Aquele cheiro de álcool mais música alta somado com barulho das pessoas conversando e sons do ferro em contato com o ferro só ajudavam a aumentar a dor de cabeça que me infernizava desde as primeiras horas do dia, fora a pilha de números em forma de papel que me esperavam em casa, seria um dia daqueles.
— Terra chamando Benjamim.
— Oi, o que aconteceu? — respondi saindo do transe.
— O aparelho é para os braços e não para dormir — riu.
— Luan, já deu pra mim — levantei – Não tô com a mínima cabeça e muito menos disposição pra treinar.
— Benjamin...
— Cê vai demorar? — perguntei colocando a mão em seu ombro.
— Mais duas séries aqui e eu termino!
— Beleza – sorri — Te esperar lá no corredor.
Minha cabeça pedia paz, silêncio.
Quando saí da área da musculação meu corpo agradeceu. Sentei em um dos bancos que estavam vagos e fechei os olhos e relaxei o corpo. Apenas os abri quando Luan chamou pelo meu nome.
— Tá só a derrota hoje, né? — esticou a mão para mim.
— Hoje tá foda! — segurei sua mão e ele me puxou.
Começamos a caminhar enquanto ele olhava o seu celular.
— Cara, olha esse boy que tô conversando.
Ele se referia a um rapaz que havia conhecido em um aplicativo.
— Ele é tão gato que por esse eu virava fiel! — mostrou uma foto do rapaz na tela do celular.
— Eita... — Segurei o celular — Vale a pena mesmo! — ri.
Nós passávamos pelo corredor onde ficavam as salas de ginástica, ritmos e as de lutas. No final do corredor, na entrada de uma dessas salas de luta havia duas pessoas, uma era um dos professores e a outra eu conhecia muito bem. Respirei fundo já me preparando pelo que ele poderia falar. Vi ele cutucando o professor com o braço e rindo, assim que nós passamos, ele começou.
— Essa academia já foi bem mais frequentada. Tá um zoológico isso aqui! Um zoológico repleto de viados.
Nesse momento eu parei e me virei olhando para ele que ria ao lado do parceiro de treino.
— Não, Ben... Você sabe melhor que eu que não vale a pena! — Luan segurava meu braço.
— Isso não vai ficar assim! — falei apontando pra ele.
— Nossa! Acho que devo ficar com medo, Caio?
Os dois riam enquanto eu era "arrastado" pelo Luan até a saída da academia.
— Não sei como você aguenta isso, Ben — falou estalando seus dedos.
— Nem eu sei! — respirei profundamente.
— Aceita uma carona?
— Não, eu vou...
Nem terminei de falar quando ele aparece na parte externa da academia onde ficava o estacionamento, com uma mochila nas costas, usava a calça do kimono do jiu jítsu e sobre ombro esquerdo a parte superior jogada.
— Entendi! A gente vai se falando! — Luan veio até mim e me abraçou.
— Até mais, Luan! — me despedi dele.
Fiquei observado o Luan que ia em direção ao seu carro enquanto permaneci parado no mesmo lugar.
— O amor dos viadinhos é tão lindo! — falou aproximando-se.
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Mystery / ThrillerBenjamim viu sua vida se transformar em um grande pesadelo desde aquele final de noite em seu apartamento quando foi surpreendido pela pessoa que passaria a ser seu único contato com o mundo exterior. Toda vez que a porta do pequeno compartimento qu...