3. Ressentimentos.

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Acordei com uma ressaca filha da mãe, minha cabeça latejava como se estiver dentro de um canteiro de obras com uma britadeira em pleno funcionamento. Poucos segundos depois a cena do que tinha acontecido na sala veio em minha mente, por um momento pensei que não havia passado de um sonho, mas não, eu realmente tinha beijado o Gabriel. Senti certo desconforto no meu estomago que me fez correr para o banheiro onde acabei vomitando toda a cerveja na madrugada anterior. Tomei banho, mas ele não sai da minha cabeça.

— O que tu foi fazer, Benjamim?

Falei a mim mesmo assim que desliguei o chuveiro.

Abaixei a cabeça e fiquei olhando os pingos de água que escorriam do meu corpo tocando o chão. Passava das duas da tarde quando saí do quarto minimamente bem, notei algumas vozes vindas da sala. Fui em direção a elas e me deparei com o Pedro com um grupo de cinco pessoas entre elas sua namorada à Clara. Pela expressão dele a minha cara deveria estar péssima.

— Bom dia, seu Benjamim, pelo visto a noite foi muito boa — Pedro falou de forma irônica.

— Vá se fuder, Pedro...

Todos riram inclusive ele. Dei um oi coletivo para todo e fui em direção à cozinha mais especificamente em direção ao armário onde ficavam os remédios. Abri e peguei dois, um para enjoou e outro para dor de cabeça.

— Precisa de ajuda, Ben? — perguntou Clara olhando para mim.

— Vou sobreviver, Clara — respondi sentando na cadeira.

— Espero, porque sua cara diz o contrário — Riu.

Abaixei a cabeça por alguns segundo e outra vez a imagem de nós dois na sala surgiu em minha mente, dessa vez junto com um frio na barriga.

—Tome...

A voz dela me fez acordar dos meus pensamentos. Agradeci o copo de água que ela havia colocado na minha frente e tomei os remédios num único gole.

—Vocês foram à inauguração?

Perguntou sentando na minha frente.

— Sim...

Nesse momento ouvimos risadas altas vendo da sala, ela riu.

— Essa barulheira não é a melhor coisa pra que tá com ressaca, né?

— Não mesmo! — sorri.

— Eu possa falar com eles...

— Não! — a interrompi — O Pedro tem todo o direito de trazer quem ele bem entender para cá! Se eu to de ressaca a culpa é minha.

— Ah, Ben... Você não existe.

— Hoje eu realmente não queria existir!

Coloquei as mãos na cabeça e fechei os olhos. Ouvimos o Pedro chama-la da sala.

— Vou lá, qualquer coisa grite.

Ri e concordei, assim que ela saiu um dos amigos do Pedro entrou na cozinha.

— Opa, foi mal — respondeu sem jeito — Eu só vim pegar cerveja.

— Fica tranquilo — olhei para ele — A casa é de vocês

— Valeu, mano...

Ele abriu a geladeira, mas logo em seguida a fechou e olhou para mim.

— Benjamim, não é?

— Isso...

— Você trabalha no escritório Magalhães, não é?

— Trabalho, na parte de contabilidade...

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