Olá olá olá! Gente como falei, reta final! Estamos no capítulo 24 e a história tem 26 😁 aproveitem o restinho dessa história pq estou preparando uma nova!
—————————Alfonso parou à porta do hospital e esfregou os olhos congestionados. Não dormira um minuto na noite anterior, preocupado com Anahi, remoendo a tristeza e o remorso pelo que fizera.
Misturadas ao desespero havia, naturalmente, mais imagens positivas do que negativas. Anahi no shopping center, corando ao encontrá-lo, carregada de sacolas. Anahi tirando seu sangue, depois insistindo com ele para que convencesse os rapazes da polícia à doação de sangue para uma boa causa. O beijo dela no parque, um beijo delicioso como o ar fresco. Anahi correndo no estacionamento da igreja, com aquele vestido azul, transparente. Depois sentada no chão de seu apartamento, brincando com Crash. No arrebatamento do amor no quartinho escuro. Enfim, na luz que ele enxergara naqueles olhos azuis quando ela fora ao Departamento de Polícia na esperança de decifrar o enigma do homem que recebera seus telefonemas, jamais imaginando ser ele o culpado. Acreditara-o um super-herói.
Não conseguira dormir, apesar de o ar-condicionado estar funcionando regularmente. Não podia, portanto, culpar a temperatura. Mas descobrira que o fogo do remorso podia ser tão quente quanto o sol do meio-dia, no verão.
Alfonso respirou fundo para adquirir coragem. Tinha de vê-la de novo. E, embora soubesse o endereço dela, não teve coragem de ir ao apartamento.
Anahi devia estar furiosa. E o fato de Manuel Velasco não ter entrado em contato com ele por certo significava que Anahi não lhe contara a verdade, o que o fazia sentir-se ainda pior.
As portas automáticas do hospital se abriram de par-a-par e ele entrou, percorrendo a área com o olhar à procura de Anahi. Seu coração batia com força desusada.
— Em que posso ajudá-lo, oficial? — uma recepcionista lhe perguntou.
— A enfermeira Anahi Portilla está trabalhando hoje?
A moça apontou uma pessoa bem atrás dele.
Alfonso virou-se e deparou com Anahi fitando-o, atônita. Ao vê-la com expressão triste, ele quase partiu ao meio o boné que segurava nas mãos. Deu um passo à frente e parou.
— Anahi...
— Por que está aqui?
— Vim para tirar minha pressão sangüínea. Conforme você me recomendou.
— Qualquer enfermeira pode fazer isso.
— Por favor...
Anahi umedeceu os lábios e depois disse à recepcionista:
— Wendy, estarei na sala de exame número três.
Alfonso seguiu-a. E lembrou-se de uma vez quando ele e Klone entraram num prédio de apartamentos onde um homem armado se escondera após o assalto de um banco. Por que será que ele estava mais assustado agora do que naquela ocasião? E por que a imagem do rosto de Anahi banhado em lágrimas na janela do ônibus o ferira mais do que a bala que recebera no ombro ao prender o ladrão?
— Sente-se — ela disse, apontando para uma cadeira esterilizada.
Alfonso reconheceu a sala, a mesma onde Crash fora atendido. Ele fechou a porta e sentou-se.
— Anahi...
— Seu braço, por favor — ela disse, segurando na mão o medidor de pressão.
Ele ergueu o braço para que a faixa flexível pudesse ser colocada. Mas Anahi recusou encará-lo enquanto apertava o bulbo plástico que forçava o ar para dentro da faixa. Quando a pressão começou a causar dor, ela soltou o ar, observando a agulha.
— Está ainda um pouco alta, mas dentro da normalidade para um homem de seu tamanho. — Ela retirou a faixa.
— Anahi. — Alfonso segurou-lhe o pulso com delicadeza. Ela fitou-o, os olhos úmidos, depois puxou o braço.
— Vá embora — ordenou. Alfonso levantou-se devagar.
— Só queria lhe dizer que sinto muito o que houve.
— Já disse isso na mensagem do telefone.
— Mas queria dizer pessoalmente.
— Achei que a falta de resposta minha tornaria bem claro que eu não queria lhe falar. Mas, talvez você seja de tipo de homem que precisa ser atingido por uma tonelada de tijolos para receber qualquer mensagem.
Essas palavras atingiram Alfonso como se fossem a faca do homem que perturbara o casamento de Maite. Anahi tinha razão. Ele não era nada melhor do que o obcecado rapaz que recebera um "não" como resposta.
Alfonso parou, mais certo do que nunca de que amava Anahi.
— Não me faça chamar o segurança — ela sussurrou, apoiando-se na mesa de exame. Uma lágrima solitária viajava por seu rosto.
Alfonso nunca se sentira tão impotente em toda sua vida. Sentia-se como o maior idiota de toda Birmingham, talvez de todo o sudoeste dos Estados Unidos. Uma mulher como Anahi Portilla aparece uma vez na existência de qualquer homem. Que ironia ele ter passado quase toda sua vida adulta tentando evitar um relacionamento fixo, e justo quando pensava na possibilidade de talvez se unir a uma mulher, deixara-a escapar. Não, ele empurrara-a para longe com seus jogos desonestos. Não a culpava por odiá-lo.
Saiu da sala o mais depressa que suas longas pernas permitiram. Quis ficar longe de Anahi, para não lhe fazer mais nenhum mal. Uma coisa sabia muito bem: ela fora a lição mais dura que já aprendera.
Alfonso colocou o boné na cabeça. Já estava perto da porta quando alguém o chamou:
— Oficial Herrera!
Alfonso virou-se e deparou com uma expressão simpática.
— Alô, dr. Story. Prazer em vê-lo de novo.
— Eu apenas queria informá-lo de que, após nossa conversa de sábado pela manhã, decidi cancelar a reprimenda da enfermeira Anahi Portilla.
— Obrigado — respondeu Alfonso, aliviado por essa fração de boa notícia.
— Depois de sua explicação, concluí que ela fizera o melhor para resolver a situação.
Mas Alfonso reconhecia que, como sempre, forçara tudo sem se importar em prejudicar o emprego de outra pessoa. Em que egoísta se transformara! Nunca se abrindo para ninguém, nunca considerando como seus atos poderiam afetar o próximo, nunca pondo as próprias emoções em segundo plano.
— Minha esposa é a responsável pelo banco de sangue — o dr. Story continuou. — Soube que o senhor conseguiu que seus colegas aumentassem nossas reservas. Nós lhe devemos isso, oficial Herrera. Se houver qualquer coisa que eu possa lhe fazer, por favor, peça-me.
Alfonso lembrou-se de repente de Anahi. Sorrindo para o médico, ele disse:
— Na verdade, doutor, o que o senhor podia fazer por mim, já fez, perdoando Anahi. A culpa do que aconteceu com o cachorro foi exclusivamente minha.Anahi debruçava-se na mesa de exame, tentando se recuperar.
— Ei, você está bem?
Ela levantou a cabeça e viu Dulce espiando na sala.
— O que você está fazendo aqui? — Anahi perguntou.
— Tenho um intervalo agora e achei que você poderia ter um também.
— Ok. — E as duas amigas foram para a lanchonete do hospital.
— Bem, imaginei que você ficaria feliz em saber que acabei de dizer ao dr. Baxter que meu nome não é Bel.
— Que bom. E o que foi que ele disse?
— Que o único meio de se lembrar do nome Dulce era pensar num prato italiano. O rigatoni. Oh, e vamos jantar juntos qualquer dia.
Apesar de seus recentes desastres, Anahi ficou feliz pela amiga.
— Eu sabia que você conseguiria seu homem, Dulce.
— Ok, Anahi. Mas, o que há com você?
— Alfonso esteve aqui.
— Não brinque! O que ele disse?
— Sempre a mesma coisa. Que estava muito arrependido.
— Talvez esteja.
— Bem, mas isso não é suficiente.
— Anahi, o que você quer que ele diga?
— Nada. Quero que fique longe de mim.
— Tem certeza de que é isso que você quer?
— Depois do que ele fez? É.
— Não estou querendo tomar o partido de Alfonso, Anahi, mas qualquer pessoa erra.
— Dulce, mas a um erro seguem-se sempre outros erros. O homem tem um caráter fundamentalmente imperfeito, é um egocêntrico que não se importa com os outros. É claro que não se importa comigo. — Os olhos de Anahi encheram-se de lágrimas.
Naquele instante, o interfone tocou. Dulce atendeu. Era o dr. Story que desejava falar com Anahi.
— Por favor, passe aqui a fim de receber uma importante comunicação.
Só então Anahi se lembrou. Ela se esquecera de apanhar uma cópia de sua reprimenda oficial, sobre o caso do cachorro.
— Anahi, agora é Alfonso — disse Dulce, logo após retomar o aparelho das mãos de Anahi.
— Eu te amo — ele disse, com voz forte e ressonante. — Não espero que mude de idéia, mas só queria que soubesse.
Anahi ouviu aplausos no corredor e várias pessoas apareceram na lanchonete, com o polegar para cima.
— O que você vai fazer? — Dulce lhe perguntou.
— Garanto que ele não foi sincero nessa declaração de amor.
— Está louca? O homem lhe disse que a ama, pelo interfone, por Deus!
— Ele está tentando acalmar a própria consciência. Homens como Alfonso Herrera dizem qualquer coisa quando acuados. — Ela vira seu pai fazer isso muitas vezes. E preferia viver só a se submeter a um homem desse tipo.
— Vai simplesmente ignorá-lo?
— Isso mesmo. Vou simplesmente ignorá-lo.
"Ao menos tentarei", pensou.
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Muito quente para dormir AyA - ADP (Finalizada)
RomanceQuente demais... O calor excessivo não deixava Anahi Portilla dormir. Entediada com sua vida amorosa insípida, ela decide fazer uma brincadeira com o namorado: flertar pelo telefone... e algo mais! Sua ousada experiência é um sucesso. Só que Anahi...