entreguei de corpo e alma para Ele, frequentei a catequese e me apaixonei por Ele.
Acho que as pessoas deviam experimentar falar com Ele sempre que se sentir em baixo e querer desistir.

Os anos passaram e eu cresci, querem saber o que acontece depois? Venham que vos conto a minha vida actual...

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Olá a todos queridos leitores,
este é o primeiro capítulo e espero muito
pelo vosso feedback nesta história,
tenho muitas ideias .

Letra: Avicii- The nigths

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Q.Sky

Dançando Com O DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora