|Calliope Morgan|
Sentia as lágrimas grossas e quentes escorrerem por meu rosto. Cinco dias haviam se passado e April e eu continuávamos naquele porão. As vozes inundavam minha cabeça. Fechava meus olhos com força, enquanto minhas mãos puxavam a maior quantidade de fios de cabelo que conseguiam. Eu sei o que são as vozes, mas sem o remédio de Stark elas tinham voltado como antes, quando eu ainda não sabia controlar o que faço. Agora eu controlo meus poderes, mas me controlar com a grande quantidade de vozes que eu escutava estava me deixando louca. Mas eu não posso perder o controle, não com April por perto.
— Callie... — April segurou meu rosto com suas mãos, fazendo-me olhá-la.
— Se afasta! — Gritei, assustando a garota em minha frente. Respirei fundo — Apes, por favor, se esconda, não sei quanto mais eu vou aguentar! — Disse baixo, me controlando com todas as minhas forças.
April me olhou relutante antes de se afastar. Senti meus joelhos falharem, me levando ao chão. As vozes aumentaram e um grito saiu de minha boca. Eu não o escutei, as vozes eram muito altas, mas senti minha garganta doer após um tempo. Senti o chão tremer e eu desejei não causar outro terremoto em Nova York. Minhas mãos esquentaram em minha cabeça, fazendo-me levá-las ao chão, onde vi fumaça sair ao se encontrarem com piso. Encostei a testa no chão, sentindo a cabeça latejar, enquanto as lágrimas molhavam o solo. Raios saíram de mim, queimando uma das luzes do porão. Sinto todo o peso de meu corpo aumentar. Sinto falta de ar. Todo o meu corpo dói e então, tudo se cessa e eu caio deitada no chão. Eu havia perdido o controle!
Olho para os lado, vendo muitas coisas queimadas e gelo para todos os lados. Olho para o local em que minhas mãos estavam, vendo o formato delas queimadas no chão. Minha respiração está ofegante. Minha cabeça roda, pontos pretos invadem minha visão turva de lágrimas e eu sei que vou desmaiar a qualquer segundo. Vejo um borrão se aproximar e fazer carinho em minha cabeça. Olhei para cima, esperando ver os olhos claros e as tranças de minha irmã, mas tudo que vi foram olhos castanhos e cachos despenteados sobre a testa. Peter. Sorri ao ver o sorriso fraco que ele me lançava.
— Peter, o Abutre! — April disse, chamado sua atenção — Vá! Eu fico com ela!
— Eu volto logo — Ele sussurrou, beijando minha testa, antes de por a máscara caseira do aranha e sair.
April se curvou sobre mim. Ela disse alguma coisa que eu não entendi, a exaustão tomou conta de mim antes que eu pudesse fazê-lo.***
Abri os olhos de forma rápida, me arrependendo em seguida. A claridade me cegou e me deixou tonta. Pisquei algumas vezes tentando me acostumar com a luz. Minha cabeça doía, assim como meu corpo. Me sentei devagar olhando a sala em que eu estava. Não reconheci o local, mas minha mãe estava dormindo em uma poltrona próxima a mim.
— Mãe...? — chamei fraco.
Ela olhou atordoada para os lados, antes de focar o seu olhar em mim. Mamãe levantou em um pulo e me abraçou.
— Calliope, meu amor, como você está? — perguntou segurando meu rosto e o olhando de todas as direções.
— Estou bem. O que aconteceu?
— Muitas coisas aconteceram — ela suspirou — Vocês sumiram por cinco dias. Peter descobriu o que você quis dizer com "torre Stark". Ele achou vocês, pouco antes de prender o abutre. Ele nos mandou a sua localização antes de o avião cair...
— Um avião caiu com Peter nele? Peter está bem? — perguntei desesperada.
— Ele está, esta em alguma sala da ala médica, levando pontos. Assim como April está tomando soro na sala da frente. Isso tudo aconteceu ontem de noite.
— Eu preciso vê-lo!
— Você precisa descansar — minha mãe me impediu de levantar — Peter vai voltar aqui, ele passou a noite naquela poltrona, até que eu mandei ele ir se cuidar.
— Cadê o papai? E todo mundo? Onde estamos afinal? — perguntei rápido.
— Seu pai está no quarto de April. Seus irmãos estão na sala de tv e aqui é a nova base dos vingadores!
