Três dias após a saída de Edward Thatch – o Barba Negra – passou observando de longe as praias de Nassau a fragata Pearl cujo comandante era o tenente Maynard. Aparentemente ele não procurava por qualquer outro pirata, mas sim por um em especial. O homem o qual a coroa estava oferecendo uma alta recompensa pela cabeça, Maynard estava atrás de Thatch, que para seu infortúnio, já havia partido. Entretanto mais tarde eles viriam a se combater e a vitória não estaria do lado de Thatch, o temido Barba Negra.
Depois de alguns meses, o forte Horizon Aurum foi organizado e estabilizado e a segurança reforçada. Junto com os reajustes na segurança do forte, Harrison aproveitou para repara os danos que o Fantasma dos Navegadores havia sofrido em seu casco na tentativa de roubo de Benjamin Hornigold. A compra de novas madeiras, cordas e a encomenda de uma nova calafetagem feita pelo marceneiro do navio, Steve, assim como a compra de novos canhões e novos morteiros, feita pelo canhoneiro italiano Manicardi, fizeram com que alguns comércios de Nassau crescessem muito. Os investimentos em Nassau com o ouro do Urca de Lima foram além do mercado de reestruturação e reforma de embarcações. O açúcar, o tabaco e o rum produzidos em Nassau começaram a ser vendidos e exportados. Com um grande investimento de dinheiro Nassau começou produzir algodão, que também seria exportado mais tarde. Nessa explosão de exportação o porto de Nassau foi reformado, novas docas e uma rua que ligava todos os cais. Novas barracas de venda começaram se erguer na beira das docas. De peixes e mariscos a perfumes e roupas, tudo era comerciado ali sob o forte sol e banhado pela brisa salgada e refrescante que se jogava do mar para o pedaço de terra habitado. Antes um esgoto, agora, uma potência crescendo de forma exponencial.
Na Inglaterra, no Brasil, em Cuba, em Portugal, na França e até mesmo na Espanha, a cidade citada como o paraíso da riqueza era Nassau, os jovens aventureiros juntamente com homens que se consideravam livres não mediam palavras para falarem de Nassau. Termos como "Cidade da riqueza", "A nova Libertalia" e "Terra que emana açúcar e rum" eram comuns entre esta pequena franja da sociedade que idealizava Nassau como um pote de ouro no fim do arco-íris. A corte real inglesa reprimia com intensidade essas pessoas e suas ideias, eles – a corte – diziam ser "apologia à pirataria" e isso na época era um crime punível com a morte assim como o exercício da própria. Todavia, os idealistas de uma Nassau divina não se continham e expressavam suas ideias enfurecendo a corte real. Enquanto isso em Nassau, o capitão Harrison estava reunido com Charles Vane e Elena Jensen na taverna, a taverna Golden Nights.
- Nassau cresceu muito nos últimos meses. – disse, Vane enquanto batia o cigarro na mesa a fim de retirar o excesso de cinzas.
- Incrível como a aplicação do capital deu vida a cidade. – disse, Elena com um diário em mãos. Vane olhou para Harrison e viu que seus pensamentos estavam longe dali, então perguntou:
- O que houve, fantasminha? –. Harrison retornou os pensamentos a reunião e respondeu:
- Nada, não é nada...
- Tem certeza? – indagou, Elena após perceber seu comportamento nada condizente com o capitão que sempre estava por ali xingando seus mandriões e agitando todos para fizessem algo útil.
- Sim – Harrison se levantou, foi na direção da porta, abriu-a – tenho certeza. – e saiu dali. Ele foi até seu quarto, se despiu, abriu a janela e ficou olhando para o céu acima do mar, a noite estava estrelada e a lua cheia. A água do mar refletia as estrelas e a lua com um movimento ondular que se quebrava na areia da praia. Harrison deitou-se com Laura que já estava na cama, respirou fundo e ficou olhando para o teto, os desenhos não formavam nada e não tinham sentido algum mas na mente de Harrison ele havia voltado em um tempo muito distante, em sua infância, no dia em que ele roubara uma maçã por influência de Evan. Seus pensamentos pesaram até aquele dia, pois nele, Harrison havia deixado para trás sua mãe, Aurea e agora ele sentia uma saudade como nunca havia sentido antes, uma vontade imensa de abraça-la e sentir o cheiro de seus cabelos, sentir seu amor de quem cuidava dele com o maior zelo do mundo, um zelo de alguém que cuida de um tesouro precioso e Harrison entendia esse zelo, e sentia falta dele.
Laura virou-se para Harrison e disse:
- O que te aflige?
- Eu passei a minha vida inteira procurando por coisas preciosas e as encontrei, muitas batalhas venci, a missão dada a mim por meu pai e meu avô está prestes a ser cumprida. – ele bocejou – Me dediquei em tornar Horizon Aurum uma realidade, embora não uma nação de piratas, mas um forte que sustenta uma cidade pirata, é o bastante, ou não... – ele hesitou – Mas hoje estava eu olhando para tudo isso e pensei "nunca fiz nada por mamãe além de ir à venda na cidade, nunca fui atrás de um tesouro por ela, nunca construí nada em nome dela e hoje não sei nem onde ela está". –. Então Laura que estava com os olhos fitados nele, disse:
- Por que não junta sua tripulação e vai procura-la?
- Não faço ideia de onde esteja... deve estar morta.
- Eu acho que ela não está e mesmo que estiver, te deixou algo especial para procurar. – Laura deitou a cabeça no peito de Harrison – Tem certeza de que não há nenhum lugar? Nada? –. Harrison rebuscou em sua mente e se recordou:
- Uma vez ela disse que tinha vontade de conhecer os povos nórdicos ou vikings, não sei como se diz.
- Isso é uma grande pista, agora você precisa querer ir atrás dela. – disse, Laura tentando anima-lo.
- Eu quero... – Harrison sentiu seu coração ferver – E eu vou! –. Laura sorriu e o beijou, então disse:
- Eu vou com você.
- Não! Eu vou sozinho. – respondeu, Harrison ríspido. Laura franziu o cenho e disse:
- Só pode estar brincando.
- Não estou. Você fica. –. Laura virou para o outro lado da cama e disse ríspida:
- Boa noite, Harrison!
- Não se chateie comigo. – ele virou-se e a abraçou puxando sua cintura para perto da sua própria – É algo que preciso fazer sozinho.
- Eu gostaria de conhece-la. –
- Entendo, mas se estiver morta... – Laura o interrompeu:
- Qual o problema de se ela estiver morta? Eu quero apenas te ajudar, mas se não queres a minha ajudar, então não ajudarei.
- Não é que eu não queira sua ajuda, Laura.
- Então o que é!? – indagou, Laura ríspida e olhando Harrison por cima do ombro.
- É que eu quero um tempo pra pensar.
- Dane-se! – ela fechou os olhos e logo dormiu. Harrison ficou acordado por quase toda a noite, por vezes se levantou e foi ao banheiro e na última vez que se levantou foi até a janela, olhou para o mar e começou falar consigo mesmo "Por Deus estou vivo e só ele sabe quantas foram as tentativas de me matar. Já não tenho meu pai, meu avô nem minha mãe. Teria sobrado alguém dos Allen do outro lado do oceano ou eu sou o último? Se eu for o último, não tenho para quem deixar meu tesouro e ele ficará a mercê de qualquer um. Suplico a Deus para que haja alguém além do oceano e que quando eu encontrar, Deus me ajude a saber que a pessoa é minha ou meu parente. Trarei ele ou ela para Nassau e aqui viveremos o resto de nossos dias. Deus te ouça, Harrison Allen.". Harrison voltou para a cama e dormiu.
No outro dia Harrison ordenou que a tripulação se preparasse para uma expedição, ordenou que colocassem bastante suprimento de munição e alimentos no Fantasma dos Navegadores, pegaram também uma quantia de dinheiro do forte Horizon Aurum para custear a viagem e fizeram uma despedida antes de zarparem. Harrison se despediu de Charles Vane e Elena Jensen primeiro, depois de Laura Woodcrow, beijou seus lábios rosados, abraçou-a com força e disse baixo em seu ouvido as palavras que ela jamais havia ouvido "Eu te amo". Laura respondeu à frase com um beijo apaixonado que representava o mesmo. Harrison e sua tripulação subiram a bordo do Fantasma dos Navegadores e com acenos da população de Nassau eles zarparam para a Europa a fim de encontrar a mãe de seu capitão.
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o Fantasma dos Navegadores
Fiction HistoriqueAs aventuras de uma tripulação que pensa muito além do ouro, do rum e das mulheres. Você aguenta a salgada brisa marítima? O balanço do navio sobre as ondas? Aguenta ficar dias e até meses sem ver a terra? Então embarque nessa história cheia de con...