CAPÍTULO TRÊS
A G N E S • H E R N A N D É Z
Meu teto está cheio de buracos. Minha alma está cheia de goteiras. Chove lá fora, e aqui dentro também.
Era uma manhã fria quando eu acordei, em um quarto completamente branco, parecia até que estava em um hospício.
Sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo quando os meus pés entram em contato com o chão gelado. Procuro algo para colocar e encontro uma meia, sem pensar duas vezes eu a calço.
Corro até a porta de metal e percebo que está trancada, merda. Penso no que fazer, mas não havia nada, pelo que conheço dessas portas só é possível abri-las do lado de fora.
- Olá Agnes - a mesma voz robótica de ontem fala, mas dessa vez eu não sei da onde ela sai.
- Muito prazer, sou a Sra. Fiore sua responsável a partir de agora. Daqui a 5 minutos a porta será destravada, peço encarecidamente que não saia correndo, tem guardas por toda as partes e eles não são bonzinhos - ela termina e eu fico procurando de onde estava vindo o som.
Escuto um click e vejo a porta sendo aberta, a mesma mulher que colocou o pano em meu nariz pra eu poder desmaiar entra junto de uma enfermeira.
- Agnes Hernández, 17 anos, italiana, filha de - a enfermeira que estava com uma prancheta na mão lendo, faz uma pausa e olha pra mulher com uma cara assustada - Sr. Conte - nessa hora as duas olham pra mim e negam com a cabeça.
- Leve-a para o quarto 203, não diga nada além do necessário por favor - a mulher fala depois de um longo período de tempo em silêncio.
- Sim, senhora Valquiria - a enfermeira me olha e eu entendo que tenho que segui-lá.
De lá de dentro não dava pra ver, mas caia um temporal do lado de fora. A enfermeira caminhava tão silenciosa como se estivesse se escondendo de alguém, fiquei todo o caminho a observando, ela não queria estar aqui e tinha muito medo, só não sei do que.
- Onde estamos? - pergunto assim que entramos em um elevador.
- Na Frorbella Bradstreet, a mansão do Sr. e da Sra. Fiore, onde funciona um Centro de Recuperação para jovens - ela aperta no botão com o número 5 - A mansão é bastante conhecida, achei que você já tivesse ouvido falar.
- Talvez - estava com dificuldades em me lembrar de coisas que ouvi enquanto estive na clínica, lá o sistema era militar e tínhamos até tratamento de choque.
- Espero que se adapte - ela diz enquanto abre a porta do que seria o meu quarto eu acho.
Me surpreendi quando adentrei o local, era todo branco como eu já imaginava, tinha uma cama de casal com uma colcha e travesseiros vermelhos, eu amo vermelho, a cor do sangue. Uma escrivaninha em um canto afastado da parede, um guarda-roupa branco e um sofá-cama preto.
- Tem tudo que você precisa saber sobre sua rotina e as atividades naquela mala - ela aponta pra uma mala preta que estava do lado da cama.
- Espera, o que eu faço agora? - corro até ela que tinha aberto a porta.
- Sei lá, vai dormir, ler, tomar um banho - ela volta pra dentro do quarto e abre a porta do banheiro que eu nem tinha reparado porque é branca igual à parede - Você só começa amanhã mesmo.
- Entendi - murmuro sentando na cama.
- Bom, o meu nome é Micheline e eu sou tua tutora, caso precise entrar em contato comigo tem um celular na mala - assinto com a cabeça e ela sai do quarto me deixando com milhares de dúvidas.
Puxo a mala pra cima da cama e abro com bastante curiosidade, tinha uma pasta com uns papéis dentro, um celular que eu não reconheci o modelo, um notebook e uma sacola com roupas.
Abro a pasta com os papéis e reparo ser meus documentos, tinha várias cópias de coisas que eu queria me esquecer, mas que o meu pai nunca permitiria.
Depois ligo o celular e não tinha chip, fico me perguntando como eu iria ligar pra Micheline se caso precisasse dela. Bom, deve ter um Wi-Fi aqui ou sei lá.
Tiro as roupas da sacola e reparo ser vários modelos de uniforme, faço uma careta e os guardo, odeio uniformes, espero não ser obrigada a usar.
Por fim abro o notebook, pedia uma senha e vejo que tinha um papel dentro da mala com a mesma. Começo a entrar nos arquivos e tinha várias pastas explicando sobre o que era a mansão, como funcionava, o papel dela na sociedade, tinha depoimentos de pessoas que passaram por aqui também e que hoje são cidadãos normais, etc.
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HELP-ME
Teen FictionAgnes Hernández é uma garota comum. Até uma "simples brincadeirinha inocente" mudar tudo... Após um incêndio duvidoso na clínica psiquiátrica onde esteve por 2 longos anos, Agnes se vê livre de voltar para o inferno, porém, seu pai não está dispost...