Memoires

VI

Punta del Este: Cidade litorânea do departamento de Maldonado, no Uruguai, famosa por ser um dos balneários mais luxuosos de toda a América do Sul. Um pequeno paraíso que mistura a elegância das grandes construções com a sua beleza própria natural, lembrando uma espécie de ilha encantada que nunca dorme e nunca apaga as luzes. A cidade em que tivemos a oportunidade de viver a nossa penúltima fase do programa Popstars.
Punta del Este: A cidade em que eu e Luciana nos beijamos pela primeira vez. 

Os despertadores dos quartos do hotel tocaram pontualmente para nos tirar de um sono pra lá de acumulado. Havia chegado o momento de pegarmos as nossas coisas e enfim nos despedirmos do resort que nos abrigou durante as últimas semanas, nos rendendo dias emocionantes e inesquecíveis, mas também de muito esforço e consequentemente, muito cansaço. Me levantei da cama e encontrei uma Aline de cabelos bagunçados, esfregando os olhos sonolenta, ainda deitada em sua cama.

— Acorda, Wirley. Quer perder o voo? — Falei, enquanto pegava as minhas roupas para poder me trocar e colocar o pijama na mala, que já estava pronta. Aline despertou com aquelas palavras se lembrando da viagem e finalmente entrou no seu estado de humor habitual.

  — É HOJE! URUGUAI! EU TÔ TÃO FELIZ! — Ela exclamou aos gritos, saindo da cama num pulo só e continuando a pular pelo quarto. Era impossível não gargalhar com uma cena daquelas.

— Como você acorda rápido. Tô vendo que esse voo vai ser só festa. — Falei, enquanto me recuperava das risadas e me aproximava dela para dar um abraço de bom dia.

— Festa é o meu sobrenome do meio, garota. Até parece que não me conhece. — Ela respondeu num tom debochado. 

Aline e eu nos arrumamos, pegamos as nossas malas e descemos para a escadaria do hotel onde estavam as outras meninas, a mesma escadaria onde recebemos os primeiros comunicados dos jurados e sorteamos o número dos nossos quartos no primeiro dia de workshop. Aquele era o final de mais um ciclo das nossas vidas. Nos reunimos com as meninas enquanto esperávamos por algum sinal da Iara, que nos acompanharia na viagem. Luciana estava entretida em uma conversa com Melissa, mas não o suficiente para deixar de notar a minha presença, reagindo com um sorriso e um olhar que parecia me atravessar inteira. Eu não sabia como, mas aquela mulher parecia ficar mais bonita a cada dia que passava. Fui tirada do estado de transe ao sentir um cutucão no ombro dado por Aline e em seguida ouvir a voz de Iara, que comunicou que a van que nos levaria até o aeroporto havia chegado. O trajeto todo foi envolto por um clima de nostalgia, que nos dominou assim que a partida foi dada e vimos a imagem do resort se afastando, até enfim desaparecer de nossas vistas. 

Chegamos no aeroporto e o voo não demoraria muito a decolar. Enquanto esperávamos o chamado ao portão de embarque, sentamos no chão formando uma grande roda e começamos a cantar as músicas mais marcantes do workshop e as que nos remetiam à lembrança das participantes que foram eliminadas na última prova, como uma forma simples mas singela de homenageá-las. A animação começou a tomar forma entre nós, e agora sim parecia que estávamos prestes a viajar para um lugar novo. Porém, assim que fomos chamadas para subir no avião, descobri que eu estava errada sobre toda a festa que pensei que fosse rolar no voo. A verdade é que estávamos todas tão exaustas desde a última prova, que o trajeto foi baseado na harmonia dos nossos roncos. 

Pisamos em solo uruguaio depois de cerca de três horas de voo, já nos sentindo um pouco mais descansadas e dispostas, prontas para as novidades que estavam por vir. Estar em um país diferente trazia um frio na barriga muito bom de se sentir, e estávamos doidas para conhecer um pouco da cidade e desbravar as paisagens que nos aguardavam naquele dia de inverno ensolarado. Saímos do aeroporto e demos de cara com a primeira surpresa do dia: uma limusine preta nos aguardava para nos levar até o Resort e Cassino Conrad, um hotel cinco estrelas situado na beira da Praia Mansa. Essa sem sombra de dúvidas seria uma experiência diferente de todas que tínhamos vivido até então.