7. Apaixonado.

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Ele estacionou o carro na garagem da sua casa, olhei para o relógio que marcava quase três da manhã. Nós ficamos em silêncio, ninguém fez menção em sair do carro. Sua inspiração foi forte, olhei para o seu rosto e percebi que ele pensava em algo, suspeitava muito bem o que poderia ser.

— Brigado pela noite, Benjamim — sua voz saiu calma.

— Não tem o que agradecer, cara.

— É que tudo isso não tem sido fácil... — respirou fundo — Eu tento fazer parece que tá sendo, mas não. Eu ainda tô tentando me encontrar, mas parece que todo vez que eu me procuro eu me perco mais.

Passou a mão pelo rosto e sorriu mostrando toda a sua angustia.

— Talvez você devesse parar de se procurar. Tem coisas que quanto mais à gente tenta achar uma saída mais a gente acaba se perdendo. Eu sinceramente não sei o tamanho dessa confusão que tá dentro de você, mas o que eu aprendi com confusões e olha que já passei por muitas — nós rimos — E que elas sempre trazem algo novo! Um novo aprendizado até um novo começo. Imagina que chato seria se à vida sempre mostra-se a solução para tudo? Eu acredito que grande parte dela não teria sentindo algum. Somo seres multáveis, Biel! Vivemos todos os dias e descobrimos todo dia uma sensação nova, uma angustia nova, uma alegria nova.

Olhei para ele que estava visivelmente perdido em si, mas consciente do que eu falava.

— Independente com o que possa acontecer, dá escolha que tu venhas a tomar nunca esquece que eu sempre vou ser teu amigo — segurei sua mão.

Seu rosto virou para minha mão segurando na sua e depois olhou para mim.

— Meu melhor amigo! — sorriu.

Abri a porta do carro e saí. Achei que ele precisava de um momento a sós. Fui caminhando para a parte de trás da casa onde ficava a piscina. Liguei as luzes que iluminaram o interior da piscina. Devido à bebida que eu ingerir a noite, meu corpo estava quente e a água na minha frente era bem convidativa.

— Ben?

Ouvi sua voz se aproximando. Quando me viu sorriu.

— Não, Benjamim!

— Qual é Gabriel? — sorri para ele tirando a camisa — Vai dizer que cê não tá com vontade?

— Benjamim, Benjamim — sua voz saiu forte — Não me provoque!

— Mas eu não estou provocando — abri o zíper da minha calça — Mas eu acho um pecado ter uma piscina como essa, livre, sem ter ninguém usando, ainda mais numa noite quente como essa — abaixei a calça ficando só de cueca — Cê não concorda comigo? — tirei a calça por completa.

Joguei a calça junto com a camisa em cima da espreguiçadeira e corri me jogando dentro da água.

— Cê tá doido? — ele aproximou—se — Meus pais podem acordar!

— Como é? Gabriel Lavareda com medo de que os pais possam acordar? Não estou te reconhecendo!

— Nem eu ando mais me reconhecendo...

— Sem mimimi, Biel — joguei água com as mãos em cima dele — Se você não entrar eu vou saí e te empurrar aqui para dentro. À água tá tão boa, Biel...

— Se fosse só à água... — sua resposta saiu baixa.

— Eu ouvir isso — ri.

— Caralho, Benjamim — ele se levantou e passou a mão pela parte de trás da cabeça — Eu já volto!

Deu as costas para mim e foi em direção do interior da sua casa. Sorri e resolvi relaxar. Pensei como à vida é uma grande peça tragicômica. Deus deveria se divertir muito manipulando os nossos destinos sentando eu seu trono em algum lugar do céu. Meus devaneios foram quebrados devidos alguns barulhos vindos próximos à piscina. Olhei pra o meu lado e sorri, ele estava de sunga, com uma pequena caixa de som e um cooler. Colocou tudo no chão e sorriu para mim.

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