Nunca me senti assim

Capítulo (55)

Juliana

Acordo com uma baita azia, acho que o excesso de vinho não me fez bem, levanto correndo em direção ao banheiro e mal tenho tempo de abrir a tampa do vaso sanitário antes de colocar tudo para fora.

-O que houve princesa? -Edu pergunta vindo atrás de mim.

-Não entra, por favor! -falo quase gritando, seria um pesadelo ele me ver nesse estado totalmente descabelada e vomitando horrores.

-Já entrei e nem tente me mandar sair. -ele fala já agachando ao meu lado.

-Edu por favor eu estou horrível. -digo tentando tapar o rosto com as mãos mas ele impede.

-Presta atenção no que vou te falar, eu quero estar com você em todos os momentos da sua vida, isso vale tanto para os bons quanto para os ruins. -ele fala.

Por um momento me permito esquecer de como me encontro nesse momento e me jogo em seus braços, repouso minha cabeça em seu peito e assim permaneço por um longo tempo, dizem que quando a gente não sabe o que falar o melhor é se calar pois é exatamente o que faço, sou completamente apaixonada por ele e ele sabe disso mas ainda me sinto perdida nesse turbilhão, existe uma trava dentro de mim que não consigo expressar em palavras meus sentimentos.

-Ei mocinha, o que acha de tomarmos um banho e dar uma passada no médico para saber o que houve? -ele fala me trazendo a realidade.

-Sim para o banho e não para o médico, eu estou bem, apenas exagerei no vinho ontem. -falo ficando de pé me preparando para escovar os dentes.

-Tem certeza? Não está sentindo mais nada? Dor de cabeça? Tontura? Você saiu de um coma a pouco tempo temos que ver se isso é normal. -ele me bombardeia de perguntas.

-Está tudo bem relaxa. -respondo com a boca cheia de pasta.

-Seu mal é a teimosia. -ele fala e começa a também escovar os dentes.

Tomamos nosso banho que foi um pouco mais demorado do que deveria ser e nos arrumamos, tomamos um café rápido já que ele tem reunião agora cedo e eu preciso resolver uns problemas na liberação do novo terreno.

-Acho melhor não entrar com você para render assuntos por aí. -digo assim que chegamos no estacionamento da empresa.

-Não ligo para o que vão falar e você também não deveria já que é minha namorada. -ele diz e resolvo deixar pra lá para evitar um possível conflito de opiniões.

Ele quando quer consegue ser maleável e bem gentil, mas quando ele incorpora o homem das cavernas só Jesus na causa, saio do elevador e nem me despeço dele que continua dentro do mesmo para seguir até seu andar.

Passo pela Vanessa, a cumprimento e sigo para a minha sala, assim que sento recebo uma mensagem que me faz revirar os olhos e rir ao mesmo tempo.

"Que coisa feia nem se despediu do seu namorado." -ele mandou.

"Dentro da empresa meu namorado é meu chefe, não quero ser mandada embora." -respondo.

"Ele teria que ser muito burro para mandar uma profissional tão competente embora, além claro de ser linda e me encantar cada dia mais."

Como ficar brava com ele? Impossível.

"Own nem parece que é ogro."

"Vou levar isso como um elogio, agora vou entrar em reunião, fica bem beijos."

"Boa reunião,beijos."

Depois de uma troca de mensagens lindas o que me resta é trabalhar, passo a parte toda da manhã com um mal estar absurdo e quando levanto para pegar um copo de água sinto uma leve tontura, será que é alguma sequela do acidente? Se continuar assim terei que ir procurar um neurologista para saber do que se trata.

Depois de mais um tempo trabalhando, dou uma parada para comer algo. O dia parecia que iria ser tranquilo mas mal eu sabia o que estava me esperando em minha sala quando voltei do almoço.

-Jú desculpa mas tem uma mulher te aguardando em sua sala, eu não consegui impedir. -Vanessa fala aflita.

-Tudo bem, deixa comigo. -digo para acalmar ela.

-Boa tarde, posso lhe ajudar em algo? -digo para a mulher que estava sentada me aguardando, até ela virar em minha direção e eu perceber de quem se trata "a mãe do Edu".

-Boa tarde, eu espero que você me ajude sim. -ela diz com toda sua pose.

-Então sobre o que se trata? -pergunto me acomodando em minha cadeira.

Vou ser bem direta pois não quero tomar seu tempo e muito menos perder o meu, que tipo de relacionamento você tem com meu filho? -ela pergunta.

-Não vejo o porquê dessa pergunta, eu não deveria nem te responder já que você como "MÃE" deveria saber pela boca dele e não pela minha, mas enfim sou namorada dele. -respondo enfatizando o "mãe".

-Você é muito impertinente, deveria se colocar no seu lugar, não vê que não é mulher a altura dele? Me diga quanto você quer para sumir da vida dele? Ele não pode assumir nenhum relacionamento com você. -ela só pode estar de brincadeira com a minha cara.

-Vou relevar por respeito e educação, claro que você não deve nem saber o que o significa, mas enfim, você literalmente perdeu o seu tempo vindo até aqui achando que iria me ofender ou pior achando que eu iria aceitar seu dinheiro. Não sou uma qualquer e nem tão pouco sou do tipo igual a você que coloca dinheiro acima do caráter, será que não vê que já fez mal demais a sua família? -respondo com a máxima de calma que consigo manter.

-Olha aqui... -ela começa mas eu corto.

-Olha aqui você, não sou obrigada a escutar desaforos só porque é a mãe do Eduardo. Para mim a senhora não passa de uma socialite mesquinha que nunca ligou para ninguém, você não é melhor do que eu só porque tem dinheiro e status. -falo agora em um tom mais alto.

-Quem você pensa que é para falar comigo dessa maneira? -ela pergunta na cara de pau.

-Eu sou a mulher que seu filho escolheu para estar ao lado dele, sou a mulher que lutou e estudou muito para estar com o rabo sentado nessa cadeira ganhando meu próprio dinheiro sem depender de ninguém, agora se a senhora já acabou faz o favor de se retirar antes que perca o restinho da paciência que existe dentro de mim. -respondo me controlando ao máximo.

-Você deveria ter morrido naquele acidente. -ela cospe as palavras e sai.

Sinto uma ânsia tão grande crescer dentro de mim que minha vontade foi voar no pescoço daquela jararaca, como ela se atreve vir até aqui e me insultar daquela maneira?

Ela não pode ser considerada como exemplo por ninguém, agora eu entendo o sentimento de repulsa e revolta do Edu com ela, meu corpo todo treme com um ódio que nunca senti antes.

Respiro diversas vezes para me acalmar, minha cabeça dói tanto que parece que vai explodir a qualquer momento, levanto pego minhas coisas e decido ir ao médico.

Passo pela Vanessa sem nada falar, entro dentro do primeiro táxi que vejo e peço para me levar até o consultório da minha neurologista.

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Boa tarde amoreees.
Gratidão a todos vocês por me darem forças para continuar, muito obrigada mesmo 🙏🏽❤️.
Amanhã volto com mais um.
Bjusss 😘😘😘
Rafa Bastos 💙