4. Entrega.

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Desde aquele dia que eu fui atrás do Gabriel eu não tive mais notícias dele. Cheguei a mandar algumas mensagens para ele, mas não obtive respostas. Então decidi dar o espaço e tempo como ele havia me pedido. Passei a focar no trabalho e na prova que eu iria fazer em breve para a seleção do mestrado pra ver se assim eu consiga esquecê-lo. Sábado pela manhã meu celular começou a tocar, corri na esperança de ser ele, mas não era.

— Pronto.

— Benjamim? – perguntou a voz masculina do outro lado.

— Sim é ele, quem fala?

— Luiz, a gente se conheceu na inauguração da Templários.

— Ah... Lembrei...

— Então resolvi ligar — riu — Tá podendo falar?

— Tô sim!

Nós começamos a trocar uma ideia e decidimos sair naquela noite. Seria ele que iria me fazer esquecer o Gabriel. No inicio da noite começou a chove e com o passar das horas ela só foi se intensificando. Recebi uma mensagem do Luiz perguntando se ainda estava de pé o nosso encontro, respondi confirmando.

Olhava-me no espelho quando o quarto ficou todo claro com um relâmpago que rasgou o céu.

— Sério, chuva?

Sentei na beira da cama olhando para a sacada do meu quarto.

Peguei meu celular do meu bolso e comecei a escrever uma mensagem para o Luiz onde eu dizia que infelizmente eu teria que cancelar o encontro. Fiquei um tempo olhando para a tela até que decidir enviar, assim que fiz isso à campainha tocou o que me fez espantar pelo fato do porteiro não ter informado quem seria, porém deduzir que seria alguém conhecido. Fui até a porta e assim que abri me deparei com ele com umas das mãos apoiada na parede e com a cabeça baixa. Gabriel levantou o rosto olhando para mim, sentir um leve frio na barriga. Vi que ele estava molhado devido à chuva que caia lá fora.

— Será que a gente pode conversar? — disse ele esticando o corpo ficando com a postura ereta.

— Claro!

Abri a porta por completa e o convidei para entrar.

Ele passou por mim e pude sentir o cheiro de bebida, mas especificamente cerveja misturada ao seu perfume, deu mais uns três passos e parou. Percebi que a camisa dele estava bem molhada.

— Vou lá dentro pegar uma toalha e já voltou! — disse passando por ele.

— Não precisa! — tentou argumentar.

Porém não dei bola e fui em direção ao meu quarto.

Era o tempo que eu precisava pra respirar! Assim que voltei para sala o encontrei sem camisa e segurando a mesma na mão.

— Eu acho que cheguei em uma hora errada, né? –

Gabriel deve ter percebido que eu iria sair.

— Não, eu não... — interrompeu.

— Eu não quero atrapalhar teus lances — falou sem jeito.

— Não estar atrapalhando nada! Eu mesmo já tinha desistido! Ia trocar de roupa quando tu chegou — falei calmo.

— Ok... – sorriu.

Ele estava visivelmente desconfortável com a situação. Fui até ele e peguei a camisa da sua mão que estava mais molhada do que imaginei.

— Eita! Resolveu tomar banho na chuva?

— É que tinha um carro na minha vaga aqui na frente e eu só fui achar outra quase próxima à esquina e tive que vir andando.

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