18. Recomeço II.

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Acordei assustado! O local estava todo escuro, o ar entrava com dificuldade. A luz se ascendeu, eu olhei para ele que foi se aproximando de mim aos poucos até me abraçar.

— Calma, Ben! — Gabriel tentou me acalmar.

— Ele... Ele — respirava com dificuldade.

— Foi um pesadelo como os outros — beijou minha testa — Não existe mais ele!

— Foi tão real, Biel! A força que ele me tocava, batia...

— Ei, não pensa mais nisso. Isso nunca mais vai voltar a acontecer — acariciou meu rosto — Não existe mais o Júnior. Não existe mais nada de ruim que aconteceu lá...

Coloquei as mãos no meu rosto que estava suado. Fui me encostando aos poucos no travesseiro.

— Até porque o que mais de ruim que poderia acontecer já aconteceu!

— Benjamim, não fala assim...

— É muito fácil tu dizer pra eu não falar assim, não agir assim, mas não foi você que passou pelo o que eu passei, não é você — apontei para ele – Que tá passando pelo que eu tô passando!

— Ben, tudo que você passou lá foi traumático demais, mas o importante é que você tá aqui... É um novo recomeço!

— Nossa, um belo recomeço — ri — Se você puder apagar a luz eu agradeceria.

Ele ficou me olhando por segundos. Gabriel desligou a luz e deitou ao meu lado. Fiquei na mesma posição por minutos, a luz do sol começava a entrar pelo espaço que a cortina deixava na janela. Mas um dia de verão começava, mas pra mim era como se todos os dias fossem dias de invernos, nublados e sem perspectiva do sol aparecer! A verdade era que eu não me importava com mais nada, a luz que existia dentro de mim morria a cada segundo que se passava. Segurei os lençóis com força e os tirei de cima de mim, estiquei meu corpo e peguei meu celular sobre o criado mudo. Passava das seis da manhã, respirei fundo e apoiei meus braços no colchão fazendo força pra puxar meu corpo. Senti que o Gabriel saiu da cama onde em seguida ascendeu a luz.

— Eu preciso beber água — disse.

— Eu pego pra você!

— Não! — falei olhando para o meu lado esquerdo — Eu vou...

— Benjamim...

— Por favor, só trás a droga dessa cadeira de rodas aqui — falei sendo frio com ele.

— Ben, eu pego a água pra você.

— Trás a porra da cadeira! — gritei com ele — Eu consigo ir só pegar a porcaria de um copo d'água — comecei a chorar — Eu consegui ir só.

Veio até mim onde me abraçou.

— Me solta — o empurrei — Eu não preciso da piedade de ninguém.

— Não é piedade, Ben...

— Eu quero que você vá embora, Gabriel — falei sem olhar para ele.

— Como? Não!

— Você não percebeu que eu não quero você mais aqui? Tudo que aconteceu de ruim comigo foi culpa sua, se eu tô assim a culpa é sua.

— Por favor, Benjamim.

— Maldito dia foi aquele que você me apresentou o Júnior. Você o colocou na minha vida, foi você naquela noite que me fez ficar assim.

Ele começou a chorar.

— Eu não quero mais te ver!

— Eu não vou embora!

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