6. Calma.

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Ao fundo eu podia ouvir o baralho que aos poucos ia se intensificando. Abri meus olhos fazendo com que o barulho aumentasse ainda mais. Tentei me mexer, mas o Gabriel estava com os seu corpo quase todo por cima do meu. Retirei sua perna e seu braço de cima de mim fazendo com que ele reclama-se. Estiquei meu braço tateando com a mão sobre a cômoda até encontrar meu celular.

— Oi...

— Dormindo até essa hora, Benjamim? Quase duas da tarde, garanto que saiu e bebeu! Não voltou dirigindo? Essa geração de vocês é muito irresponsável mesmo!

— Pelo amor de Deus, mãe, o que a senhora quer?

— Ainda é grosso comigo! Tá vendo o que eu recebo? Você não liga mais para mim e nem para o seu pai! É isso que nós merecemos de você, Benjamim Antunes?

— Pelo amor de Deus...

— Quem é Ben? —ouvi o Gabriel resmungando.

— Minha mãe — falei.

— Tá com quem ai? Você não anda levando nenhum desconhecido pra sua casa, não é Benjamim?

— É o Gabriel...

— Menos mal.

Grunir um ok.

— Já que você não estar ligando para o que a sua mãe diz, mais tarde eu peço para que seu pai ligue. Já que você sempre gostou mais dele do que de mim.

— Tá bom!

— Meus Deus! Ainda confirma? Eu não merecia ouvir isso, Benjamim, não mesmo!

— Tchau mãe!

Ouvi-la reclamar de mais alguma coisa e desliguei. Joguei o celular do meu lado e fechei os olhos. Meus pecados eu tinha certeza que pagava com ela. Sentir o braço do Gabriel por cima de mim e logo depois fui puxando para mais perto dele.

— Bom dia, Ben — falou ao meu ouvido.

— Eu diria boa tarde — ri.

Voltamos a ficar em silêncio. Sentia sua respiração calma aquecer meu pescoço. Sabia que não conseguiria mais dormir, olhei para o seu rosto que indicava que ele tinha voltado a dormir, sua boca estava próxima a minha. Sentir um desejo enorme de beija-lo, mas fiquei somente no desejo. Fui saindo aos poucos do abraço dele, sentei na cama e me espreguicei. Olhei para o relógio que marcava duas e quinze da tarde. Levantei e fui para o banheiro. Fiz minha higiene matinal e tomei um banho gelado para espantar a preguiça.

Saí do banheiro vi que o Gabriel já estava acordado e vi também que ele estava com o meu celular em mãos.

— Bora levantar? — falei a ele.

— Um tal de Luiz te ligou — falou seco.

Senti um frio na barriga.

— E o que ele queria?

— Não sei, mas ele pediu pra você ligar pra ele assim que pudesse.

Falou jogando o celular na cama, levantou-se e foi para o banheiro, assim que a porta fechou-se eu sorri. Ciúmes? Ele tava com ciúmes, senti meu corpo se aquecer de uma forma tão boa. Peguei meu celular e pensei em ligar para o Luiz, mas acabei desistindo. Troquei de roupa e fui para a cozinha onde encontrei um bilhete do Pedro informando que tinha lasanha no forno, liguei o mesmo e fui para a sala, aproveite e mandei uma mensagem para o Luiz perguntando se ele queria falar comigo. Alguns minutos depois, Gabriel apareceu na sala vestindo somente uma bermuda minha. A cara fechada que ele possuía era o sinônimo da minha felicidade. Caminhou indo em direção à cozinha, mas parou e virou-se para mim.

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