Olhei ao redor, observando a sala que eu estava. Então estava na ala médica da nova base dos vingadores. Ok, nada assustador. Olhei as paredes brancas como as de um hospital. No canto uma grande janela iluminava o local. A vista era bonita, um grande gramado de um tom verde vivo seguido por muitas árvores, provavelmente o começo de uma floresta. Eu estava em uma maca com roupas novas e vários fios ligados em mim. Uma agulha em cada braço, uma com soro e a outra o que eu acredito ser o remédio.
Minha mãe se encontrava parada, segurando minha mão. Ela estava claramente cansada, seus cabelos loiros estavam sujos e presos em um rabo baixo. As olheiras e as rugas de seu rosto pareciam ter aumentado.
— Hey — sorri fraco, chamado sua atenção e apertando sua mão — estamos bem agora, não precisa se preocupar.
— Calliope Morgan, da próxima vez em que você receber uma ameaça e não me avisar sobre, vai passar o resto de sua vida trancada em um quarto! — ela disse alto. Sorri mais com aquilo.
— mamãe, eu espero realmente que não haja uma próxima vez!
— Minha filha — ela me abraçou novamente— você foi muito corajosa tentando tomar o lugar de sua irmã — Minha mãe soluçou e só então eu percebi que ela chorava — Você é a melhor irmã e filha que alguém poderia querer!
Apertei minha mãe em meus braços, deixando uma lágrima escorrer. Escutar o que ela disse significava muito para mim e estar em seus braços depois de cinco dias assustada, pensando que talvez nunca mais fosse vê-la, era tudo que eu poderia pedir.
— Er... Desculpe atrapalhar, eu volto depois — Peter disse após abrir a porta. Minha mãe me soltou, sorrindo de forma carinhosa para ele.
— Não seja bobo. Eu vou ver como estão seus irmãos, vou avisa-los que você acordou — Mamãe caminhou até a porta, enxugando suas lágrimas — Peter, querido, fique com Callie até eu voltar?
Ele assentiu, entrando no quarto, dando passagem para minha mãe sair. Ela fechou a porta ao se retirar, fazendo Peter caminhar de forma rápida até mim.
— Nunca mais faça isso — ele pediu me abraçando.
— Não vou, prometo — sorri. Peter saiu do abraço, me olhando. Não pude evitar sorrir mais com isso — Desculpe não ter ido ao baile com você, como prometido.
— Você está brincando? — ele riu — de todas as coisas que aconteceram, você está preocupada com isso? — Assenti — é por isso que eu te amo!
Peter arregalou os olhos ao perceber o que tinha dito. Suas bochechas ficaram vermelhas e as minhas também. Eu tinha dito que o amava antes de me entregar, mas eu havia dito por telefone, tem uma certa diferença. Ele desviou o olhar, mas eu sorri vendo sua vergonha. Segurei seu rosto e o puxei para mim, colando nossos lábios. Peter se assustou, o que me fez sorrir entre o beijo, mas ele não demorou para corresponder. Saudade, era isso que o beijo transmitia, a falta que sentimos um do outro.
— Eu também te amo, Peter — disse sorrindo quando nos separamos.
— O que acontece agora? — ele perguntou confuso. Ri de sua expressão envergonhada.
— Agora você me pede em namoro! — Sorri.
— Calliope Elizabeth Morgan Quill — Peter sorriu, pegando minha mão. Meu coração batia tão rápido que eu quase podia escuta-lo — Você quer namorar comigo?
— Você ainda pergunta Parker? — dei um selinho nele — mas você vê vai ter que falar com o meu pai!
— Eu prendi o abutre, sobrevivi a queda de um avião e achei onde vocês estavam presas, tudo na mesma noite. Mas falar com o seu pai vai ser uma das coisas mais difíceis que vou fazer em minha vida!
— Qual é, meu pai não assusta tanto assim — ri de seu desespero.
— seu pai me assusta mais que o Stark!
— Meu pai não precisa saber de nada agora! Depois resolvemos isso — Sorri para ele — agora eu preciso ver a April! Me ajude a chegar até lá.
Peter me ajudou a levantar e a retirar as agulhas de meus braços e todas as outras coisas penduradas por meu corpo. Caminhamos em passos lentos até a porta, devido à fraqueza de minhas pernas. Eu ainda não estava recuperada totalmente. Peter passou seu braço por minha cintura, me apoiando nele, ajudando-me a andar com mais facilidade. Eu não queria que ele fizesse muito esforço, até porquê, Peter tinha caído com um avião!
Abri a porta a alguns metros do quarto em que eu estava, vendo April dormir de forma tranquila, também com um soro ligado em seu braço. Papai, que estava sentado na poltrona do canto, levantou assim que nos viu, caminhando em minha direção. Ele me abraçou com força, fazendo-me sorrir.
