14. Você?

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Meu corpo doía. Já estava há algumas horas na mesma posição. Olhava mais uma vez o local no qual eu estava, deveria ter uns três metros de comprimento por um e dois de largura, tinha um colchão ao meu lado, não existia qualquer contanto com o que acontecei fora, havia um duto de ventilação na parte superior na parede que ficava a minha frente o que fazia com que o local não ficasse quente. No centro do teto possuía um cilindro preto e ao redor dele duas lâmpadas, uma amarela e outra vermelha, em grande parte do momento à luz vermelha ficou acesa, mas o que de fato me angustiava era o silêncio que o local possuía. Nada! Absolutamente nada do que se passava pelo lado de fora eu conseguia ouvi, um silêncio que chegava a ser ensurdecedor. O tom avermelhado do quarto foi substituído pela cor amarela fazendo os meus olhos ardessem.

A porta foi se abrindo fazendo com que meu corpo entra-se em alerta, pude ouvi uma música enquanto o breve momento que o local esteve aberto. Ele voltou com o mesmo traje de sempre, mas possuía em sua mão uma garrafa e um copo, pegou outra vez a cadeira a colocando na minha frente, abriu a garrafa colocando o líquido no copo e pôs os dois no chão ao seu lado. Levantou-se e aproximou seu corpo do meu, levou sua mão ao meu rosto onde retirou com delicadeza a fita, fique fazendo movimentos com que ela abrisse e fecha-se. Pegou o copo levando até meus lábios, mas eu não os abrir, pude ouvi surra risada atrás do pano que cobria seu rosto, quando senti sua mão segurando meu rosto com força o que me fez gritar de dor. Fui obrigado a beber a água que ele trouxe. Voltou a sua posição de origem onde cruzou os braços.

— Por favor, eu não aguento de dor, meus braços e minhas pernas doem — choraminguei — Me deixa ir embora.

Ele levantou a mão e balançou o dedo fazendo movimento de negação.

— Me deixa ir embora, filho da puta — me debati tentando me soltar.

Recebi uma tapa com as costas da mão, senti meu lado esquerdo do rosto todo arde. Logo em seguida pude senti uma lagrima escorrendo pelo ardor. Olhei para o seu rosto que mesmo não o vendo pude ter certeza que seu semblante era de prazer.

— Covarde!

Recebi outro no lado direito, dessa vez mais forte que o primeiro o que me fez gritar. Minha boca foi tomada por um gosto forte de ferro, passei a língua pelo meu lábio inferior sentindo uma ardência. Num movimento de corpo rápido, sentou-se nas minhas pernas ficando de frente para mim, segurou meu rosto, inclinando minha cabeça para a esquerda e aproximou seu rosto do meu pescoço. Tentei livrar meu rosto das suas mãos, porem ele possuía mais força do que eu onde meu corpo todo reclamava de dor. Sua respiração variava entre calma e afoita, suas mãos deslizaram para o meu pescoço onde ele começou a pressioná-lo, voltei a me debate. Sentia a pressão dos seus dedos cada vez mais forte, começou a faltar o ar, quando ele se afastou. Tossia de forma repetitiva tentando recuperar o fôlego.

Pegou a cadeira, colocou no canto e caminhou até a porta.

— Não, por favor, não me deixa aqui — comecei a me desesperar — Eu prometo que não faço nada em relação a você, só me deixa ir embora.

Assim que ele abriu a porta pude ouvir outra vez o som dá música vinda do lado de fora.

— Eu quero minha família... — chorava — Eu quero o Gabriel...

A porta se fechou fazendo com que o mundo do lado de fora sumisse assim que com o silêncio que se formou.

— Gabriel — gritei por ele.

Abaixei a cabeça fazendo com que as lágrimas caíssem sobre minhas pernas.

— Me tira daqui...

Comecei sentir minha vista ficar embaçada, meus olhos pesavam, olhei para a lâmpada que mudou de cor ficando outra vez vermelha e não lembro de mais nada.

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