16. Prisão sem Grades.

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Acordei meio tonto, percebi que estava em um local diferente. Era um quarto normal. Estava deitado sobre a cama, meus pés estavam livres, mas minhas mãos não, elas estavam amarradas na cabeceira pouco acima da minha cabeça, minha boca vedada por fitas. Júnior entrou logo em seguida pela porta, ele segurava uma bandeja e possuía um sorriso feliz no rosto.

Colocou a bandeja em cima da única cômoda que o quarto possuía e se aproximou de mim sentando ao meu lado.

— Vou tirar as fitas, você promete não fazer nada que possa me deixar triste? — perguntou olhando nos meus olhos.

Confirmei com a cabeça, com calma ele as foi tirando, aproximou—se do meu rosto onde me deu um beijo e em seguida acariciou minha bochecha.

— Como você tá, Ben? — sua voz era calma.

— Onde eu tô?

Perguntei de forma calma.

— Você tá no meu quarto — sorriu — Tivemos um pequeno contra tempo.

— Qual contra tempo?

Falei enquanto ele se levantava da cama indo em direção a cômoda onde havia colocado a bandeja.

— Eles vieram aqui — falou retornando para a cama — O Gabriel falou sobre o quarto e o Kadu veio ver.

— Falou? — tentei não transparecer minha ansiedade — E ai?

— Você continua aqui comigo, não continua? — levou a maçã a minha boca — Sorte que eu conseguir ouvir a conversa deles, ai eu tive tempo de tirar você de lá e quando eles apareceram o quarto era apenas um quarto que um dia virará um estúdio de música.

Júnior riu com se fosse uma criança que tivesse feito algo travessura.

— Mas eles não vieram olhar aqui?

— Claro que sim, Ben, eles olharam por todo o aparamento, inclusive aqui.

Então como eles não me acharam? Ele não poderia estar falando sério. Mordeu um pedaço do mamão.

— Essa cama – falou limpando a boca – É uma cama baú, debaixo do colchão tem um espaço que serve para guardar coisas, e foi ai onde eu coloquei você enquanto eles estavam aqui.

Seu rosto possuía uma tranquilidade enquanto ele relatava o que tinha acontecido. Com a colher colocou um pedaço de mamão na minha boca.

— Eu ainda perguntei se ele não queria olhar em baixo da cama, mas ele disse que não seria necessário — limpou minha boca — Porra, Ben, eu dou dicas a eles, mas parece que eles não querem ver, o que custava ele ter levantado o lençol? — olhava para mim — Enfim, não posso também entregar o ouro ao bandido.

— Quantos dias eu tô aqui?

— Hoje são exatos vinte e cinco dias.

— Vinte e cinco dias? — sussurrei espantado.

Não poderia ter passado tantos dias assim. Enquanto Júnior abria a garrafa eu o observava. Eu teria que arriscar ir pro tudo ou nada, mas teria que esperar o momento certo pra fazer algo.

— Você aceita água? — perguntou com o copo em sua mão.

— Sim...

Passou o dedo pelo quanto da minha boca quando escorreu um pouco d'água em seguida o lambeu.

— Eu vou precisar colocar a fita outra vez em você, Benjamim — acariciou meu rosto — Você me entende não é?

— Sim... É pro nosso Bem.

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