— Como você está? — ele perguntou preocupado.
— Bem melhor agora — sorri o abraçando outra vez.
— Obrigado — meu pai sorriu fraco para Peter — por achá-las e por ajudar nas buscas.
— Eu faria tudo outra vez! — Olhei confusa para Peter. Meu pai sabe? Ele entendeu minha confusão e sorriu fraco — Toda sua família acabou descobrindo sobre mim no meio da confusão.
— Como? — variei meu olhar entre os dois.
— longa história, eu te conto outro dia!
Assenti ainda confusa. Caminhei sozinha e de forma lenta até a cama de minha irmã, segurando sua mão gelada. April abriu lentamente os olhos, sorrindo fraco ao bota-los em mim. Eu a abracei, deixando algumas lágrimas escorrerem.
— Hey, Callie — April disse baixo rodando seus braços por mim, correspondendo o abraço.
Não tivemos muito tempo, antes que eu pudesse responder, ouvi a porta do quarto ser aberta e logo o espaço era pouco para toda a minha família mais Peter. Todos meus outros cinco irmãos correram até nós, abraçando-nos juntos. Eu senti tanto a falta deles!***
Guiei os ventos, voando por Nova York. Alguns dias haviam se passado e agora eu e Peter havíamos oficialmente voltado a tomar conta do Queens. Virei a cabeça para trás, sorrindo ao ver que ganhava a corrida contra o Homem-Aranha. Entrei pela janela, sentindo o piso de madeira do apartamento de Peter sobre meus pés. Tirei a máscara, sorrindo vitoriosa para o garoto que passava pelo buraco da janela.
— Ganhei — sorri mais os vê-lo tirar a máscara.
— Parece que sim — Peter sorriu, passando os braços por minha cintura, me puxando para ele.
Ele selou nossos lábios, em um beijo calmo e carinhoso. Sorri entre o beijo, fazendo-o sorrir também.
— O que acontece agora? — ele perguntou me abraçando de lado, olhando o sol se pôr por sua janela.
— Não sei, o fim não combina com a gente! — Respondi encostando minha cabeça em seu ombro, sentindo sua mão apertar minha cintura — Eu te amo Parker!
— Eu também te amo, Morgan!
Juntos observamos o sol abaixar com calma, sentindo a paz que aquela cena transmitia e a paz que finalmente teríamos. Peter beijou o topo de minha cabeça, apertando seu braço mais ao redor de mim, puxando-me para ele. Arregalamos os olhos juntos, sem nos virarmos para trás, sabendo que teríamos uma longa noite ao ouvir três palavras:
— Mas que porra...!?"I found a love for me
Darling just dive right in
And follow my lead
Well I found a girl beautiful and sweet
I never knew you were the someone waiting for me
'Cause we were just kids when we fell in love
Not knowing what it was
I will not give you up this time
But darling, just kiss me slow, your heart is all I own
And in your eyes you're holding mine"
( Perfect — Ed Sheeran)Fim!
——————————————————
Foi isso gente, espero de todo o meu coração que vcs tenham gostado.
Queria agradecer a todos que leram até aqui, todos que votaram e todos que comentaram, vcs vivem no meu cori, sério, muito obrigada, a história não seria nada sem vcs <3
Out of Control foi uma adaptação de uma fanfic antiga minha postada no Spirit (ela não está mais lá) alguns anos atrás e por isso tenho um carinho enorme por ela e por todos os personagens originais.
Eu realmente nunca pensei que alcançaria a meta de mais de 500 estrelas e quase 5 mil vizualizações, gente, vcs são incríveis.
Eu não vou dizer que isso é um fim oficial, ainda não decidi se vou voltar para uma segunda temporada, mas eu tenho quase certeza de que volto com alguns bônus deles. Ainda não me despedi completamente da Callie, eu a amo muito para deixá-la ir tão facilmente.
E vcs, não precisam se esquecer de mim, eu tenho mais duas histórias: Born to Die, com o nosso bebê Tom e Nothing More than Friends, com o Peter. Deem uma passadinha lá ;)
Eu amo muito vcs, sério!
Bjs e até a próxima, comentem e deem uma estrelinha <3Último Gif aleatório que eu não tenho onde usar:
VOCÊ ESTÁ LENDO
Out Of Control - Peter Parker [concluída]
FanfictionCalliope acaba de se mudar para Nova York com sua família, a mando de Tony Stark, que precisará esconder do mundo e a ajudar a controlar os poderes que possui. Callie terá que conciliar a vida de estudante, adolescência, família, amizades, paixões...