13. Faca de Dois Gumos.

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— Filho da puta! — Gabriel esbravejou — Doente! Se eu pego quem tá fazendo isso eu juro que mato!

Falou após ver a gravação.

— Você não faz mais nada ouviu bem, Benjamim, mais nada só — disse olhando nos meus olhos — Eu vou te deixar e buscar no trabalho, se você for à esquina eu vou com você. Mas você não fica um minuto só!

O bilhete não saia da minha cabeça.

— Ele conseguiu o que queria, me deixar refém dele, eu tô preso dentro da minha própria casa, não posso nem sair de casa só.

— Você não acham melhor a gente ir na policia, denunciar, fazer algo? — Pedro falou.

— Cara, eles vão fazer o que? Colocar dois policiais de guarda aqui na porta? Não, né! — olhei para ele — Eu realmente não sei o que fazer, eu tô me sentindo acuado.

— Se a gente tentar falar com o Kadu?

— Sabe lá Deus onde o Kadu tá, ele só falou que teria que viajar a trabalho e também não vou ficar importunando ele com isso.

Levantei indo para o meu quarto.

— Ben, você ficou com raiva? — Gabriel apareceu logo depois.

— Não é isso, Gabriel, eu tô quase pirando com tudo que vem acontecendo, eu só quero paz e nada mais, quero que isso acabe, quero voltar a ter minha vida normal.

— Eu sei, Ben, eu também fico mal com tudo isso que vem acontecendo, mas diferente de você eu explodo, coloco pra fora.

Cheguei perto dele e o abracei.

— Promete que nunca vai me deixar?

—Nunca, sempre vou tá ao seu lado, Ben...

Tentei deixar todos os problemas realmente para fora de casa, passamos o sábado no quarto, no domingo fomos almoçar com os pais dele. A rotina volta ao normal na segunda, Gabriel foi me deixar no trabalho e no final ele me esperava em frente ao escritório. Na terça a noite ele me deixou em casa e depois foi até a casa dele falar com o pai sobre um assunto que eu não perguntei o que era. Estava no meu quarto quando o Pedro apareceu.

— Ben, posso falar contigo?

— Claro Pedro entra ai.

Sentou-se na beira da minha cama, ficou olhando para as mãos, ele parecia nervoso.

— É que eu não sei por onde começar.

— É algo grave?

— Não... Você sabe o quanto eu gosto de você e desde quando eu cheguei aqui e principalmente vim morar aqui, você passou a ser a minha família e eu não acho nada mais junto que você fique sabendo logo no começo.

— Tô ficando preocupado, Pedro.

— Eu e à Clara depois de muito conversar decidimos morar juntos...

— Que maravilha, Pedro, vai ser um prazer em ter à Clara morando aqui.

— Pois então... Vamos morar em outro lugar, eu vou sair do apartamento, Ben.

Confesso que eu não esperava ouvir aquilo dele. Pedro já era da família como ele mesmo disse.

— Mas vocês podem ficar aqui...

— Eu sei que você não seria contra, Benjamim, mas a casa é sua, você é o dono, mesmo a gente dividindo as contas ela é sua e também nós queremos um lugar só nosso. Nesse tempo que eu passei aqui conseguir juntar uma grana boa, que talvez de pra usar como entrada em algum móvel.

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