Capítulo 13

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Depois deu um passo atrás, e cobriu sua boca com a mão. O que fizera?
— Anahi?
Aquilo era loucura. O homem era um irresponsável, e ela caíra no jogo dele.
— Você é o tipo de homem... que beijaria uma mulher envolvida com outro homem. Não... gosto do modo como me faz sentir. Tento ser honesta, Alfonso, como espero que o homem com quem me encontro seja honesto comigo.
Ele não respondeu, apenas fitou-a.
— Talvez pense que esse meu modo de ver seja antiquado, Alfonso. Mas, acredite-me, é muito importante para mim. Adeus.
Anahi apanhou a bolsa e a câmera e saiu correndo para o ponto do ônibus.
Manuel. De repente o remorso apoderou-se dela. Passou pelo restaurante de sua preferência e comprou sopa de galinha. Rumou para a casa de Manuel. Ele adoraria a surpresa.

A casa de Manuel ficava a quarenta minutos de distância do ponto do ônibus, mas Anahi não se importou de andar. O tempo estava maravilhoso, embora quente, e Anahi tinha muito em que pensar. O interesse de Alfonso Herrera por ela era entusiasta mas passageiro, disso tinha certeza. Sentia que Alfonso a via apenas como uma conquista, um desafio. Manuel, ao contrário, namorava-a havia muitos meses já. E finalmente agora progrediam no que dizia respeito a um relacionamento físico desejável. Seria louca se prejudicasse aquele amor.
Seu primeiro pensamento ao deparar com a linda casa de dois andares foi de que nunca vira o jardim tão maltratado. O segundo pensamento foi que Manuel devia estar muito doente, pois ficara na cama enquanto a grama crescia desordenadamente, sem ser podada. Mas, ao ver os jornais no degrau da porta, alarmou-se. Isso significava que ele estava mais doente do que ela imaginara.
Tocou a campainha. Após alguns minutos sem resposta, tocou de novo, perplexa. Tirou então da bolsa a cópia da chave que Manuel lhe dera e destrancou a porta.
— Manuel? — chamou-o, do sopé das escadas. — Entrou na sala e chamou-o mais uma vez: — Manuel?
Preocupada agora, correu para o quarto. Não somente ele não estava na cama como também o enorme leito parecia não ter sido usado havia dias já.
Tudo em perfeita ordem. Nem sinal de doença como caixas de remédios ou lenços de papel. Como sempre, o ambiente tinha aspecto impecável.
Anahi verificou os outros quartos e desceu, mais uma vez chamando por ele. Verificou todas as salas do primeiro andar, depois foi ao porão que havia sido transformado em bar, e finalmente abriu a porta da garagem.
Sorriu então. Por que não fora lá antes de tudo? O carro preto havia desaparecido. Manuel provavelmente fora ao escritório ou talvez comprar algum remédio. Aliviada, mas desapontada por não encontrá-lo, achou um pedaço de papel e uma caneta e escreveu:

Manuel,
Trouxe uma sopa de galinha para você. Que pena não o ter achado.
Espero que isso signifique que você está melhor. Deixarei a sopa na geladeira.

Anahi mordeu o lábio, tentada a escrever algo mais provocante.
Respirou fundo. Depois de toda a experiência que passaram juntos, poderia ter mais paciência e esperar até a noite.

Telefone-me esta noite, se quiser um pouco de uma conversa agradável.
Espero vê-lo amanhã no casamento.

Ela colocou o bilhete em cima do aparador da sala, recolheu os jornais, saiu e trancou a porta. De volta ao ponto do ônibus lembrou-se do delicioso cachorro-quente que comera com Alfonso Herrera. Sentiu remorsos. Tudo sobre aquele homem era uma inconveniência.
O rosto de Alfonso continuava perseguindo-a enquanto ela procurava na loja um presente de casamento para Maite.
Entre uma infinidade de louças, cristais, espelhos, prata, Anahi escolheu um enorme prato de estanho. Lera em algum lugar que as pessoas sempre davam presentes que desejavam para si, o que era verdadeiro naquele caso, admitiu.
Ela enfiou a luva de banho para se ensaboar. E enxergou a mão de um homem... a mão de um amante... A mão de Alfonso. Resistiu ao puxão dele, ao sorriso, ao enorme corpo que parecia ter sido feito para atormentá-la. Ignorou os alarmes dados por seu cérebro. Talvez uma pequena fantasia a ajudasse a arrancá-lo de seus pensamentos. Alfonso lhe devia isso...
Anahi inclinou-se então e começou a ensaboar os pés em círculos.
Centímetro por centímetro esfregou os tornozelos, as pernas, as coxas, se perguntando se Alfonso tinha mão vagarosa ou se procuraria se apressar para lhe dar mais prazer.
Ele era tão terra a terra! Um homem definitivamente sintonizado com seu corpo. A boca... Que beijos maravilhosos, firmes, insistentes. Ela ergueu a cabeça e deixou que a água escorresse por sua boca. Retomou a massagem, metodicamente movimentando as mãos sobre as coxas, as nádegas, o ventre, fazendo círculos em volta do umbigo.
Ela fechou os olhos e imaginou-se representando um show só para ele.
Alfonso estava fora do boxe do chuveiro, de farda, com a entrada barrada, capaz de observá-la apenas pelo vidro embaçado. Com as luvas ela tocou os próprios seios, contornando-os, fazendo vagarosos e firmes círculos à volta.
Anahi sorriu, com poder feminino. Um homem tão grande, tão possante, tão maleável em suas mãos!
Ela gemeu e tirou as luvas. Depois ficou embaixo do chuveiro para remover toda a espuma bem devagar, e posicionando-se de sorte que pudesse dar a ele uma vista chocante das nádegas.
Ela fechou a torneira, saiu do boxe e enrolou-se na toalha bem devagar para prolongar a tortura de Alfonso. Mas quando ergueu a cabeça, ele havia desaparecido.
Mas seu corpo ainda tremia pelo estímulo, e os seios doíam. Ela caiu na cama, estendendo as pernas e braços.
Fechou os olhos a fim de impedir que a fantasia brincasse atrás deles. Alfonso Herrera estivera por tanto tempo nessas fantasias só porque ela o vira demais nos últimos dias. Apenas precisaria ver Manuel, nada mais. Precisava lembrar-se dos cabelos louros dele, da constituição esguia, das mãos delicadas e bem feitas.
Rolou na cama e olhou para o telefone.
Talvez Manuel houvesse lhe telefonado não tendo conseguido deixar recado na ridícula máquina.
Seu ventre tremia de desejo. Seria telefonar ou voar sozinha com o beijo de Alfonso Herrera em sua imaginação. Ela pegou o fone.

Muito quente para dormir AyA - ADP (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora