27. Anjo

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"'Cause girl you're perfect
You always worth it
And you deserve it
The way you work it
'Cause girl you earned it
Girl you earned it, yeah"


Hoje eu não acordei nada bem, dói me muito a cabeça, sinto me um pouco fraca e sem disposição alguma. Tenho andado assim já a alguns dias, mas tento sempre ignorar a dor. Quando eu era pequena qualquer dor me derrubava, eu ficava de cama pela mínima dor que sentia, mas isso foi mudando por ouvir as minhas tias sempre dizendo que sou muito preguiçosa e mulher que é mulher aguenta as dores. Ouvindo isso ao longo do tempo fui aguentando as dores e até hoje sou assim, mas eu fiz mal de ter escondido estas dores.

Quando me preparava para ir a escola sentia muita tontura, mas mesmo assim resiste, bastou eu chegar lá fora para piorar.

'Tu estás bem?'. Pergunta a minha colega que vai comigo todos os dias a escola.

'Sim estou'. Estou mas é me sentindo miserável.

'Tu não tens cara de estar bem'. Ela diz encostando em mim e colocando a sua mão em minha testa depois em meu pescoço verificando a minha temperatura.

'Você está queimando de febre, melhor voltar pra casa e descansar'

'Não, eu estou bem, é só um mau estar, depois passa'

'Tu não me enganas, vamos'. Ela retira a minha mochila de minhas costas e coloca em seu ombro, pega em meus ombros e me derige devolta pra casa. Eu chego, me troco, e me deito no sofá, acho que tudo o que eu estava sentindo piorou umas 100 vezes. Ficar em casa sem fazer nada é um destino muito triste. Começo a sentir muito frio e vou buscar uma manta, e durmo por não sei quanto tempo.

Quando acordo encontro Marcos bem ao meu lado fazendo carinho na minha cabeça e vendo tv, acho que ele não se apercebeu que já acordei.

'Como te sentes?'. Ele pergunta sem tirar os olhos do televisor.

'Ahm, mais ou menos, ainda me dói um pouco a cabeça'

'Ok, já comeste?'

'Não tenho lá muita vontade de comer'

'Você nunca teve vontade de comer'

Era uma quinta-feira quando tudo começou.

'Lú, ainda te sentes mal?'. Essa é a minha irmã mais velha a perguntar.

'Sim'

'Já ligaste ao papá?'

'Já, ele diz que se piorar me leva a fazer uma análise'

'Tá bem'

Meu telefone toca

'Alô!'

'Sim, Luísa, vai na arca e tira o peixe espada, tempera para grelhar mais tarde e arruma o meu quarto'

'Mamã, não estou a me sentir bem'

'Desde quando?'. Sério que ela perguntou isso, ela vive comigo e não sabe como estou, estou assim a três dias e ela não sabe, até o meu pai sabe.

'Desde quinta-feira'

'Tá bem, até logo então'

Dói me saber que minha mãe por vezes não se importa comigo, mas ao menos tem pessoas que se preocupam comigo. E Marcos é uma das pessoas que ficou em minha casa cuidando de mim.

'Sabes que tens de comer né, não me obrigues a te dar de comer'

'Não o faças, eu ainda tenho braços e mãos'

'Anda cá'. Ele se levanta, vem sentar mais perto de mim, pega no garfo e me enche de comida, essa desgraça, mesmo lhe dizendo que não preciso de ninguém para me dar de comer.

Dançando Com O DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora