- Qual era a cor preferida de mamãe?
- Azul...
- Não, você errou.
- Então qual era?
- Violeta.
- Oras Harrison! Violeta é azul.
- Não, não, não... Violeta é quase púrpura, azul é azul.
- Juras que azul é azul? Se não me contasse eu não saberia.
- Não seja irônica. – Harrison se levantou da rede, calçou as botas, pôs o cinto e disse:
- Ficarás deitada eternamente ou virás aprender a velejar?
- Ficarei deitada eternamente. – a jovem saltou da rede, calçou as botas – sua roupa agora já não era mais o vestido vermelho e sim uma calça larga, botas, camisa, carregava dois alfanjes presos nas costas na altura da cintura os quais formavam um "X", portava também uma pistola no bolso direito da calça. Astrid cortou os cabelos até o meio das costas e passou a usar um chapéu que lhe cobria um pouco os olhos. Parecia um homem, mas ainda sim seu rosto angelical e seus cabelos lhe conferiam a beleza de uma linda mulher que ela era. –, prendeu o cinto e subiu para o tombadilho com Harrison.
No convés a tripulação estava tranquila, alguns homens estavam limpando os canhões, outros jogavam dados, estavam à vontade. Harrison e Astrid subiram ao castelo de popa onde estavam O'neill e Owen no timão e Cecília estava sentada no piso lendo um livro. Harrison se aproximou de O'neill e Owen e disse:
- Onde estamos?
- Vamos passar perto da Inglaterra em breve senhor. – respondeu, O'neill enquanto manejava muito bem o timão – o garoto havia aprendido muito bem a singrar o navio –.
- Eu nunca conheci a Inglaterra. – disse, Astrid olhando para Harrison que lhe respondeu:
- Não é a melhor situação para passarmos por lá mas, quem sabe um dia possamos visita-la.
- Por que não é a melhor situação?
- Piratas não são bem-vindos na Inglaterra, Astrid.
- Compreendi. – respondeu, a moça. O assunto se encerrou ali, um silêncio pairava sobre o convés e sob ele, não havia música, ninguém assobiando, ninguém cantando, só se ouviam as ondas se chocando contra o casco do navio, os homens que estavam jogando dados no tombadilho e o vento nos cordames e velas, nada mais. Harrison olhava em volta no horizonte como se estivesse esperando algo, algo ruim, por mais que estivesse feliz por ter encontrado sua irmã e sua mãe – ainda que morta e na forma de uma estátua –, ele pressentia algo ruim.
A noite caiu, as estrelas e a lua eram visíveis no céu. Pela tarde Harrison ensinou algumas coisas de navegação para Astrid, como por exemplo, ler mapas, saber as coordenadas, a velocidade do vento e outras utilidades. Pela noite após o jantar, O'neill estava no castelo de popa com Cecília. O'neill estava abraçando Cecília enquanto ela comandava o timão. Ambos estavam num momento romântico quando de repente um disparo de canhão se ouviu, a bala atingiu uma das velas e caiu na água ao lado do Fantasma dos Navegadores, eles estavam próximos das águas a oeste da Inglaterra neste momento. O'neill soltou-se de Cecília, pegou a luneta e mirou no horizonte a bombordo – para o leste – e viu uma embarcação com velas cinzentas, um cinza que sob a luz do luar parecia azul. O'neill não reconheceu a embarcação. Logo todos já estavam agitados armando os canhões e preparando suas armas.
Harrison correu com Astrid e Owen até o castelo de popa, pegou a luneta de O'neill e mirou na direção que o jovem indicou, então perguntou:
- Quem é esse?
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o Fantasma dos Navegadores
Fiction HistoriqueAs aventuras de uma tripulação que pensa muito além do ouro, do rum e das mulheres. Você aguenta a salgada brisa marítima? O balanço do navio sobre as ondas? Aguenta ficar dias e até meses sem ver a terra? Então embarque nessa história cheia de con...